'Mulher de Ferro' chega às Paralimpíadas após acidente a 'tirar' do futsal
Caroline Fernandes jogava futsal, mas um acidente ainda na juventude mudou o curso desta história. Se outrora eram os pés habilidosos que a faziam sonhar, foi com a força nos braços que ela alcançou um dos grandes desejos: os Jogos Palímpicos.
Carol compõe a delegação de halterofilismo e atua na categoria até 79kg. Ela disputa a final da modalidade neste sábado (7).
Da bola aos pesos
Mineira de Montes Claros, ela sofreu um acidente de carro em 2013, aos 17 anos. O episódio levou à amputação na perna direita.
"Acredito que só depois que passamos por certas situações podemos dizer que, realmente, somos fortes. Diariamente, me deparo com perguntas e olhares diferentes, nunca reclamei. Sempre agradeço, gosto de falar da minha superação. Amo quando crianças me param: 'Nossa, você é a Mulher de Ferro?', e eu, sem palavras pela inocência dela, apenas respondo que sim. Ele começa a rir e sai toda contente contar à mãe", disse, em publicação em uma rede social, alguns anos após o acidente.
Carol Fernandes chegou ao paradesporto após indicação de uma amiga. Primeiramente, tentou vôlei sentado, mas, depois, migrou para o halterofilismo.
Na modalidade, recebeu a primeira convocação em 2022. Participou do primeiro Mundial na edição de Dubai em 2023, quando foi bronze. Foi prata no Parapan de Santiago.
Em Paris, terá a companhia da também halterofilista Tayana Medeiros. Elas se tornaram amigas, e Carol cita a parceira de seleção como referência.
Conheço a Tayana há alguns anos. Primeiro ouvi muito sobre a história de superação dela, das cirurgias que passou ainda menina. Quando a conheci em São Paulo, vi uma menina que batalhou bastante levantar mais pesos que homens. Virou uma inspiração para mim.
Carol Fernandes
"É importante treinar ao lado de pessoas assim, que te fazem ser melhor, te incentivam e fazem achar que tudo é possível. Hoje, posso falar que não estou mais treinando ao lado de uma amiga, mas sim, de uma irmã e mal vejo a hora de realizarmos nosso sonho em Paris", completa.
As respectivas vagas para Paris, inclusive, foram conquistadas juntas. As duas carimbaram passaporte em uma competição em Tbilisi, na Geórgia.
Tayana esteve nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Ela nasceu com uma doença chamada artrogripose — uma malformação das articulações — que comprometeu o movimento das pernas. Conheceu o halterofilismo depois de um evento da modalidade antes dos Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016.
"Competir em eventos assim é sempre importante, mas, fazer isso ao lado de pessoas tão incríveis como a Carol, é especial. Ainda mais nas Paralimpíadas, a maior competição que temos. Sendo atleta, você fica longe da família, principalmente nestas competições, então suas amigas acabam sendo um pedaço de família, para amenizar um pouco a saudade. Então ajuda muito ter a Carol comigo", afirmou Tayana.
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