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Burnout, foco e pressão: atletas buscam equilíbrio com ajuda psicológica

Flávia Saraiva, medalhista de bronze em Paris-2024 Imagem: Fotop

Do UOL, em São Paulo

30/08/2024 17h00

Flávia Saraiva, Verônica Hipólito, Gabriel Medina... Todos esses atletas têm em comum, além de medalhas olímpicas e paralímpicas, um histórico de transtornos mentais. Nas últimas duas décadas, diversos estudos apontam para um lugar comum: atletas de elite apresentam maior risco de desenvolverem distúrbios psicológicos do que a população em geral.

Uma pesquisa publicada pela editora alemã Springer, em 2016, mostrou que os atletas de alto rendimento são vulneráveis a uma série de problemas de saúde mental por fatores esportivos. Por exemplo, lesões, overtraining (longos períodos de treino sem descanso), necessidade de manutenção do foco durante competições longas e pressão por resultados.

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A ginasta Flávia Saraiva, medalhista de bronze por equipes em Paris-2024, revelou que sofreu uma crise de burnout, em 2018, como consequência dos altos níveis de estresse.

Não é simples, nem fácil. Fui para um período de dois meses de treinos em Portugal e, nossa, eu só chorava. Ligava para minha psicóloga desesperada, no meio do treino, com falta de ar. E eu sentia muita raiva. E eu sou zero de ter raiva, sou muito alegria. E eu não sabia o porquê. E ela me ajudou 100%. Me fez entender que eu precisava me aceitar.Flávia Saraiva, em evento para profissionais de educação física

Diante dos números cada vez mais crescentes de atletas que relatam transtornos mentais, os atletas têm feito uma busca constante por equilíbrio entre físico e mental para manter a alta performance. O autoconhecimento é o mais importante para saber quando o corpo ou a mente chegam ao limite.

Os Jogos Olímpicos, o esporte de alta performance, são lugares de inspiração porque ele para todo mundo, fotografa uma situação, e a gente para para pensar sobre ela. Tem aí uma provocação, o que eu chamo de inspiração. Hoje, falar sobre saúde mental é falar, sobretudo, sobre equilíbrio. Mas equilíbrio também performando, se superando, não transformando a realidade em 'café com leite'.Marisa Markunas, psicóloga do esporte que fez parte do corpo médico do COB em Paris-2024

O equilíbrio não torna o atleta medíocre, mediano. No passado, a gente trabalhou muito modelos de exigência, em que ir sempre ao máximo era o que dava resultado, hoje encontramos um novo jeito. Nós fazíamos da meneira como sabíamos, e nós evoluímos, tanto nesse ambiente quanto em muitos outros da socidade.

Saúde mental é vantagem competitiva

Rebeca Andrade faz terapia desde os 13 anos de idade. Em entrevista recente ao UOL, a maior medalhista olímpica do Brasil contou que a terapia foi fundamental para ela se descobrir como atleta e pessoa.

Eu seria uma pessoa totalmente diferente. Teria mais medo, mais dúvidas, mais inseguranças, porque, ao mesmo tempo que me descobri na ginástica, me descobri na vida.Rebeca Andrade, ginasta e medalha de ouro em Paris-2024

Na visão de Carla Di Pierro, psicóloga do Comitê Olímpico do Brasil, o desenvolvimento mental pode dar vantagem competitiva em grandes competições, como os Jogos Olímpicos.

É uma realidade, os atletas entenderam que fazer terapia, ter acompanhamento de um psicólogo do esporte, trabalhar suas habilidades e competências emocionais e manter a sua saúde mental, é pré-requisito para performance. Atualmente é vantagem competitiva. Antes, ainda era uma dúvida, ainda existe um estigma dependendo da modalidade, do treinador e do atleta, mas a gente está rompendo isso cada vez mais.

Acho que Paris-2024 foi um exemplo. O tema estava super em alta, muitos atletas falando dos seus trabalhos com seus devidos psicólogos, e a importância é que somos humanos e a gente não é só um corpo, uma máquina, né? Então poder ter um espaço para equilibrar, cuidar das emoções é fundamental. Isso é vantagem competitiva. Ter saúde mental é vantagem competitiva.Carla Di Pierro, psicóloga do Comitê Olímpico do Brasil

Inscrições abertas

A COB Expo 2024 será realizada de 25 a 28 de setembro, das 10h às 20h, e no domingo (29), das 10h às 17h. Haverá cursos de fisioterapia, medicina, odontologia, nutrição e psicologia, com vagas limitadas. As inscrições para os cursos e para o Summit estão disponíveis neste link.

Na edição de 2023, a feira recebeu 60 mil visitantes, que puderam participar de diversas atividades. Foram 490 horas de conteúdo, com 200 palestrantes, 5 mil congressistas e mais de 100 expositores.

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