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Para-atleta dos EUA superou duas amputações e mal raro para ir à Paris

A para-nadadora norte-americana Morgan Stickney, durante treino. Imagem: Reprodução/Instagram/@morganstickney

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/09/2024 18h00

A história da para-nadadora norte-americana Morgan Stickney envolve um caso raro na medicina, em que há poucos precedentes como o da atual campeã olímpica dos 100m livre na categoria S7.

O que aconteceu

A norte-americana Morgan Stickney, de 27 anos, era nadadora com índice nas principais provas norte-americanas de natação até 2015, quando lesionou um dos dedos do pé esquerdo, e após uma infecção bacteriana e um calvário de dois anos, teve de amputar a perna esquerda.

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Virou nadadora paralímpica, e no caminho para Tóquio, descobriu uma condição cardiovascular rara, que fazia com que o fluxo sanguíneo para suas pernas fosse bloqueado, o que fez a norte-americana ter a perna direita amputada.

Stickney tentará seu bicampeonato paralímpico em uma das provas da natação de sua categoria, a S7; Ela venceu os 100m livre e o revezamento 4x100m em Tóquio;

Ela já disputou a prova dos 200m medley em Paris, ficando em 7º lugar; Agora terá chances de buscar o primeiro lugar nas suas provas de especialidade, a dos 100 e 400m livre;

A carreira nas piscinas começou cedo. No período de adolescente, Morgan era uma das 20 melhores nadadoras norte-americanas do estilo livre. Mas uma simples lesão no pé mudaria a sua vida em 2013.

Stickney sofreu uma pequena lesão no pé: um osso sesamoide, pequenos ossos que ajudam na movimentação dos dedos, quebrado no dedão do pé esquerdo. Foi o começo de um ciclo de anos de dor, cirurgias e analgésicos. Morgan nadou por três anos após a lesão.

Durante seu primeiro ano de faculdade, em 2016, a dor piorou. Os médicos removeram um segundo osso sesamoide quebrado, mas o alívio nunca veio. A única opção de tratamento restante era analgésicos prescritos. A dor de Morgan era constante.

Sua vida havia mudado muito a atleta antes ativa agora precisava de uma scooter para se deslocar pelo campus. Morgan se preocupava com o vício em opioides, overdose e efeitos colaterais. Os analgésicos entorpeciam sua personalidade antes otimista e dificultavam o foco em deveres de casa e exames.

Escolha pela amputação

Morgan desenvolveu uma infecção por estafilococos, um tipo de bactéria, na perna esquerda em 2017. Desesperada para acabar com seus contratempos médicos e dor, ela pesquisou opções de amputação, e então, em 2018, aos 20 anos, ela tomou a difícil decisão de fazer essa amputação da perna abaixo do joelho.

A nadadora optou pela amputação que ficou conhecida como amputação de Ewing, que preserva exclusivamente a sinalização normal entre os músculos e o cérebro. Ela permite o uso de uma prótese robótica de última geração, capaz de movimento natural, e assim, os pacientes podem controlar a prótese.

Após dois anos de ausência da natação, Morgan estava de volta à piscina poucas semanas após sua cirurgia de amputação. Seus tempos de natação foram tão bons que ela foi convidada a se juntar ao programa de treinamento paralímpico dos EUA, em 2018.

Morgan voltou seus olhos às Paralimpíadas de Tóquio, mas logo sentiu uma dor familiar no pé direito, semelhante às dores no lado esquerdo. Os médicos, então, identificaram a causa raiz de sua dor: Morgan tinha uma condição cardiovascular que bloqueava o fluxo sanguíneo para suas pernas e sua única opção de tratamento era uma segunda amputação abaixo do joelho.

Morgan Stickney após competir na final dos 400m livres femininos S7 durante as seletivas paralímpicas dos EUA Imagem: Michael Reaves/Getty Images

A condição vascular é tão rara que apenas ela e mais outra pessoa nos Estados Unidos foram diagnosticadas com a síndrome, e que a medicina ainda não detectou um nome para este fato, segundo a para-atleta, em entrevista ao site do comitê paralímpico norte-americano.

Ela passou um terço do último ano no hospital Brigham and Women's, em Boston, passando nove dias seguidos sem conseguir sair do hospital ou às vezes até do quarto, enquanto recebia tratamento.

[O tratamento está funcionando] um pouco. Definitivamente não é uma cura. Não é uma maneira de alguém viver, passando nove dias por mês no hospital. Simplesmente não é uma opção viável. Mas, antes de Paris, tivemos que fazer o que seria melhor para mim e garantir que eu não perdesse mais nada de mim. É por isso que temos feito o tratamento dessa forma, porque as coisas estavam realmente piorando com meus membros.
Morgan Stickney, ao site do Team USA

No fim, a amputação foi realizada, e logo ela voltaria a competir, na categoria S7 por conta de sua condição. Nos últimos três anos, ela ganhou títulos mundiais nos 100 e 400 metros livres, detendo quatro recordes mundiais.

Morgan Stickney competiu na prova dos 200m medley, longe da sua especialidade, em que chegou à final, e terminou na 7ª posição, longe do pódio da categoria. Agora, ela espera que nos 100 e 400 metros livres, onde é a atual campeã do mundo, sendo a atual campeã olímpica nos 100, consiga trazer mais medalhas de ouro.

Os Jogos Olímpicos me ajudaram a aprender mais sobre mim mesmo no sentido de que sou muito mais forte do que eu poderia imaginar. Nunca pensei que sobreviveria a uma amputação, muito menos a duas. Mas aqui estou: não apenas sobrevivendo, mas prosperando. Então, não importa o que você suporte na vida, não deixe que isso o derrube.
Morgan Stickney, ao site do hospital Brigham and Women's

As provas eliminatórias dos 400m livre S7 começam às 4h46 (de Brasília) desta segunda-feira (02), enquanto a final será às 12h41. Já as eliminatórias dos 100m livre S7 serão na quarta-feira (4), às 6h04 (de Brasília) e a final está marcada para 14h28.

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