Verme no peixe, hino errado, rio do vômito: gafes e polêmicas de Paris-2024
Colaboração para o UOL
12/08/2024 16h35
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Os Jogos Olímpicos de Paris chegaram ao fim no último domingo (11). Com o encerramento das competições que renderam 20 medalhas para o Brasil, alguns momentos ficaram marcados e serão relembrados como gafes. Confira alguns a seguir.
Rebeca Andrade ou Rayssa Leal?
A conta oficial das Olimpíadas de Paris no TikTok confundiu as brasileiras em uma de suas postagens. Ao informar o resultado da final individual da ginástica artística, o perfil identificou Rebeca Andrade como Rayssa Leal, skatista brasileira.
Diversos usuários se mostraram indignados e encheram os comentários da postagem indicando o erro. "Eu achei que fosse algum perfil querendo engajamento, depois que vi que era a conta oficial das Olimpíadas", comentou um seguidor. A sequência de fotos com o nome incorreto foi excluída após a repercussão negativa.
Ônibus atrasados e sem ar condicionado
Diversos relatos postados nas redes sociais mostravam as condições dos ônibus fornecidos para o transporte dos atletas pelas ruas de Paris, nos trajetos entre a Vila Olímpica e as respectivas provas. Além de não ter ar condicionado, muitos ônibus não cumpriram os horários e se perderam no caminho.
O tenista Thiago Monteiro flagrou as jogadoras Bia Haddad e Luisa Stefani com um pacote de gelo na cabeça durante percurso sem refrigeração sob um calor de 29ºC. De acordo com o relato de Bruna Takahashi, do tênis de mesa, os motoristas não permitiam que as janelas do veículo fossem abertas.
Já Rayssa Leal, skatista medalha de bronze, publicou uma sequência de stories em que conta que a equipe feminina foi "esquecida" no local de treino pelo ônibus que faria o trajeto de volta para a Vila Olímpica. Depois de mais de três horas de atraso, as skatistas brasileiras saíram de skate pelas ruas de Paris em busca de um táxi.
Pouca carne e "vermes nos peixes"
Muitas gafes tiveram como palco a Vila Olímpica, alojamento disponibilizado pela organização aos atletas e delegações.
Com a intenção de promover Jogos Olímpicos mais sustentáveis, o cardápio oferecido aos atletas era composto por mais elementos vegetarianos e menos proteína animal. No entanto, essa escolha foi duramente criticada pelos atletas, que alegaram precisar da proteína para se recuperar de treinos e provas com alto rendimento.
As críticas foram tantas que a organização alterou o cardápio e aumentou a quantidade de carnes e ovos disponível para os competidores.
O nadador britânico Adam Peaty comparou a comida oferecida em Paris com o cardápio dos jogos no Rio de Janeiro em 2016. Segundo Peaty, a comida no Rio era incrível, enquanto em Paris havia vermes nos peixes servidos.
Colchão duro e falta de ar condicionado
Já nas instalações físicas da Vila, a falta de ar condicionado e os colchões disponibilizados foram os maiores alvos de reclamação. Com o calor que chegou a passar dos 37ºC, muitos atletas se transferiram para hotéis. Thomas Ceccon, italiano campeão dos 100 metros costas, foi flagrado dormindo no gramado da Vila.
O comitê local disponibilizou ar condicionado às delegações que estavam dispostas a comprar ou alugar o aparelho.
Os colchões fornecidos nos quartos eram, segundo muitos relatos, duros e desconfortáveis. A delegação dos Estados Unidos foi vista comprando pillow-tops para usar em cima dos colchões da Vila Olímpica, enquanto a seleção feminina de handebol da Suécia comprou colchões novos para evitar dores por conta da falta de conforto oferecida às atletas.
Qualidade das medalhas decepcionou alguns atletas
Bia Souza, judoca brasileira que ganhou duas medalhas em Paris, revelou que seus prêmios estão descascando. Bia trouxe para casa uma medalha de ouro e uma de bronze. Segundo a judoca, ambas estão descascando, mas o processo está acontecendo mais rápido na medalha de bronze.
O skatista norte-americano Nyjah Huston postou um desabafo em suas redes sociais também comentando a qualidade do material de sua medalha. Huston disse que as medalhas "aparentemente não são tão de alta qualidade quanto você pensa".
Bandeira olímpica de cabeça para baixo
As primeiras gafes dos Jogos de 2024 aconteceram logo na cerimônia de abertura. Em uma delas, a famosa bandeira olímpica foi hasteada erroneamente: os anéis estavam de cabeça para baixo.
Gafe de duas horas de duração
O jogo de futebol entre as seleções masculinas de Argentina e Marrocos contou com duas horas de interrupção na partida.
Após um gol argentino no último minuto dos 16 da prorrogação, torcedores marroquinos invadiram o campo, causando a evacuação dos adversários. Depois de duas horas de pausa, os atletas voltaram ao campo e o VAR declarou que o gol da Argentina seria anulado por impedimento. No final, o Marrocos venceu por 2x1.
Coreia do Sul apresentada como Coreia do Norte
Ainda na cerimônia de abertura, os locutores responsáveis pela narração do evento apresentaram a delegação da Coreia do Sul como República Democrática da Coreia, o nome oficial da Coreia do Norte. A gafe diplomática causou enorme desconforto em autoridades sul-coreanas, que acionaram Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), e a embaixada francesa em Seul.
Coreia do Sul e Coreia do Norte seguem em conflito desde a década de 1950, quando se separaram em dois territórios.
Em sua conta no X, antigo Twitter, o COI se desculpou pelo ocorrido e classificou o erro como "profundamente lamentável".
Condições do Rio Sena podem ter prejudicado atletas
A poluição do Rio Sena foi um dos maiores alvos de críticas nas Olimpíadas. Competições de triatlo, treinos de reconhecimento e a etapa de natação foram suspensos e remarcados por conta da qualidade da água. A organização dos Jogos chegou a cogitar a exclusão da prova aquática por conta da presença da bactéria Escherichia coli no Sena. No entanto, a prova aconteceu normalmente.
O atleta suíço Adrien Briffod foi um dos competidores que passaram mal em Paris. Três dias após a disputa do triatlo, a equipe suíça informou que Briffod estava com uma infecção gastrointestinal e não poderia compor o time do país na etapa de revezamento.
Já a alemã Leonie Back ironizou a qualidade da água do Rio Sena e relatou ter tido diarreia e vomitado nove vezes depois de nadar a prova.
Mesmo com a poluição do rio, os atletas brasileiros conquistaram ótimos resultados no triatlo, figurando entre os dez melhores no individual masculino e no revezamento por equipes.
Confusão de hinos e bandeiras
Uma das gafes mais frequentes nos Jogos Olímpicos 2024 foi a troca de hino e de bandeiras.
Durante jogo de basquete, o Sudão do Sul foi apresentado com o hino do Sudão. Depois de vaias e um silêncio constrangedor, o hino correto foi tocado. O Sudão do Sul conseguiu sua independência do Sudão somente em 2011, depois de anos de guerra civil.
Já na natação, a bandeira da China foi reproduzida mesmo para atletas de outros países. Uma delas foi a argentina Macarena Ceballos, que foi apresentada com a bandeira errada e ficou perdida antes de seguir o caminho para a piscina. A bandeira da China foi repetida para a atleta seguinte, que também não era chinesa. Para que não houvesse mais gafes do tipo, a organização da prova que Ceballos participava suspendeu a reprodução das bandeiras das atletas.
Piscina fora dos padrões internacionais
Uma das piscinas do complexo La Défense tem 2,2 metros de profundidade, sendo mais rasa do que o padrão aplicado pela World Aquatics (entidade responsável por administrar competições internacionais de esportes aquáticos), que é de 2,5 metros de profundidade.
Diversos veículos da imprensa internacional, como os norte-americanos The Wall Street Journal e The Washington Post, questionaram o fato de nenhum atleta conseguir quebrar recordes mundiais nadando no complexo francês. Nos Jogos de Pequim em 2008, a piscina utilizada tinha três metros de profundidade e 25 recordes mundiais individuais foram quebrados na ocasião.
De acordo com a agência de notícias AFP, a escolha de Paris como sede dos Jogos de 2024 aconteceu antes do estabelecimento da nova profundidade por parte da World Aquatics, o que isentaria a organização francesa de cumprir com o padrão atualizado.
Coleção de expulsões
Os Jogos Olímpicos de Paris tiveram uma série de expulsões: a nadadora Ana Carolina Vieira foi expulsa da delegação brasileira após ter saído da Vila Olímpica sem autorização com o namorado e também nadador olímpico Gabriel Santos. Enquanto Gabriel recebeu uma advertência, Ana Carolina acabou desligada por ter brigado com seus treinadores ao ser repreendida por ter quebrado as regras da equipe.
Já o judoca da Geórgia Guram Tushishvili foi expulso após ser eliminado pelo atual campeão olímpico Teddy Riner. Com a luta já terminada, Tushishvili derrubou Riner, o encarou e deu um tranco para que Riner caísse de novo.
A nadadora paraguaia Luana Alonso também se envolveu em polêmica nas Olimpíadas. Após uma série de desentendimentos em relação à autorização para frequentar a Vila Olímpica e de passeios por Paris e pela Disneyland, Luana foi proibida de retornar à Vila e se pronunciou sobre o caso, desmentindo o Comitê Olímpico Paraguaio.
Charlotte Dujardin, britânica com três medalhas de ouro no hipismo, desistiu de competir em Paris após um vídeo vazado mostrar a atleta chicoteando diversas vezes um cavalo durante adestramento. O vídeo gerou polêmica sobre as condições nas quais os animais são mantidos e o tratamento recebido por eles. Em suas redes, Charlotte disse que não há desculpas para seu comportamento visto na filmagem.
Notas criticadas
Jurados e árbitros foram alvos de críticas e polêmicas por conta das notas dadas aos atletas.
Na ginástica artística, a árbitra chinesa Qiurui Zho, responsável pela banca da trave, foi flagrada segurando a medalha de prata conquistada por Yaqin Zhou, também da China. O contato de Qiurui Zho com a ginasta e com a medalha ao fim da prova provocou suspeitas da comunidade internacional.
Já no surfe, o árbitro australiano Ben Lowe foi denunciado pelo brasileiro Pedro Scooby após vazamento de uma foto de Lowe ao lado de Ethan Ewing, também australiano e, na época, possível adversário de Gabriel Medina em uma eventual semifinal dos Jogos.
Tom Craig, representante da Austrália no do hóquei sobre grama, foi protagonista de uma das maiores polêmicas em Paris: foi preso ao comprar cocaína nas ruas da cidade. Segundo o jornal Daily Telegraph, o traficante com quem Craig estava negociando também foi detido e tinha 75 comprimidos de ecstasy e sete frascos de cocaína.
A boxeadora argelina Imane Khelif foi medalha de ouro na categoria até 66 kg do boxe. A trajetória de Imane, no entanto, foi marcada por uma série de acusações de adversárias e revolta por parte da atleta. Imane, nascida biologicamente como mulher, também tem o cromossomo masculino em seu DNA. O desempenho de Imane nos combates foi questionado por, teoricamente, a boxeadora ter vantagem física sobre as demais. O caso irá virar processo, já que Imane irá acionar a Justiça devido aos ataques e difamações que sofreu nas redes sociais.