Como australiana que virou meme no breaking foi parar nas Olimpíadas 2024?

A performance de Rachael Gunn nas Olímpiadas de Paris provocou diferentes reações. Dos memes aos ataques virtuais, a australiana do breaking ainda tem a sua participação questionada nos Jogos.

Como Raygun se classificou para Paris

Muitos critérios para a qualificação. Embora a modalidade seja atrelada aos jovens, nem todo dançarino de breaking poderia competir em Paris 2024. Os b-boys e b-girls deveriam, por exemplo, ter nascido até 31 de dezembro de 2008.

O caminho de Rachael Gunn até a vaga. Ela, que compete com o nome de Raygun, participou do campeonato mundial da modalidade. Na competição, no entanto, a atleta terminou na 64ª posição, sem a vaga direta para os Jogos.

Vaga veio na sequência. A presença de Raygun em Paris foi confirmada após vencer o Oceania Breaking Championships, em outubro de 2023.

Três competições definiram 26 atletas nos Jogos: o campeonato mundial de 2023, os jogos/campeonatos continentais e a série de classificatórios olímpicos. A França tinha duas vagas garantidas (uma por gênero) por ser o país-sede. Foram distribuídas mais quatro vagas de universalidade (duas por gênero).

Seguindo os regulamentos da World DanceSport Federation (WDSF), que se alinham com os padrões do Comitê Olímpico Internacional (COI), o processo teve como objetivo garantir um resultado justo e transparente. Um painel de nove jurados internacionais, um juiz principal e um presidente que supervisionou a competição, usando o mesmo sistema de julgamento dos Jogos de Paris e treinado para manter os mais altos padrões de imparcialidade.
Ausbreaking, entidade responsável pela modalidade na Austrália

Quinze b-girls participaram da competição que Raygun venceu. As b-girls afirmaram, ao 'Guardian', que Rachael conquistou sua vaga nas Olimpíadas de forma justa. Elas consideram, porém, que o processo teve algumas falhas.

As b-girls citaram exigências da World Dance Sports Federation. Era necessário, por exemplo, ter um passaporte válido. Segundo elas, isso resultou em pouca participação e tirou alguns talentos da disputa.

Rachael Gunn e Jeff Dunne emergiram como os melhores desempenhos exatamente no mesmo processo, garantindo suas vagas para representar a Austrália em Paris. A seleção deles foi baseada unicamente em seu desempenho em suas batalhas naquele dia.
Ausbreaking

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Raygun respondeu sobre ter burlado o sistema de classificação. Uma petição anônima foi criada para que ela fosse punida por ter supostamente aproveitado de sua influência no meio e manipulado o processo. O Comitê Olímpico Australiano saiu em defesa da atleta.

Ao todo, 32 atletas (16 b-boys e 16 b-girls) disputaram as primeiras medalhas no breaking em Paris. A modalidade não está no programa olímpico de Los Angeles 2028.

Quem é 'Raygun'

A B-girl é uma professora universitária de 36 anos. Gunn palestra na Faculdade de Artes da Macquary University, em Sydney, Austrália.

Doutora com tese relacionada ao breaking. Oito anos após se tornar bacharel em música contemporânea, em 2009, Gunn concluiu doutorado em estudos culturais. Sua tese "Desterritorializando o gênero na cena breakdance de Sydney: a experiência de uma b-girl fazendo b-boy" tem como foco a interação entre gêneros no meio da dança.

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A performance de Rachael Gunn ainda repercute mesmo após o fim dos Jogos
A performance de Rachael Gunn ainda repercute mesmo após o fim dos Jogos Imagem: Elsa/Getty Images

Foi apresentada ao breaking por seu futuro marido. Gunn praticava dança desde criança, especializando-se em dança de salão, sapateado e jazz. Samuel Free, então namorado, incentivou-a a experimentar um novo estilo. Ela começou a competir no início da década de 2010, e retomou após concluir seu doutorado.

Casada com seu técnico das Olimpíadas. Free, o homem que introduziu Gunn à modalidade, já ganhou competições de breaking ao longo da carreira, e foi a Paris como treinador.

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