Por que o Brasil virou algoz de gigantes e pode vencer os Estados Unidos

Quase eliminada na fase de grupos, a seleção brasileira renasceu durante as Olimpíadas de Paris. Primeiro, bateu a França de forma surpreendente nas quartas de final dos Jogos de Paris-2024. Depois, como azarão, o time meteu quatro na campeã mundial Espanha.

É certo que o time de Arthur Elias enfrentará os favoritos Estados Unidos na disputa pela medalha de ouro, neste sábado às 12h (horário de Brasília) no Parque dos Príncipes. Mas há esperança: a história destas Olimpíadas mostra que o Brasil se tornou algoz de gigantes ao longo da campanha. Como isso foi possível?

Há vários motivos:

  • Intensidade durante as partidas.
  • Rotação constante de elenco.
  • Dedicação a cada minuto no trabalho desenvolvido pelo treinador.
Priscila, do Brasil, comemora diante da goleira Cata Coll, da Espanha,: Brasil aprendeu a brigar
Priscila, do Brasil, comemora diante da goleira Cata Coll, da Espanha,: Brasil aprendeu a brigar Imagem: Alex Livesey/Getty Images

"A gente sabia que precisaria dar a vida. Trazer isso que é a mulher brasileira, de garra, de força, de vontade. Acho que a gente conseguiu fazer tudo isso se transformar dentro de campo". Duda Sampaio, meio-campista.

As duas partidas contra a Espanha deixaram clara essa transformação. Na fase de grupos, o Brasil foi dominado e acabou derrotado por 2 a 0. Na semifinal, fez 4 a 2, e poderia ter sido mais. Entre as jogadoras, a sensação é de que o time aprendeu a ganhar jogos grandes.

"Acho que esse segundo jogo contra a Espanha nos passou uma confiança gigantesca. A gente vence a atual campeã do mundo, que joga bem, que gosta de jogar com a bola? E com a gente tendo muitas oportunidades. Para mim, acho que é fundamental tudo isso que a gente viveu na primeira fase e agora nos mata-mata para chegar ainda com mais confiança para o último jogo", disse Duda Sampaio.

Kerolin e Arthur Elias comemoram a classificação do Brasil contra a Espanha, nas Olimpíadas de Paris-2024
Kerolin e Arthur Elias comemoram a classificação do Brasil contra a Espanha, nas Olimpíadas de Paris-2024 Imagem: REUTERS/Andrew Boyers
Continua após a publicidade

Cansou, troca

Para manter o ritmo alucinante do time, um dos caminhos é sempre ter em campo as jogadoras que estejam melhores fisicamente. Para isso, Arthur Elias rodou o elenco de forma incessante.

Em cinco jogos das Olimpíadas, utilizou cinco substituições em quatro partidas. Na outra, trocou apenas três. O ataque é constantemente modificado por conta da necessidade de marcação pressão sobre a equipe adversária.

"É um campeonato muito difícil, muitos jogos em poucos dias. Então, a gente tem trabalhado muito bem em conjunto para recuperar, para a gente conseguir tirar o melhor de cada uma e conseguir jogar bem. O descanso faz parte da preparação porque as atletas não estão acostumadas com esse número de jogos em tão pouco tempo", explicou o treinador.

Foi em jogadas de marcação sob pressão que saíram alguns dos gols mais importantes da campanha brasileira: o da vitória contra a França e o primeiro contra a Espanha na semifinal, por exemplo.

Arthur Elias já disse que todas as jogadoras têm de estar preparadas igualmente para entrar em campo. Por isso, variou mais a escalação na primeira fase. Isso facilitou a adaptação ao esquema com três zagueiras, adotado a partir da segunda rodada. O Brasil também usa o 4-3-3.

Continua após a publicidade
Gabi Portilho comemora a classificação do Brasil à final do futebol feminino das Olimpíadas de Paris-2024
Gabi Portilho comemora a classificação do Brasil à final do futebol feminino das Olimpíadas de Paris-2024 Imagem: Andrew Boyers/REUTERS

Um novo começo

Pelo histórico, a seleção dos Estados Unidos, tetracampeã mundial e quatro vezes medalhista de ouro na Olimpíada, é a favorita. As brasileiras não vencem as americanas há 10 anos. Mas o crescimento do Brasil durante estas Olimpíadas não pode ser ignorado. Enquanto as americanas estão em fase de transição, buscando reencontrar sua identidade, nas palavras da própria meio-campista Lindsey Horan, as brasileiras parecem ter encontrado o equilíbrio que o treinador Arthur Elias queria entre a aplicação técnica e a garra.

"Tenho muita convicção do que eu faço, do meu trabalho. Tenho construído ele há muitos anos, tenho tentado evoluir ele todos os dias, todas as temporadas. Cheguei na seleção me sentindo muito pronto para essa missão que escolhi lá atrás e que acredito cada vez mais", disse o treinador.

"A gente já colocou a seleção em um patamar agora de uma final olímpica, mas espero que daqui pra frente a seleção brasileira também possa ter uma outra história, uma história mais vitoriosa porque eu acredito que é possível e no merecimento grande das nossas atletas."

Essa ideia de que o trabalho da atual comissão técnica pode ser um divisor de águas também ajuda as jogadoras a deixarem o passado de lado. E a melhor chance de construir um futuro diferente começa neste sábado.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.