Avançar nos 200m foi fácil; para Gallina, difícil é pedir foto com ídolos

Quem vê Renan Gallina todo desenvolto e empolgado nas entrevistas após as competições não imagina que ele é tímido. Único do Brasil a alcançar uma vaga na semifinal de uma prova de velocidade nas Olimpíadas de Paris, o brasileiro contou ao UOL que está com vergonha de se aproximar dos ídolos.

Apesar de toda essa tranquilidade aparente, sou um pouquinho tímido. Eu tenho dificuldade para chegar nas pessoas lá na Vila para tirar foto. Fico um pouquinho inseguro de ir lá pedir foto.Mas eu fico muito feliz de poder estar aqui e viver esse momento.
Renan Gallina.

E ele não está falando de atletas como Noah Lyles, o norte-americano que conquistou os 100m rasos e também está na semi dos 200m. Gallina mencionou seus ídolos do Brasil, como o arqueiro Marcus Vinícius D'Almeida, que são naturalmente mais acessíveis do que os grandes nomes de outros países.

Em sua primeira participação em Jogos Olímpicos, Renan Gallina conseguiu a vaga nas semifinais dos 200m rasos ao fazer o terceiro tempo de sua eliminatória: 20s41. O jovem de 20 anos ficou feliz com seu desempenho e acredita na possibilidade de garantir um lugar na grande decisão por medalha, mas tem os pés do chão. Ele volta à pista na quarta-feira.

A partir de agora é me divertir. Eu conquistei um bom resultado já, apesar de não ter um bom trajeto ainda pra competir e tudo mais, mas eu já me sinto vitorioso por estar aqui, avançar de fase. São 24 agora, então já tô top 24. Então pra mim isso já é um grande resultado.
Renan Gallina

Ruim de bola

Renan Gallina ganhou a luz dos holofotes no ano passado ao correr os 100m rasos em 10s01 em junho, antes de ser superado por Erik Cardoso (9s97) e pelo atual recordista brasileiro Felipe Bardi (9s96). Nunca um brasileiro havia corrido a distância em menos de 10s. Em Paris, ele está focado nos 200m, especialidade em que já fez 20s12.

No Pan de Santiago, o velocista superou o jejum de 24 anos sem vitória brasileira nos 200m rasos em Jogos Pan-Americanos. Ele levou o ouro ao completar a prova em 20s37, superando o dominicano José González, que foi prata com 20s56. A última conquista tinha sido em Winnipeg-99, com Claudinei Quirino.

Renan faz sucesso nas pistas, mas o atletismo não foi seu primeiro amor. O velocista jogava futebol de salão quando pequeno, mas a mãe Juliana já revelou à reportagem que o filho não era aquele primor com a bola. Desde pequenininho, o jovem adorava 'sair correndo'. Juntou-se, então, a fome e a vontade de comer e ele foi para o atletismo até chegar em Paris e, de cara, conseguir uma vaga entre os 25 melhores do mundo.

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Chegar onde ele está, em sua primeira edição de Olimpíadas, não é para qualquer um. Renan vive o sonho ao conviver com ídolos na Vila dos Atletas, mas sempre procura manter a concentração.

A experiência é muito legal. Todo mundo se acolhe, todo mundo conversa. Você vê os seus ídolos ali, presentes, você convive com eles. É muito interessante notar quem é quem, como cada um funciona. Muitas vezes você acha que uma pessoa pode ser de um jeito e ela de outro e me surpreende. É bem gratificante e é uma emoção grande pra gente. Além de tudo, ver todo esse estádio aqui com 80 mil pessoas é bizarro, é absurdo, eu fico abismado com tudo isso. Mas não me deixei abalar por isso e conquistei essa minha vaga pra semifinal.

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