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Francês ouro no triatlo está invicto há 8 anos e é ex-campeão de boxe

Alexis Hanquinquant vibra após vencer a prova do triatlo das Paralimpíadas de Paris Imagem: Ramsey Cardy/Sportsfile via Getty Images

Caio Bitencourt

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/09/2024 19h00

Na prova do triatlo masculino na manhã desta segunda-feira (2), a lógica acabou sendo premiada com mais uma medalha de ouro para o favorito da competição, o francês Alexis Hanquinquant.

O que aconteceu

Pela categoria PTS4, o francês Alexis Hanquinquant venceu a prova de triatlo masculino e ganhou o ouro. Ele venceu a disputa na prova individual chegando com 58min01s, com 2 minutos à frente do medalhista de prata, o norte-americano Carson Clough. O espanhol Nil Victory ficou com o bronze.

O francês de 38 anos começou "tardiamente" no esporte, aos 31 anos. Aos 28, no ano de 2013, teve de realizar uma amputação transtibial da perna direita por causa de um acidente de trabalho ocorrido três anos antes, quando ainda era pedreiro.

Hanquinquant tinha carreira esportiva amadora antes do acidente de trabalho. Dos 8 aos 20 anos atuou em times de basquete como atleta federado, e foi campeão na categoria até 86 kg de boxe amador.

Desde 2015 na categoria, Alexis, nunca perdeu uma prova internacional. Após não se classificar para as Paralimpíadas do Rio, transformou-se em um multicampeão, tendo vencido o Francês de triatlo em todos os anos, e todos os Europeus e Mundiais realizados desde 2017, à exceção de 2020, não realizado por causa da pandemia.

Período de esportista amador

Nascido em Yvetot, na região da Normandia francesa, em 28 de dezembro de 1985, Alexis Hanquinquant começou sua vida esportiva desde cedo. Entre os 8 e os 20 anos, jogou basquete em um nível regional. Já adulto, optou por esportes de combate e escolheu o boxe, com o objetivo de "canalizar a energia".

Por causa dela, em 2010, chegou a vencer um título amador francês de boxe da categoria até 86 kg. Porém, por não ser profissional, tinha de trabalhar paralelamente, como pedreiro. E foi em uma obra que um acidente de trabalho mudou sua vida.

Na época eu trabalhava em uma empresa de alvenaria. Uma máquina de construção tombou para frente. Por reflexo, estiquei minha perna para manter o controle e enquanto me reequilibrava, a máquina caiu sobre minha perna.

Alexis Hanquinquant, em entrevista à revista Sportmag

Desde esse acidente, entre 2010 e 2013, Alexis recebeu cerca de trinta anestesias gerais. Havia ganho muito peso e não parava de sentir dores. Foi quando, então, ele optou pela amputação da sua perna direita.

O triatlo virou uma opção para o francês. Logo no começo, teve de arrecadar cerca de 20 mil euros para conseguir uma prótese, o que fez começar de fato nas provas do esporte em 2015.

Triatlo muda a vida de Alexis

O começo dele no triatlo não foi aconselhado pelos médicos, o que segundo Alexis, não era visto como uma boa ideia por causa do histórico e da gravidade das lesões, além dos problemas com o preço das próteses. Mas ele queria seguir no esporte e tratou isso como uma motivação.

Queria provar a mim mesmo, mas também aos outros, que, em última análise, a perda de um pedaço da minha perna não era o principal e que ainda era capaz de realizar grandes coisas.

Alexis Hanquinquant, em entrevista à France Bleu

Pelo começo tardio, não conseguiu se classificar para as Paralimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Porém, a partir de então, ele começou uma grande hegemonia no triatlo em sua classe, a PTS4.

Desde 2016, ele não perdeu uma prova sequer no triatlo paralímpico local, vencendo todas as medalhas de ouro do Campeonato Francês de Para-Triatlo da sua classe.

O domínio também é estendido ao exterior: desde 2017, sempre conquistou a medalha de ouro nos Campeonatos Europeus e Mundial, com um heptacampeonato consecutivo.

Atualmente, Alexis divide sua rotina de 18 horas de treinos por semana com o trabalho paralelo de isolamento de edifícios em Déville-lès-Rouen, também na região da Normandia.

Nas Paralimpíadas de Tóquio, ele ganhou a medalha de ouro com folga. Agora, em Paris, onde Alexis foi o porta-bandeira da delegação francesa na cerimônia de abertura, ele se consagrou com mais uma medalha de ouro.

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