Australiana levou zero de propósito? Cena do breaking olímpico gera debate
A apresentação de Rachael Gunn no breaking nas Olimpíadas de Paris foi compartilhada à exaustão nas redes sociais, recebeu uma enxurrada de críticas e virou meme. Gunn, que compete com o nome de 'Raygun', também recebeu apoio após a nota zero. O caso ainda repercute e virou debate.
O que aconteceu
A chefe de delegação da Austrália em Paris 2024 saiu em defesa da atleta antes mesmo do encerramento dos Jogos Olímpicos. Para a ex-ciclista e medalhista olímpica Anna Meares, os ataques a Rachael Gunn foram feitos pelos "guerreiros do teclado".
Eu amo Rachael. Eu acho que o que ocorreu nas mídias sociais, com trolls e guerreiros do teclado, e pegando esses comentários e dando a eles atenção, foi realmente decepcionante. Ela é a melhor (competidora de breaking feminina) que temos para a Austrália.
Anna Meares, ícone do ciclismo australiano
O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese adotou o mesmo tom ao comentar o episódio. "É uma tradição australiana pessoas fazendo experimentos. Ela tentou representar nosso país e isso é uma coisa boa", afirmou.
'Zero de propósito'
As críticas a Raygun foram além da esfera esportiva. A atleta foi acusada de tentar "zerar pontos propositalmente" como parte de um estudo acadêmico. A professora e ativista Megan Davis foi quem apontou nas redes, segundo informações do 'News.com'.
Receber zero pontos propositalmente em três rodadas por um estudo acadêmico subsidiado pelo contribuinte, tanto em nível universitário quanto olímpico, não é engraçado e não é 'tentar'. É desrespeitoso com outros competidores.
Megan Davis, vice-reitora da Universidade de New South Wales e integrante da Comissão da Liga Australiana de Rúgbi
"Vida rica e confortável, educada, sem nenhuma preocupação no mundo, nada realmente importa, que diversão, que garota australiana divertida, gargalhadas", completou Davis.
Segundo o 'The Australian', no entanto, Raygun não recebeu incentivo financeiro para uma viagem acadêmica. O Comitê Olímpico da Austrália pagou apenas a viagem da atleta para Paris.
Viral vai de Adele até Jimmy Fallon
O vídeo da australiana em Paris foi uma das cenas mais reproduzidas dos Jogos. A cantora Adele mencionou a apresentação em um dos seus recentes shows. "Eu não consigo descobrir se foi uma piada, mas de qualquer forma, isso me deixou muito, muito feliz e eu e meus amigos estamos morrendo de rir há 24 horas," disse.
O comediante e apresentador Jimmy Fallon também fez uma esquete zombando de Raygun. A atriz Rachel Dratch abriu o famoso talk show imitando de forma debochada a competidora australiana.
Quem é 'Raygun'
A B-girl é uma professora universitária de 36 anos. Gunn palestra na Faculdade de Artes da Macquary University, em Sydney, Austrália.
Doutora com tese relacionada ao breaking. Oito anos após se tornar bacharel em música contemporânea, em 2009, Gunn concluiu doutorado em estudos culturais. Sua tese "Desterritorializando o gênero na cena breakdance de Sydney: a experiência de uma B-girl fazendo B-boy" tem como foco a interação entre gêneros no meio da dança.
Foi apresentada ao breaking por seu futuro marido. Gunn praticava dança desde criança, especializando-se em dança de salão, sapateado e jazz. Samuel Free, então namorado, incentivou-a a experimentar um novo estilo. Ela começou a competir no início da década de 2010, e retomou após concluir seu doutorado.
Raygun tornou-se um nome de destaque após resultados expressivos em torneios locais da modalidade. Ela já viajou a outros continentes para representar a Austrália em três mundiais. A presença em Paris foi selada após a atleta vencer o Oceania Breaking Championships, em outubro de 2023.
Casada com seu técnico das Olimpíadas. Free, o homem que introduziu Gunn à modalidade, já ganhou competições de breaking ao longo da carreira, e foi a Paris como treinador.
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