VAR do taekwondo vira atração com 'cartão de visitas', suspense e polêmicas
Do UOL, em Paris
09/08/2024 13h13
Nem só de chutes na cabeça, giros e socos vive o taekwondo nos Jogos Olímpicos de Paris. Uma das grandes atrações para o público — seja em casa ou no Grand Palais, casa do esporte nos jogos — é o sistema de vídeo arbitragem da modalidade.
O VAR estreou no taekwondo nos Jogos Olímpicos de Tóquio, há três anos; mas, sem público na arena, passou batido. Em Paris, ele se tornou parte do espetáculo.
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A regra é clara: cada técnico tem direito a um pedido por combate. Se o pedido for analisado e a mesa de juízes de vídeo considerar procedente, o treinador continua com direito a usá-lo; se as imagens mostrarem que o pedido foi errado, o VAR não pode ser usado de novo.
Só que é no procedimento que o VAR do taekwondo ganha a galera: os pedidos funcionam com "cartões de visita" nas cores azul e vermelha — dependendo da cor do colete dos lutadores. Quando a comissão técnica pretende acionar uma revisão, o treinador entrega o cartão ao árbitro central.
O juiz posiciona o cartão à frente do rosto com a mão direita e coloca a mão esquerda à frente do olho esquerdo. É o código para que a revisão comece. O momento vem acompanhado de música de suspense e imagens no telão.
O público do ginásio vê exatamente o mesmo que a arbitragem. As mudanças de câmera, os movimentos de zoom, as repetições… tudo está lá. Os torcedores vibram, reclamam, torcem para a imagem comprovar (ou não) os pontos de seus atletas favoritos.
Aí, vem outro procedimento curioso: se o VAR confirmar que o treinador estava certo, o árbitro central devolve o cartão a ele. Se a comissão técnica estiver errada, o juiz coloca o cartão no bolso.
"Às vezes a gente usa mais como estratégia, mesmo. Não afeta muito no desempenho, não afeta na luta. É até bom que a gente dá uma descansadinha", disse o brasileiro Henrique Marques, da categoria até 80kg.
Divertido, mas também polêmico
O VAR do taekwondo diverte o público, causa um clima de suspense, mas não está isento de polêmicas. Nesta sexta-feira (9), o Grand Palais foi palco da maior vaia a um atleta desde o início das competições da modalidade, e a vídeo arbitragem teve um papel importante.
Aconteceu na luta entre o chileno Joaquín Churchill Martínez e o sul-coreano Geonwoo Seo. O sul-americano venceu o primeiro round e, depois de um empate no segundo assalto, foi declarado vencedor do round e da luta.
A comissão técnica asiática entrou em ação, protestou, pediu um VAR e conseguiu reverter o resultado, levando a luta para um terceiro assalto. Abatido, o chileno acabou derrotado, e o público não perdoou Seo.
Na luta da brasileira Caroline Santos, a Juma, o VAR também foi o centro das atenções e definiu diretamente o resultado. A 0s4 do fim, a tailandesa Sasikarn Tongchan acertou um chute rodado na cabeça da brasileira, que tentou revidar.
As duas equipes entregaram seus cartões para a árbitra geral, mas nenhuma das reclamações foi aceita: a asiática acabou vencendo o round e o combate.