Isaquias exalta prata em Paris após 'problemas mentais, pessoais e físicos'

Isaquias comemorou a prata com "gostinho de ouro" no C1 1000m nas Olimpíadas de Paris. Ele virou o segundo maior medalhista olímpico da história do Brasil e se reergueu após resultados frustrantes no ano passado.

Sensação de alivio, felicidade. 2023 não foi um ano fácil para mim, minha esposa, meus filhos, minha família me ajudou bastante. 2023 foi um ano que me mostrou o que não é ser um super-atleta, e sim um ser humano com problemas mentais, pessoais, físicos também. Tive a possibilidade de sentir essa sensação, de remontar em cima da minha carreira, da minha vida. Chegar aqui e, para mim, ser campeão olímpico. Isaquias Queiroz, à TV Globo

Peso tirado das costas: "Foi um ano difícil, Lauro teve que se virar para me fazer andar. Tive que correr muito para chegar em forma até aqui. Não é fácil ficar fora do pódio no C2, fiquei muito triste pelo meu parceiro. É um peso que tirei nas minhas costas, muitos não acreditaram em mim em 2023, chegar aqui e ser prata, porta-bandeira, representar a Bahia e o Brasil aqui em Paris é uma felicidade incrível".

Arrancada final: "A gente fica triste quando perde, mas acima de tudo tem que ter respeito, admiração também. Tem que aprender a aceitar quando perde porque quando alguém ganhou de você, não é porque você foi ruim, é porque foi melhor. Fuksas vem de grande temporada, dei uma subida no final. Lembrei do que me falaram: 'Isaquias, você é quem tem a melhor subida no final.' Fiquei com medo da onda do Fuksa me pegar".

Pedido do filho: "No finalzinho lembrei que o Sebastian queria medalha de ouro. Ouro não vai dar, mas a prova que fiz é merecimento de medalha de ouro. Fico feliz de chegar no pódio, dar a prata pros meus filhos. Presente que dou a todos. Muito obrigado a todos".

Importância da medalha: "Saí de uma modalidade pequena, hoje o Brasil inteiro sabe o tamanho da canoagem. A gente precisa mostrar resultado para quem acredita e investe, tinha que sair daqui com medalha para ajudar o Time Brasil".

A conquista da prata

Isaquias fez o percurso em 3min44s33, terminando na segunda posição mais alta do pódio. Fez tempo de recorde olímpico, mas ficou 1s17 atrás do atual campeão mundial, que estabeleceu a nova marca.

O tcheco Martin Fuksa ficou com o ouro, com 3min43s16 — ele é o atual detentor das melhores marcas olímpica e mundial. O bronze foi para Serghei Tarnovschi, da Moldávia, com 3min44s68.

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Medalhista de ouro em Tóquio, o baiano de 30 anos teve uma recuperação excepcional e passou três adversários na reta final; não repetiu o ouro, mas conquistou uma prata histórica. O brasileiro largou forte, mas viu os líderes se distanciarem e passou os primeiros 250 metros em quarto. Isaquias ficou distante da liderança na marca seguinte e perigou ficar fora do pódio. Foi para a reta final em quinto, mas tirou forças do âmago e conquistou a prata deixando três rivais para trás.

Ele voltou ao pódio após ter lidado com a frustração de um 2023 com resultados abaixo do esperado. Isaquias terminou um Mundial sem medalha pela 1ª vez em 10 anos e precisou recalcular a rota. Conseguiu.

O brasileiro foi para as Olimpíadas "apenas" como o 11º no ranking mundial. Se tivessem mais 100m, poderia terminar em primeiro graças à sua arrancada inigualável, mas Isaquias está mais do que satisfeito com a prata. Maior nome da canoagem brasileira, ele se reergueu e volta de Paris com um legado ainda maior.

Com a conquista, Isaquias igualou os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt, ambos com cinco medalhas olímpicas. Agora, fica atrás apenas de Rebeca Andrade, disparada na liderança, com seis.

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