Alana supera obstáculos e leva o bi no judô: o 9º dia das Paralimpíadas

Alana Maldonado é bicampeã das Paralimpíadas. A judoca brasileira superou um ciclo com obstáculos, confirmou o favoritismo e chegou ao topo do pódio em Paris na categoria até 70kg da classe J2 (atletas que conseguem definir imagens). Em Tóquio, ela tinha se tornado a primeira mulher brasileira com ouro paralímpico no judô.

Quis o destino que o título viesse contra a chinesa Wang Yue, adversária que enfrentou em três oportunidades em 2024, e ainda não tinha vencido. Mas o resultado positivo veio na decisão paralímpica — a brasileira derrubou a oponente duas vezes e conseguiu um ippon.

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Além das três vezes em que eu perdi esse ano, eu tive uma lesão muito séria em uma luta contra ela, na primeira vez em que nos enfrentamos, e acabei ficando o ano de 2023 todo fora dos tatames. Eu sonhei muito com esse momento, eu me via no pódio, ouvia o hino nacional. Deus é maravilhoso e me fez acreditar que eu era capaz. Pouco tempo antes de vir para cá, várias coisas passaram pela minha cabeça, se eu era capaz de vir, de lutar, de fazer história de novo... Gratidão a todos os envolvidos. essa medalha não é só minha Alana Maldonado

Conhecida por ter emoções mais moderadas, Alana não segurou as lágrimas após a conquista. Ela extravasou e revelou que pensou em parar. A judoca contou que lidou com a depressão e colocou em dúvida se conseguiria chegar a Paris.

"Esse ciclo foi muito difícil para mim. Logo após Tóquio tive uma lesão, passei por cirurgia, depois outra lesão, 2023 inteiro fora. Tive alguns problemas com depressão, que me fizeram ficar em dúvida se continuava ou se parava. Poucos dias antes da concentração, eu tive uma crise em um treino de parar e não conseguir mais treinar, só chorar", lembra.

Mas o desejo de viver toda a emoção das Paralimpíadas novamente venceu. Alana conseguiu "virar a chave" e teve um último episódio na capital francesa com o toque da cor dourada.

Mais pódio no judô

O Brasil teve mais medalha no judô. Brenda Freitas ficou a prata na categoria até 70Kg J1, após derrota para a chinesa Li Liu na final.

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Medalha histórica no atletismo

O atletismo brasileiro voltou a ter um dia recheado de conquistas. Antônia Keyla, estreante em Jogos Paralímpicos, conquistou a medalha de bronze na final dos 1500m T20 (deficiência intelectual), com o tempo de 4m29s40, novo recorde das Américas — a marca anterior era dela mesmo, com 4m30s75. Ela ficou atrás da polonesa Barbara Zajac, com 4m26s06 e a medalha de ouro, e da ucraniana Liudmyla Danylina, com 4m28s40 e a prata.

Zileide Cassiano, outra que disputa as Paralimpíadas pela primeira vez, conquistou a medalha de prata na final do salto em distância T20 (deficiência intelectual). O melhor salto dela foi 5,76m, e ficou atrás apenas da polonesa Karolina Kucharczyj, que fez 5.82.

No arremesso de peso da classe F75 (que competem sentados), Thiago Paulino conquistou a medalha de prata. Ele teve como melhor marca a de 15.06m, e o ouro foi para o iraniano Yasin Khosravi, que fez 15,96m.

Thiago Paulino conquistou a prata no arremesso de peso F57 nas Paralimpíadas de Paris
Thiago Paulino conquistou a prata no arremesso de peso F57 nas Paralimpíadas de Paris Imagem: Wander Roberto/CPB

A medalha de Paulino foi a de número 200 do atletismo brasileiro na história dos Jogos Paralímpicos. A modalidade é a que mais rendeu pódios ao país. Em Tóquio, Paulino ficou com o bronze nesta mesma prova.

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Ouro na natação

A natação brasileira também teve novos pódios em Paris. Talisson Glock conquistou o ouro nos 400m livre da classe S6 (limitação físico-motora), com o tempo de 4m49s55, recorde das Américas. O italiano Antonio Fantin, com 4m49s99, levou o ouro, e o mexicano Jesus Alberto Bermudez, com 5m07s00, ficou com a prata.

Este foi o bi de Glock na prova, depois do ouro em Tóquio, e a quarta medalha em Paris. Ele já tinha a prata nos 100m livre S6, e bronzes nos revezamentos masculino 200m medley e misto 4x50 livre.

"Eu fico muito, muito feliz com o que eu tenho feito aqui nesta competição. Foi muita entrega, muita dedicação. Melhor recorde pessoal. E não acabou, amanhã [sábado] tem a última para a gente encerrar. Eu tenho uma grande conexão mesmo com o meu técnico. Já tentei, em alguns momentos da minha carreira, fazer alguma coisa diferente, mas eu sempre acabo retornando para ele. É muito bom ter o Felipe do meu lado, ele é um técnico muito bom. E isso é fruto do nosso trabalho, a gente plantou, plantou e agora a gente tá colhendo", disse Talisson.

Gabriel Bandeira, o Flag Bill, faturou a prata nos 100m costas S14 (deficiência intelectual). Ele fez a prova em 58s54 e estabeleceu o novo recorde das Américas. O brasileiro ficou atrás apenas do australiano Benjamin Hance, que fez em 57s04 e levou o ouro.

Foi a terceira medalha de Gabriel Bandeira nesta edição dos Jogos. O nadador também conquistou o bronze nos 100m borboleta e no revezamento 4x100m livre S14.

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Medalha com peso

Maria Fátima de Castro exibe a medalha de bronze conquistada no para-halterofilismo nas Paralimpíadas 2024.
Maria Fátima de Castro exibe a medalha de bronze conquistada no para-halterofilismo nas Paralimpíadas 2024. Imagem: Silvio Ávila/CPB

Maria de Fátima Castro conquistou a medalha de bronze categoria até 67kg no halterofilismo. A brasileira alcançou o resultado com um levantamento de 133kg. O ouro ficou com a chinesa Yujiao Tan, com 142kg (novo recorde mundial) e a prata com a egípcia Fatma Elyan, com 139kg.

O resultado colocou Maria como a dona do novo recorde das Américas. Anteriormente, a melhor marca continental era da mexicana Amalia Perez Vazques, que suportou 132kg em junho deste ano, em etapa da Copa do Mundo na Geórgia.

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