Clima seco, 6 novos esportes e programa invertido: o que esperar de LA-28?

As imagens da Torre Eiffel ao fundo da arena de vôlei de praia, as competições de esgrima no Grand Palais e as polêmicas sobre a água do Rio Sena já são história. Os Jogos Olímpicos de Paris chegam ao fim e outro desafio já se apresenta no horizonte para atletas e confederações: as Olimpíadas de Los Angeles, em 2028.

Será a terceira vez que a "Cidade dos Anjos" receberá a competição. A primeira foi em 1932. A segunda, em 1984, uma edição icônica, marcada pelos quatro ouros de Carl Lewis no atletismo, pela chegada emocionante de Gabriele Andersen na maratona feminina, pelo ouro de Joaquim Cruz nos 800m e pelo boicote do bloco socialista.

Os Jogos de Los Angeles-2028 serão disputados entre 14 e 30 de julho. Os competidores podem se preparar para um clima bem mais seco no verão da Califórnia. As temperaturas costumam ser parecidas com as que os atletas enfrentaram em Paris, com máximas acima dos 30ºC, mas a umidade relativa do ar raramente passa dos 80%.

Muitas das estruturas que receberam a edição dos Jogos de 1984 estarão de volta, ainda que com funções diferentes. O Centro de Convenções, que serviu como uma instalação para a imprensa nos anos 1980, agora será uma arena esportiva para esgrima, judô, tênis de mesa, taekwondo e luta greco-romana.

Um dos camarotes à beira do campo do SoFi Stadium, em Los Angeles
Um dos camarotes à beira do campo do SoFi Stadium, em Los Angeles Imagem: Divulgação

O SoFi Stadium, normalmente palco de jogos de futebol americano, será a casa da natação. O esporte do maior campeão olímpico da história, Michael Phelps, será protagonista nos Jogos e passará a ser a estrela da segunda semana de competições.

A inversão no programa olímpico é uma das grandes novidades de Los Angeles-28: o atletismo, que costuma fechar a programação, sempre na segunda semana do evento, foi puxado para os primeiros dias.

O que esperar do Brasil em Los Angeles

Ainda é cedo para qualquer projeção de número de medalhas, depois que o Brasil ficou aquém da meta, que era de superar os 21 pódios de Tóquio-2020 e ficar no top 15. O país somou 20 medalhas e foi o 20º colocado.

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Mas o Comitê Olímpico Brasileiro comemora a volta à normalidade, após dois ciclos olímpicos afetados pelo covid-19. Para Tóquio, a preparação acabou sendo de cinco anos e cercada de incertezas e, para Paris, os atletas tiveram apenas três anos de ciclo.

"Esperamos que alguns atletas, especialmente os medalhistas, tenham um ano sabático porque eles tiveram um período muito curto para se preparar para Paris. Então estamos avaliando que será normal haver uma queda imediata para depois voltarmos a ter bons resultados", lembrou o diretor de Alto Rendimento do COB, Ney Wilson.

Na parte de estrutura, o COB já começou sua preparação e espera fechar os primeiros contratos referentes à instalação dos atletas já na próxima viagem, em novembro. "Isso acaba sendo uma corrida contra as outras confederações para conseguir as melhores instalações", destacou Joyce Ardies, subchefe da Missão Paris 2024 do COB e gerente de Jogos e Operações Internacionais.

Novos esportes, e boxe ameaçado

Imane Khelif e Liu Yang durante a final do boxe feminino até 66kg nas Olimpíadas
Imane Khelif e Liu Yang durante a final do boxe feminino até 66kg nas Olimpíadas Imagem: Richard Pelham/Getty Images

Los Angeles-2028 marcará a estreia (ou reestreia) de seis esportes no programa olímpico, três deles de taco e bola:

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  • Críquete, por causa da popularidade na Índia, país mais populoso do mundo.
  • Beisebol e softbol, esporte americanos que entram e saem do programa há algumas edições.
  • Squash, que há anos tentava sua inclusão.
  • Lacrosse, esporte criado pelos nativos norte-americano.
  • Flag football", variável menos física do futebol americano e esporte mais praticado por lá.

Modalidades que estrearam recentemente, com o intuito de atrair a audiência jovem, e fizeram sucesso, tornaram-se permanentes: é o caso do surfe, escalada e skate.

A grande polêmica em relação aos esportes no programa dos jogos de Los Angeles é o boxe. O esporte corre sério risco de ser excluído; uma decisão marcada somente para o ano que vem.

O motivo é uma disputa entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Associação Internacional de Boxe (IBA). Cobrando mudanças na estrutura da modalidade e suas finanças, o COI tomou o controle da associação e agora espera que as federações nacionais se organizem para que o esporte evolua.

Mas o boxe não é a única modalidade tradicional que está ameaçada em um futuro próximo. O levantamento de peso chegou a ser excluído e foi recolocado na lista de esportes olímpicos após uma reforma no sistema antidoping.

Também houve uma pressão para que os esportes equestres fossem deixados de lado em Los Angeles, mas o hipismo conseguiu se manter. Haverá, contudo, uma mudança no pentatlo moderno, modalidade em que os atletas correm, nadam, atiram e lutam com esgrima, além de passarem por um percurso de obstáculos montando a cavalo.

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Em Los Angeles, a prova equestre será substituída por um percurso com obstáculos sem cavalos, em que os atletas saltam, escalam e se penduram. Mal comparando, é uma espécie de "Olimpíadas do Faustão", mas em um nível que exige muito mais preparo atlético.

Oportunidade e estilo local

Enquanto em Paris-2024 a palavra da moda era sustentabilidade, em Los Angeles-28 a meta é criar oportunidades. A organização dos Jogos já anunciou um compromisso de investir 160 milhões de dólares (R$ 880 milhões) em projetos para aumentar o acesso de crianças e adolescentes a uma gama ampla de atividades esportivas.

O orçamento total dos Jogos é de 6,8 bilhões de dólares (R$ 37,4 bilhões de reais), tudo arcados pela iniciativa privada. O valor é bem mais baixo do valor das últimas edições das Olimpíadas. Em Paris, estima-se que o gasto foi de 9,83 bilhões de dólares, enquanto nos Jogos de Tóquio-2020, Rio-2016, Londres-2012 e Atenas-2004 os valores ultrapassaram os 10 bilhões de dólares.

Para o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, é importante que os Jogos de Los Angeles-28 construam sua própria identidade. "Los Angeles terá uma abordagem diferente. Não é uma cidade com lugares icônicos, como Paris. Não existe um centro da cidade, mas pode haver vários centros. Se LA quiser imitar a Torre Eiffel, será um desastre".

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