Superliga fraca vira gargalo e, Europa, a saída para a seleção masculina

Ou a Superliga masculina do Brasil se fortalece, o que depende muito de investimentos privados, ou os melhores do país terão que se mudar para a Europa em busca de recolocar a seleção nos eixos.

É essa a análise tanto do técnico da equipe Bernardinho, quanto do capitão, Bruninho, que para a próxima temporada faz o caminho contrário: trocou a Itália, onde jogava no Modena, pelo Vôlei Renata, de Campinas. Mas, aos 38 anos, ele já sugou tudo que podia sugar do vôlei europeu.

No entender dele, os garotos das novas gerações precisam também experimentar isso. Bruninho usa as melhores equipes do mundo na atualidade como exemplo. "A gente tem que entender que os outros países estão crescendo. Na Itália, todos os caras jogam no campeonato lá. O campeonato polonês é um campeonato muito forte hoje, e a França já tem um campeonato melhor."

Do time que veio a Paris, oito jogaram a última temporada no exterior: Bruno, Cachopa, Lucarelli e Flávio na Itália, Leal na Rússia, Thalles na Polônia, e Alan no Japão. Darlan, Lukas Bergmann, Isac e Honorato atuam no Brasil e, dos quatro, só o primeiro foi bastante utilizado.

"Talvez falte também um pouco de mais desses jogadores estarem fora do país para terem esse tipo de confronto, que falta na nossa Superliga, tanto masculina quanto a feminina, que eu trabalho. As nossas jogadoras estão fora. A Rosamaria cresceu muito, despontou no Brasil e foi dominar o mundo. Hoje, é uma referência", comparou.

Bernardinho citou o passado: lembrou que, quando a geração campeã olímpica voltou ao país após 1992, em um processo de repatriamento para fortalecer o campeonato nacional, os resultados pioraram.

"Aí, em 2004, 2005, todos os jogadores começaram a ir jogar fora, brigar lá fora. E às vezes nem conquistando muita coisa lá fora, mas brigando lá. Não estou dizendo que tem que fazer isso, mas é uma das formas, jogar lá. Se não, nós mesmos, como seleção, temos que estar mais lá fora, nossa base estar mais lá fora também. E a confederação está criando condições para que isso aconteça", comentou Bernardinho.

Este ano, foi reativada a seleção de jovens, uma espécie de equipe de aspirantes do Brasil. Enquanto os melhores estavam se preparando e jogando a Olimpíada, esse "time B" fazia amistosos na América do Sul e na Europa e jogava uma competição na Ásia, dando rodagem a nomes que devem estar na seleção no próximo ciclo.

Até porque os Jogos de Paris devem marcar a despedida do que restou da geração ouro na Rio-2016. Bruninho e Lucão deixaram a Olimpíada falando em tom de despedida.

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"São anos 19 anos, oito anos sem participar de um aniversário do meu filho, sem estar presente em casa. Tem uma geração nova chegando com força e chegando bem, que vai ter que ralar bastante vai ter que trabalhar porque eles pegaram o voleibol no maior nível de todos os tempos de igualdade", projetou Lucão.

"Eu dei tudo que eu podia, talvez agora não era mais suficiente para chegar a uma medalha. Eu sei o quanto eu trabalhei no meu dia a dia o quanto me sacrifiquei durante todos esses anos. Três medalhas olímpicas, quatro medalhas em Mundial, ganhei tudo com a seleção, tudo com os clubes, não tenho muito do que reclamar, mas claro que queria sair com mais uma medalha", avaliou Bruninho.

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