Ouros 'longevos' e a nova 'rainha' no Brasil: o 5º dia das Paralimpíadas

O quinto dia de competições em Paris mostrou que o pódio não vê idade nos Jogos Paralímpicos. Beth Gomes, aos 59 anos, Claudiney Santos, aos 45, e Maria Carolina Santiago, aos 39, conquistaram o ouro e foram responsáveis pelo hino nacional brasileiro tocar.

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A medalha de Carol Santiago, inclusive, foi histórica. Ela chegou ao quinto ouro e se tornou a brasileira com mais títulos paralímpicos na história, ultrapassando a velocista Ádria Santos.

Ainda na natação, Gabrielzinho conquistou o terceiro topo do pódio nesta edição das Paralimpíadas, e o Brasil teve ainda dobradinha de gêmeas.

No atletismo, o ex-BBB Vinícius Rodrigues conquistou bronze nos 100m T63, enquanto Aser Mateus Almeida levou a prata no salto em distância T36.

Ao todo, o Brasil levou 11 medalhas (dia com mais conquistas até o momento), com quatro ouros, quatro pratas e três bronzes, o melhor dia da delegação em Paris até aqui.

Medalha histórica e promessa cumprida

Dos ouros conquistados pelo Brasil nesta segunda-feira, dois foram nas piscinas, com Maria Carolina Santiago e Gabriel Araújo.

Carol Santiago foi a mais rápida nos 50m livre S13 (deficiência visual), chegou ao quinto ouro paralímpico na carreira e se tornou a brasileira com mais títulos. Antes de Paris, este posto era da velocista Ádria dos Santos, com quatro.

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Significa muito para mim, significa que a gente, com toda a dedicação que teve, conseguiu chegar nesse nível, né? E isso é grandioso demais. Acho que toda essa força, essa dedicação, esse sonho realizado, vai ficar para que os novos atletas que estão chegando, para que as crianças possam ver nisso um caminho Carol Santiago

Já Gabrielzinho ganhou os 200m livre, cumpriu a promessa e levou o terceiro ouro em Paris, em três provas da S2, classe à qual ele pertence. Ele disputou uma na S3, e tem mais uma também em classe acima.

Gabrielzinho com o ouro dos 50m costas da classe S2 das Paralimpíadas de Paris
Gabrielzinho com o ouro dos 50m costas da classe S2 das Paralimpíadas de Paris Imagem: Andrew Couldridge/REUTERS

As gêmeas Débora e Beatriz Carneiro fizeram dobradinha no pódio nos 100m peito da classe SB14 (deficiência intelectual). Débora ficou com a prata, enquanto Beatriz com o bronze.

Pódio nas pistas e no campo

O atletismo brasileiro voltou a brilhar, e conquistou cinco medalhas, com dois ouros, duas pratas e um bronze. Beth Gomes, com ouro e prata, foi um dos destaques.

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Aos 59 anos, a brasileira foi campeã e estabeleceu o novo recorde paralímpico no lançamento de disco F53, com 17,37m. Um pouco antes, ela tinha conquistado a prata e ditado o novo recorde mundial no arremesso de peso na classe F54, uma classe acima da dela, com a marca de 7,82m.

Beth Gomes comemora após ganhar o ouro e estabelecer novo recorde paralímpico no lançamento de disco F53
Beth Gomes comemora após ganhar o ouro e estabelecer novo recorde paralímpico no lançamento de disco F53 Imagem: Gonzalo Fuentes/REUTERS

Claudiney Batista dos Santos foi o medalhista de ouro no lançamento de disco F56. Ele quebrou duas vezes o recorde paralímpico — chegou a 46,86 m — e levou o tri em Jogos.

O ex-BBB Vinícius Rodrigues conquistou o bronze na final dos 100m T63 (amputados de membros inferiores com prótese) ao completar a prova em 12s10. Aser Mateus Almeida levou a prata no salto em distância T36 (paralisados cerebrais), com 5m76.

Pódio inédito

Vitor Tavares com a medalha de bronze da classe SH6 do badminton nos Jogos Paralímpicos
Vitor Tavares com a medalha de bronze da classe SH6 do badminton nos Jogos Paralímpicos Imagem: Silvio Ávila/CPB
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Vitor Tavares conquistou o bronze no badminton ao derrotar por 2 a 1 Man Kai Chu, de Hong Kong, com parciais de 23/21, 16/21, na classe simples SH6 (classes funcionais de baixa estatura). O pódio foi inédito na modalidade.

Triatlo

O Brasil também conquistou medalha de prata no triatlo PTS5, com Ronan Cordeiro.

Desabafo

Medalhista de bronze no lançamento de disco F52, André Rocha desabafou no dia seguinte à conquista. O brasileiro não conseguiu esconder o sentimento de revolta com o campeão, o italiano Rigvan Ganeshamoorthy.

André acredita que foi um erro de classificação que colocou Ganeshamoorthy na classe F52. "Ele tem controle de tronco total, tem abdômen e não precisa usar a barra [de apoio]. Ele tem a mão boa, punho. Então, são alguns detalhes que existem dentro da classe e é óbvio que favorece a pessoa que não tem essa deficiência. Então, isso acaba deixando a gente bem chateado. Não é fácil chegar aqui. Daí você perde para uma pessoa que não é da sua classe? Isso deixa a gente realmente bem chateado", disse.

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Segundo o brasileiro, pouca gente conhecia Rigvan Ganeshamoorthy antes dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. "No caso desse italiano, na verdade, indiano naturalizado, ele participou de duas competições só e veio para os Jogos. Ninguém o conhece. Mas a gente espera que essas coisas cheguem às mãos dos responsáveis e que seja tomada alguma providência".

Eliminado por causa do celular

O remador italiano Giacomo Perini perdeu a medalha de bronze que tinha conquistado no remo devido a um motivo inusitado: ele estava com o celular em uma bolsa no barco durante a prova. O aparelho foi encontrado em vistoria posterior ao término da disputa.

A eliminação se deu porque é proibido usar qualquer aparelho de comunicação no decorrer da prova. Perini alegou que o celular não foi utilizado, mas o recurso da Federação Italiana de Remo não foi aceito.

No tênis em cadeira de rodas, a holandesa Diede de Groot, de 27 anos, venceu a israelense Maayan Zikri por 2 a 0 (6/0, 6/0). Ela ganha tudo na modalidade há quatro anos e chegou a Paris como uma das grandes favoritas.

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