Conheça o 'Blade Jumper' alemão que desafiou e superou recordes olímpicos

Rehm chegou a vencer o título alemão de atletismo no salto em distância dentre os não amputados, mas foi proibido pela Federação Europeia de Atletismo de competir no campeonato europeu, de disputar o Mundial, e de concorrer por uma vaga olímpica, por não conseguir provar que a prótese não lhe dava uma vantagem competitiva.

Sua prótese na perna direita, feita com material de lâmina o fez ganhar o apelido de "Blade Jumper", o que aumentou sua fama no esporte alemão nos últimos anos.

O alemão Markus Rehm tem como lema a frase "Você precisa de objetivos para se manter motivado, mas eles precisam ser realistas", que sempre declara em entrevistas. Rehm perdeu a perna direita aos 14 anos, enquanto praticava wakeboard, mas mesmo assim, não se distanciou do esporte.

Mesmo nos primeiros dias no hospital, eu sabia que voltaria, com certeza, a praticar esportes. Um ano depois estava de volta ao wakeboard e até comecei a fazer snowboard no inverno.

Markus Rehm

Ele começou a disputar competições de salto em distância em 2008, mas foi em 2011 que ele ganharia seu primeiro título mundial, na classe F44. No mesmo período, curiosamente, paralelamente à carreira esportiva, Rehm se formou em ortopedia, especializando-se em próteses e ajudando a implantá-las em pessoas que perderam membros.

Logo no ano seguinte, nas Paralimpíadas de 2012, em Londres, o alemão conquistou seu primeiro ouro com um recorde mundial na classe F44, com 7,35m. Competindo na classe T42 a T46, para diferentes níveis de amputados, Rehm ganhou bronze.

O desempenho em Londres fez Rehm querer disputar o salto em distância contra atletas sem deficiência. No seu país, conquistou o título alemão de 2014, com um salto de 8,24m, o que fez alguns adversários protestarem alegando que ele teria uma vantagem injusta devido à sua perna mecânica.

Mesmo com estudos a seu favor, como o da Universidade de Colônia, que determinava que a prótese era uma desvantagem na parte de corrida do salto em distância, mas vantajosa durante o salto, e que elas se anulavam, portanto, não havia vantagem geral, Rehm foi banido do Campeonato Europeu em 2014.

Na ocasião, a federação entendeu que sua lâmina lhe dava uma vantagem injusta contra atletas sem deficiência, uma vez que ficava de 3 a 4 cm mais longa que sua perna natural, e o alemão salta justamente com sua perna direita que foi amputada. Rehm tentou se classificar para as Olimpíadas de 2016, mas teve suas participações em campeonatos no ano anterior anuladas, mesmo o alemão em 2015, em que novamente teve a melhor marca, com 8,11 m, mas ela não foi validada pela federação local por causa de suas próteses.

Se a minha perna fosse uma vantagem assim tão grande, por que é que outros paralímpicos não saltam o mesmo que eu? Nos Mundiais [da categoria], a diferença para o meu principal rival foi de 1,14m e ele tinha o mesmo apoio, técnica e equipamento que eu. Se fosse assim tão fácil, todo mundo saltaria essas distâncias.

Markus Rehm

Depois da frustração nas Olimpíadas, Rehm disputou as Paralimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, e ganhou a medalha de ouro, em uma edição marcante para ele, que foi o porta-bandeira de seu país na Cerimônia de Abertura dos Jogos.

O alemão atualmente detém o recorde mundial de salto em distância em sua classe, com 8,72 m, estabelecido em Rhede, na Alemanha, em junho de 2023, quebrando sua marca anterior de 8,62 m, que foi estabelecida no Campeonato Europeu de Atletismo Paralímpico de 2021, disputado em Bydgoszcz, na Polônia.

No mesmo período, ele venceu o título mundial, em 2019, e conquistou outra medalha de ouro, em Tóquio, no ano de 2021. E agora, para Rehm não basta apenas vencer o tetracampeonato paralímpico, sendo preciso bater mais recordes para se manter no topo.