'Balotelli' critica reação a suas queixas: 'Virei o moleque do uniforme'
Colaboração para o UOL, em São Paulo
16/08/2024 15h09
Fernando Ferreira, conhecido como Balotelli, questionou o fato de ganhar reconhecimento após se queixar dos materiais esportivos recebidos para a disputa dos Jogos Olímpicos.
O que aconteceu
"Virei o moleque do uniforme". Em participação no programa Os Donos da Bola, da TV Band, o atleta falou sobre a repercussão de suas queixas em relação à quantidade de peças de roupa.
Seria bom a gente ser reconhecido pelo nosso trabalho. Sou medalhista pan-americano, tetracampeão brasileiro, campeão sul-americano. Aí eu estava indo a Paris e algumas pessoas olhavam e falavam 'Aquele é o moleque do uniforme' Fernando 'Balotelli', no Os Donos da Bola
Antes das Olimpíadas, Balotelli criticou o fato de receber três peças para disputar dez provas. "Irei passar mais de 20 horas na pista de atletismo, dois dias de competição dividido em 4 etapas, e recebi como material uma regata, um macaquito e um shorts. Assim que acabar as provas do primeiro dia, irei voltar pra vila e lavar logo meu material, ou competir com ele sujo", disse em vídeo divulgado nas suas redes sociais no dia 22 de julho.
A Confederação Brasileira de Atletismo se pronunciou na mesma data. Segundo a CBAt, o órgão e a Puma, fornecedora de materiais esportivos, iriam trabalhar para resolver os problemas. Além de Balotelli, Izabela Rodrigues da Silva, do lançamento de disco, também fez reclamações públicas.
Balotelli terminou o decatlo na 14ª colocação. O brasileiro obteve 8.213 pontos e fechou os Jogos de Paris com seu melhor resultado na carreira.
É um sonho realizado, todo atleta quer estar em uma Olimpíada. Chegar lá e poder apresentar quem realmente é o Balotelli, o trabalho que eu faço, foi muito gratificante. Não tinha palco melhor
O que mais Balotelli disse
Desempenho em Paris: "Ser 14º do mundo em uma prova onde entraram 24 atletas não tem nem o que falar. Fiz a melhor marca da minha vida, a quarta melhor marca da história do Brasil. E entrei como 22º, quer dizer que eu tive um crescimento grande na prova. Ano passado entrei como 14º no Mundial, isso prova que a gente está nessa constância. E o trabalho só vem crescendo."
Clamor por melhoras estruturais: "Já fazemos muito com o pouco que temos. Acredito que se nos derem essa estrutura, como dão a outros esportes. Se colocar um jogador de time profissional na várzea, não vai ter o mesmo rendimento que tem num gramado. Igual é o atletismo. Se colocar numa pista boa, numa área de trabalho de força, comparando com o alto rendimento do mundo a gente vai chegar para brigar por medalha. Cheguei da Olimpíada com esse sentimento, parece até que eu nem queria ganhar medalha. Mostra para nós que pode chegar, é possível, é palpável um atleta do Brasil brigar por medalha olímpica."
História no futebol: "Joguei de zagueiro. Fui campeão catarinense, na segunda, pelo Tubarão, em 2014. Passei um período num clube do estado, depois passei um tempo chegando próximo do campeonato. Chegou um cara com um empresário. Aconteceu coisas que acontecem no futebol, acabei desgostando, precisava ajudar em casa e fui treinar atletismo. Fazia a prova do lançamento do dardo. O decatlo foi um desafio que eu fiz, e acabou dando muito certo."