Só futebol feminino contraria lógica em dia de pedreiras para o Brasil

A seleção feminina de futebol é responsável por uma das maiores vitórias coletivas do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris até o momento. Depois de 16 anos, as mulheres estão de volta à final olímpica.

E a assertividade com a qual este texto começa se dá pela vitória por 4 a 2 sobre a Espanha, atual campeã do mundo. Um feito de um time que sofreu muito durante a primeira fase, perdeu Marta por causa de uma suspensão e deu um jeito de assegurar uma medalha olímpica novamente.

O futebol feminino do Brasil não ia ao pódio olímpico desde Pequim 2008, justamente quando conquistou a prata mais recente

E, em Paris, foi a grande notícia desta terça-feira (6), em um dia no qual o Brasil perdeu para outros times gigantes em diferentes modalidades: os Estados Unidos no basquete masculino e a Noruega no handebol feminino. Todos nas quartas de final. Até a dupla Evandro/Arthur foi eliminada nessa mesma fase para os suecos número 1 do mundo no vôlei de praia. No vôlei feminino, a vitória sobre a República Dominicana nas quartas de final já era esperada.

O bronze por equipes da ginástica feminina, falando de história olímpica, é um feito maior. A ginástica é uma das modalidades nobres dos Jogos e entrar no grupo de três melhores era algo impensável. Enquanto isso, o futebol parece ser um esporte-alienígina nas Olimpíadas e o Brasil já foi ouro (no masculino), prata (no masculino e feminino) e bronze (no masculino e feminino).

Mas um pódio para essa seleção era, convenhamos, muito mais improvável do que o brilho de Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira, Flávia Saraiva e Júlia Soares. A mudança de desempenho e resultado dentro dos Jogos Olímpicos já é chamativa.

Jogadoras do Brasil celebram gol sobre a Espanha em duelo do futebol feminino nas Olimpíadas
Jogadoras do Brasil celebram gol sobre a Espanha em duelo do futebol feminino nas Olimpíadas Imagem: REUTERS/Andrew Boyers

A mudança de chave

Nem parece aquele time que sofreu para ganhar da Nigéria (1 a 0), perdeu de virada de forma constrangedora para o Japão, no instante final (2 a 1) e depois se viu sem forças contra a própria Espanha (2 a 0), no jogo em que Marta foi expulsa ainda nos minutos finais do primeiro tempo.

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Mas esse Brasil virou a chave (e a zebra) dos Jogos Olímpicos quando tirou a França nas quartas de final. Sofreu, mais passou.

E agora, conseguiu uma vitória épica e histórica contra as campeãs do mundo. O placar de 4 a 2 até foi pouco. A verdade é essa.

A cena marcante veio cedo, com a atacante Priscila gritando na cara da goleira espanhola, depois de uma trapalhada que resultou num gol contra bizarro.

Priscila, do Brasil, comemora diante da goleira Cata Coll, da Espanha, durante jogo do futebol feminino nas Olimpíadas
Priscila, do Brasil, comemora diante da goleira Cata Coll, da Espanha, durante jogo do futebol feminino nas Olimpíadas Imagem: Alex Livesey/Getty Images

Marta volta?

Marta viu tudo do lado de fora e a emoção dela se justifica. A entrega coletiva tem sido memorável. A goleira Lorena virou uma gigante. E, especialmente contra a Espanha, a estratégia do técnico Arthur Elias foi perfeita.

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Para ganhar o ouro, mais uma vez o Brasil precisará subverter a lógica, já que os Estados Unidos virão pela frente.

Marta estará de volta? Juridicamente, ela está liberada. Cumpriu os dois jogos de gancho e ganhou uma final olímpica como prêmio para se despedir da seleção. Elas jogaram por ela. Elas jogaram por nós, também.

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