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Como tecnologia da Fórmula 1 está presente em corridas das Paralimpíadas

Marcel Hug, atleta da Suiça de corrida em cadeira de roda Imagem: REUTERS/Stephanie Lecocq

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

01/09/2024 05h30

A tecnologia da Fórmula 1 está presente nos Jogos Paralímpicos, e com o mesmo objetivo: velocidade. Empresas como Sauber e Honda, que têm carros no grid da principal modalidade do automobilismo, tiveram participações em projetos de cadeiras de rodas utilizadas no paratletismo.

Marcel Hug, da Suíça, utiliza a Sauber OT FOXX, cadeira desenhada com a contribuição da Sauber. Com um capacete prateado ele, inclusive, ganhou o apelido "Bala de Prata".

O atleta, que conquistou quatro ouros em Tóquio, ficou com a prata nos 5000m T54, em prova disputada no último sábado — o norte-americano Daniel Romanchuk ficou com o ouro. Hug ainda vai disputar mais três provas em Paris, 800m, 1500m e maratona.

"Foi a plataforma perfeita para colocar nosso conjunto de habilidades único e toda a nossa experiência em corridas de Fórmula 1 e ciclismo para trabalhar. E o resultado é incrível!", disse Jean-Paul Ballard, CEO da Swiss Side, ao site oficial da empresa.

"O imenso know-how da Swiss Side na indústria de bicicletas foi implementado diretamente em nossa nova cadeira de rodas de corrida para torná-la mais rápida e eficiente. A influência da Fórmula 1 se torna óbvia ao olhar para o resultado final", complementou Stefan Dürger, diretor administrativo da Orthotec, também ao site Swiss Side. Um vídeo publicado no YouTube mostra parte do processo de desenvolvimento (veja abaixo).

A Honda, por sua vez, tem três representantes nos Jogos de Paris: as suiças Manuela Schär e Catherine Debrunner e a norte-americana Susannah Scaroni. Todas elas estão em mais de uma prova. Debrunner ficou com o ouro nos Nos 5.000 T54, e Scaroni com a prata.

Catherine Debrunner, da Suiça, foi ouro nos 5000m - T54 nas Paralimpíadas de Paris Imagem: REUTERS/Stephanie Lecocq

"É uma grande honra ter a Honda como minha parceira. O apoio, know-how e a dedicação com que eles realizam seu trabalho são simplesmente incríveis. Estou realmente ansioso para trabalhar com a Honda para profissionalizar minha carreira ainda mais e levar nosso esporte adiante", disse Debrunner, ao site oficial da montadora, em dezembro do ano passado, quando a parceria foi anunciada. Ela utiliza a cadeira "Kakeru", e vai competir ainda nos 100m, 400m, 800m, 1500m e na maratona.

O avanço da tecnologia neste ramo também levanta debates. A "Wide World of Sports" conversou com diversos paratletas na preparação para a maratona de Nova York, no ano passado. "É louco que podemos ter atletas de uma nação africana em desenvolvimento competindo em nossas velhas cadeiras de corrida de 15 a 20 anos atrás em uma linha de largada ao lado de uma cadeira de corrida Honda ou Sauber", diz a australiana Stankovic-Mowle.

Os altos custos também são questionados. "É um esporte muito difícil de se acostumar e manter, e temos tanta profundidade em nosso esporte que é muito difícil chegar ao topo. Agora, além disso, você tem esse fator de custo que faz você pensar: 'Ah, mer.., se eu quiser ser o melhor, então, realmente, tenho de investir dinheiro e comprar uma dessas cadeiras. Vale a pena?'. Estou preocupada que quanto mais essas cadeiras acabarem nos pódios, mais atletas perderemos, porque eles acham que é tudo muito difícil", ressaltou a também australiana Christie Dawes.

BMW na Rio-2016

A BMW foi uma das patrocinadoras do Usoc (o comitê olímpico dos Estados Unidos) e as cadeiras de rodas utilizadas tiveram tecnologia da empresa, que já teve carros na Fórmula 1. O UOL publicou um material à época.

Na ocasião, Tatyana McFadden ressaltou que a primeira coisa que os atletas perceberam foi que a cadeira era "muito mais leve e mais dura". A dureza era intencional: se o aro de alumínio se deforma, mesmo que temporariamente, durante o impulso, nem toda a energia aplicada vira velocidade. Com a fibra de carbono, essa perda de energia é menor. "Isso quer dizer que você pode ser tão veloz quanto seus rivais fazendo menos força. Em provas mais longas, nos quilômetros finais você terá mais energia guardada do que os outros", explicou Josh George.

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