Aplausos e lágrimas: Brasil compete com atleta machucada na ginástica

Quando a apresentação do Brasil nas fitas e bolas da ginástica rítmica terminou, as atletas caíram no choro. O aplauso na arena foi geral quando o público percebeu um detalhe: uma das brasileiras foi obrigada a competir machucada.

Victória Borges sentiu uma lesão muscular na panturrilha minutos antes da segunda rotação do conjunto verde-amarelo nas classificatórias. A lesão tornava impossível andar normalmente, maas ela enfrentou a dor. O Brasil, porém, teve de fazer uma apresentação mais simples.

Ao descer do tablado, Victória foi carregada, chorando muito, pela técnica brasileira.

A gente conseguiu realizar o nosso sonho, sabe? Agora, a gente só quer que ela fique bem, antes de qualquer resultado. Porque a gente sabe que a gente vai recuperar. Todo atleta está sujeito a isso, até mesmo na competição da vida. É um misto de sentimentos, mas o que prevalece é o orgulho, porque a gente deu o nosso máximo. Duda Arakaki, ao UOL

O que aconteceu

Victória Borges lesionou a panturrilha da perna esquerda dez minutos antes do início da segunda rotação. Ela entrou no tablado mancando e demonstrou dificuldade para completar os movimentos, precisando improvisar, sem subir na ponta dos pés.

A ginasta se apresentou no sacrifício, fazendo a coreografia praticamente sem sair do solo. Com os movimentos limitados, sua performance foi afetada, o que acabou afetando a nota do conjunto.

Victoria Borges foi aos prantos após a apresentação da ginástica rítmica nas Olimpíadas de Paris
Victoria Borges foi aos prantos após a apresentação da ginástica rítmica nas Olimpíadas de Paris Imagem: Reprodução/Globoplay

A atleta não segurou a emoção ao fim da apresentação. Ela levou as mãos aos rosto, chorou copiosamente no tablado, e rapidamente foi consolada pelas companheiras e pela comissão técnica.

Continua após a publicidade

Victória precisou ser carregada no colo pela técnica da seleção de conjunto, Camila Ferezin. Ela foi encaminhada para o centro médico da Arena La Chapelle.

O Brasil recebeu 24.950 na segunda rotação, caindo bastante a nota geral, e bateu na trave. Na primeira rotação, com arcos, a pontuação do conjunto brasileiro foi de 35.950, recebendo a quarta maior, mas somou 60.900 e terminou em nono. Apenas os oito primeiros grupos no combinado avançam para a final por equipes.

A última vez que o país esteve na decisão por medalhas foi há 20 anos, em Atenas-2004. A expectativa para o conjunto chegar na briga por medalhas era alta nesta Olimpíadas após um ciclo vencedor e cheio de recordes superados pelas ginastas brasileiras.

O conjunto tem ginastas reservas, mas só poderia substituir alguma atleta antes de começar a competição. A partir do momento que as cinco atletas entraram no tablado, não é permitido mais fazer alguma mudança para as fases seguintes.

A ginasta Duda Arakaki comentou a lesão da companheira de equipe. Ela contou que Victória quis competir mesmo lesionada e que o conjunto brasileiro se despede com um "misto de sentimentos": de um lado o orgulho, do outro a tristeza pela vaga na final ter ficado tão próxima.

No aquecimento, dez minutos antes de entrar na quadra, a Victória sentiu a panturrilha. Nosso médico estava lá com a gente, a Camila e o Bruno [médico] lidaram da melhor maneira possível. Ela foi atendida, fizeram uma bandagem e ela quis tentar competir. A gente conseguiu fazer uma série muito bonita, mas ela não deu o máximo dela, só que ela não tinha condições ainda de fazer as dificuldades corporais. Ela precisou marcar, por isso que a nota não subiu tanto. Duda Arakaki, ao UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes