Espanhol do para-ciclismo superou caso de Covid longa por medalha de bronze

Na categoria C4-5 da prova de contrarrelógio do para-ciclismo, o australiano Korey Boddington ganhou a medalha de ouro, enquanto o britânico Blaine Hunt conquistou a prata. Porém, o destaque da prova acabou sendo o espanhol Alfonso Cabello, que conquistou o bronze.

O que aconteceu

Alfonso Cabello, espanhol de 30 anos, já havia conquistado outras medalhas paralímpicas, sendo duas vezes campeão paralímpico no contrarrelógio, em Londres (2012) e Tóquio (2020). Porém, nas edições anteriores do megaevento, ele não teve um ciclo tão difícil quanto o de Paris.

Em dezembro de 2021, após os jogos em Tóquio, Cabello contraiu Covid-19, que, de início, foi assintomático. Porém, mais tarde, sofreu com fortes febres de 39,5ºC durante cinco dias, que acabou tendo seus sintomas aliviados.

Mais tarde, ele voltou a treinar, mas o desempenho não era o mesmo para o hexacampeão mundial da categoria. Segundo Alfonso, em entrevista ao jornal Marca, seus níveis de desempenho ficaram entre 15% e 20% abaixo do normal.

Segundo o para-ciclista, foram dois anos em que mal teve forças para se levantar e em que a sua saturação de oxigênio "era a de uma pessoa de 90 anos", mesmo Cabello tendo menos de 30.

Graças à medicina hiperbárica, com um tratamento diário em uma câmara pressurizada com ambiente de 100% de oxigênio que produz regeneração celular, e com cinco meses longe do para-ciclismo de pista, ele conseguiu se recuperar a tempo dos Jogos. Porém, ao abandonar temporariamente o para-ciclismo, teve de ganhar a vida com uma loja de equipamentos eletrônicos para veículos, o que garantiu ao diário Marca ser o seu hobby.

"Eu não conseguia nem levantar, não tinha apetite. Passei muito mal e por mais que tentasse chegar lá, não consegui. O cansaço era extremo. Foram meses muito complicados, não sabia o que fazer, como lidar com isso. A incerteza mata porque afeta cada pessoa de uma forma".
Alfonso Cabello, ao Marca

O para-ciclista espanhol nasceu sem o antebraço esquerdo, e começou em provas de ciclismo aos 9 anos, quando participou de uma disputa em Córdoba, sua cidade natal, com outros ciclistas sem deficiência.

Mais tarde, ele disputaria sem uma prótese, mas com dois freios no guidão direito, quando começou sua carreira. Aos 15 anos, passou a disputar provas na sua categoria, a C4-5, onde foi bicampeão olímpico e hexacampeão mundial. Mas foi justamente com uma medalha de bronze um de seus momentos mais saborosos, após dois longos anos longe das pistas de ciclismo.

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"Este bronze tem um sabor muito doce. É um presente estar aqui. Há um ano e meio não conseguia andar de bicicleta e se ontem tivessem me dito se eu assinaria o tempo que fiz tanto na qualificação e na final eu teria assinado."
Alfonso Cabello, ao Marca

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