Só futebol feminino contraria lógica em dia de pedreiras para o Brasil
Do UOL, em Paris
06/08/2024 19h11
A seleção feminina de futebol é responsável por uma das maiores vitórias coletivas do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris até o momento. Depois de 16 anos, as mulheres estão de volta à final olímpica.
E a assertividade com a qual este texto começa se dá pela vitória por 4 a 2 sobre a Espanha, atual campeã do mundo. Um feito de um time que sofreu muito durante a primeira fase, perdeu Marta por causa de uma suspensão e deu um jeito de assegurar uma medalha olímpica novamente.
O futebol feminino do Brasil não ia ao pódio olímpico desde Pequim 2008, justamente quando conquistou a prata mais recente
E, em Paris, foi a grande notícia desta terça-feira (6), em um dia no qual o Brasil perdeu para outros times gigantes em diferentes modalidades: os Estados Unidos no basquete masculino e a Noruega no handebol feminino. Todos nas quartas de final. Até a dupla Evandro/Arthur foi eliminada nessa mesma fase para os suecos número 1 do mundo no vôlei de praia. No vôlei feminino, a vitória sobre a República Dominicana nas quartas de final já era esperada.
O bronze por equipes da ginástica feminina, falando de história olímpica, é um feito maior. A ginástica é uma das modalidades nobres dos Jogos e entrar no grupo de três melhores era algo impensável. Enquanto isso, o futebol parece ser um esporte-alienígina nas Olimpíadas e o Brasil já foi ouro (no masculino), prata (no masculino e feminino) e bronze (no masculino e feminino).
Mas um pódio para essa seleção era, convenhamos, muito mais improvável do que o brilho de Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira, Flávia Saraiva e Júlia Soares. A mudança de desempenho e resultado dentro dos Jogos Olímpicos já é chamativa.
A mudança de chave
Nem parece aquele time que sofreu para ganhar da Nigéria (1 a 0), perdeu de virada de forma constrangedora para o Japão, no instante final (2 a 1) e depois se viu sem forças contra a própria Espanha (2 a 0), no jogo em que Marta foi expulsa ainda nos minutos finais do primeiro tempo.
Mas esse Brasil virou a chave (e a zebra) dos Jogos Olímpicos quando tirou a França nas quartas de final. Sofreu, mais passou.
E agora, conseguiu uma vitória épica e histórica contra as campeãs do mundo. O placar de 4 a 2 até foi pouco. A verdade é essa.
A cena marcante veio cedo, com a atacante Priscila gritando na cara da goleira espanhola, depois de uma trapalhada que resultou num gol contra bizarro.
Marta volta?
Marta viu tudo do lado de fora e a emoção dela se justifica. A entrega coletiva tem sido memorável. A goleira Lorena virou uma gigante. E, especialmente contra a Espanha, a estratégia do técnico Arthur Elias foi perfeita.
Para ganhar o ouro, mais uma vez o Brasil precisará subverter a lógica, já que os Estados Unidos virão pela frente.
Marta estará de volta? Juridicamente, ela está liberada. Cumpriu os dois jogos de gancho e ganhou uma final olímpica como prêmio para se despedir da seleção. Elas jogaram por ela. Elas jogaram por nós, também.