Paralimpíadas: Colete vibrotátil faz amazona surda sentir música no hipismo
Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)
07/09/2024 05h30Atualizada em 07/09/2024 11h46
A competição do hipismo estilo livre começa, e Laurentia Tan, em conjunto com o cavalo, faz uma apresentação acompanhada de uma música. A amazona de Singapura, porém, é surda e encontrou formas de sentir a canção de outras maneiras.
Tan integra o torneio Grau I, voltado a atletas com comprometimento severo nos quatro membros. Ela teve paralisia cerebral e desenvolveu surdez profunda pouco após o nascimento, e descobriu o esporte equestre aos 5 anos. Ela competiu na final da modalidade neste sábado (7) e ficou na oitava posição.
Ela usa um colete vibrotátil durante as competições de estilo livre, o que a ajuda a interpretar sons por meio de vibrações.
Eu tenho o subpack [um colete que vibra], então consigo sentir um pouco da música às vezes. Você meio que consegue sentir as vibrações através do colete.
Tan, ao site Olympics
A amazona tem o auxílio da equipe para a escolha da música, e também trabalhou com alguns músicos que têm deficiências auditivas para compreender como poderia sentir melhor a canção.
"Eles me ajudaram a traduzir a música, que é algo que não consigo ouvir. Eles não conseguem ouvir a música, mas o que podem fazer é traduzi-la para a emoção que ela está transmitindo, as cores que ela transmite para me dar uma imagem visual para que eu possa entender a história que a música está tentando me contar", contou ao site.
Neste processo, Tan também estudou movimentos de danças, como o balé contemporâneo, e de maestros de orquestras. A "coreografia" das águas em fontes musicais também auxiliaram a tornar a música mais visual.
A amazona faz pinturas próprias da partitura, com cores quentes e frias, e leva essa imagem na memória para a arena de competição. "Tento imaginar onde estou na arena, como isso combina com a música, para ter certeza de que o tempo está alinhado com a música".
Mas Tan também tem um grande aliado no momento da briga por medalha: justamente o companheiro de competição, o Hickstead. "O cavalo tem seu próprio ritmo, então eu tenho de confiar nele. Ele está confiando em mim para liderá-lo e eu estou confiando nele, então é esse relacionamento que temos trabalhando um com o outro".
Tan foi medalhista de prata e bronze nos Jogos Paralímpicos de Londres-2012, e levou dois bronzes em Pequim-2008.