Verônica volta ao pódio após drama e ausência: o 7º dia das Paralimpíadas
O choro deu lugar ao sorriso. Um dos grandes nomes do paratletismo brasileiro, Verônica Hipólito voltou ao pódio dos Jogos Paralímpicos após oito anos. Em Paris, ela conseguiu a medalha após ficar fora de Tóquio em meio a complexos tratamentos de saúde.
A "Magrela", como passou a ser conhecida, conquistou o bronze nos 100m da classe T36 (paralisados cerebrais). A brasileira fez a prova em 14s24, e ficou atrás apenas da chinesa Shi Yiting, que levou o ouro, e da neozelandesa Danielle Aitchison, com a prata.
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Eu ficava pensando: 'Será que vale a pena?', mas sempre vale. Eu fiquei oito anos bem mal. Eu praticava [esporte] e queria parar, praticava e queria parar, porque eu ficava: 'esse não é o meu corpo. Como o meu corpo mudou'. E aí quando a gente passa a entender sobre capacitismo, gordofobia, quando a gente começa a entender sobre o nosso potencial, as coisas só tendem a melhorar Verônica Hipólito, ao SporTV
Antes do largo sorriso com a medalha no peito, Verônica também viveu a decepção em Paris. Ela chorou após a final dos 200m, quando acabou na sétima colocação. "Queria ganhar essa medalha por todo mundo que acreditou em mim. Mas eu vou trazer essa medalha para o Brasil. O que mais escutei é que eu deveria me aposentar, que não tinha por que um corpo como o meu estar correndo".
Medalhista de prata nos 100m e bronze nos 400m nos Jogos Rio-2016, a atleta ficou fora de Tóquio, e, à época, atuou como comentarista do Grupo Globo. Em 2018, ela teve diagnosticado um tumor cerebral. Verônica ficou algumas semanas de cama e, devido aos corticóides, ganhou peso. Conseguiu participar e faturou medalha no Parapan de 2019, mas não atingiu índice para ir à capital japonesa.
Fico muito feliz pela campanha histórica do Brasil, e muito feliz por estar de volta. Cheguei a falar com o meu treinador que achava que Paris seria a minha última. Mas depois do 200m, ele falou: 'nem a pau'. Por que não ir até Los Angeles, né? Verônica Hipólito
A "Magrela" sofreu um AVC início de 2013 que prejudicou, parcialmente, os movimentos do lado direito. Antes olímpica, ela migrou para o paradesporto depois do episódio. Em 2015, passou por procedimento cirúrgico para a retirada de 200 pólipos do intestino grosso.
Mais medalhas no atletismo
Além de Verônica, o Brasil teve mais três medalhas no atletismo. O velocista Bartolomeu Chaves conquistou a prata nos 400m da classe T37 (paralisados cerebrais para andantes). Ele terminou em 50s39 e ficou atrás apenas de Andrei Vdovin, de bandeira neutra, que fez em 50s27. Amen Allah Tissaoui, da Tunísia, completou o pódio com 50s50 e o bronze.
Ariosvaldo Silva, o Parré, colocou a primeira medalha paralímpica no currículo ao levar o bronze nos 100m classe T53 (atletas que competem em cadeiras de rodas). Ele fez a prova em 15s08 — o saudita Abdulrahman Alqurashi levou o ouro com o tempo de 14s48, seguido pelo tailandês Pongsakorn Paeyo, que fez o tempo de 14s66.
Quem também levou medalha inédita foi Wanna Brito. Ela subiu pela primeira vez no pódio paralímpico para receber a prata no arremesso de peso F32 (paralisados cerebrais que competem sentados), com a marca de 7,89m, o novo recorde das Américas. O ouro ficou a ucraniana Anastasiia Moskalenko, com a marca de 8,00m, novo recorde mundial — ela tinha sido a campeã em Tóquio. O bronze foi para Evgeniia Galaktionova, de bandeira neutra, que fez 7,72 m.
Natação mantém tradição
Assim como o atletismo, a natação tem sido grande fonte de medalhas para o Brasil. Carol Santiago, que se tornou a brasileira como mais ouro em Paralimpíadas, voltou à Arena La Defense e subiu ao topo do pódio pela terceira vez em Paris. Ela venceu os 100m livre S12 (deficiência visual). Agora, ela tem seis ouros em Jogos.
Carol fez a prova em 59s30. O pódio teve ainda a ucraniana Anna Stetsenko, com 1m00s39, e a japonesa Ayano Tsujiuchi, com 1m01s05.
Já Patrícia Pereira levou a prata nos 50m peito S3 (limitações físico-motoras) e conquistou a primeira medalha em prova individual em uma edição das Paralimpíadas — já tinha duas pratas no revezamento 4x50m livre 20 pontos. Ela bateu com 58s31, ficando atrás da italiana Monica Boggioni, com 53s25.
A natação brasileira ainda conquistou o bronze nos 100m livre S9 (limitações físico-motoras). Mariana Gesteira fez a prova em 1m02s22, atrás da norte-americana Christie Crossley (1m00s18), que levou a prata, e da australiana Alexa Leary (59s53), com o ouro e novo recorde mundial.
O Brasil ganhou também a prata no revezamento 4x100m livre - 49 pontos. O time, formado por Matheus Rheine, Douglas Matera, Lucilene Sousa e Carol Santiago, fez a prova em 3m56s94 e ficou atrás apenas da equipe ucraniana, com 3m53s84.
Pódio no halterofilismo
Estreante em Jogos Paralímpicos, Lara Lima ficou com o bronze na categoria até 41kg ao suportar 109 kg no supino. O pódio teve ouro para a chinesa Zhe Cui, que bateu o recorde paralímpico da prova com 119 kg, e prata para a nigeriana Esther Nworgu, com 118 kg levantados.
Vai disputar o bronze
O dia foi de derrotas nas semifinais do goalball feminino e masculino. Assim, as equipes vão disputar o bronze nesta quinta-feira, as duas seleções vão enfrentar a China.
O time masculino, que lutava pelo bi após o ouro em Tóquio, perdeu para a Ucrânia por 6 a 4. Já a equipe feminina foi derrotado pela Turquia, bicampeã paralímpica e atual campeã mundial, por 3 a 1.
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