Colombiano 'vampiro' ganha ouro nas Paralimpíadas: 'Gosto de ser diferente'
O gesto de morder a medalha no pódio se tornou rotineiro nas mais variadas competições, mas, no caso de Mauricio Valencia, chama a atenção. Afinal, o colombiano, medalhista de ouro no arremesso de peso nos Jogos Paralímpicos de Paris, é conhecido como "vampiro".
O atleta tem os caninos pontudos, como nos filmes e seriados que mostram as criaturas que se alimentam de sangue.
Eu não queria ter o mesmo sorriso do resto do mundo. Sempre disse que o esporte paralímpico tem de ser um espetáculo. Isso significa sair do estereótipo de estar sentado em uma cadeira de rodas. É uma questão de atitude, que tanto tenho na minha vida ao participar de competições.
Valencia, ao site dos Jogos Paradesportivos Nacionais da Colômbia, em 2019
Os caninos peculiares não são de nascença. Maurício ganhou a marca registrada após uma cirurgia, que foi feita em meio ao ciclo entre Rio-2016 e Tóquio-2020.
Mandei fazer as presas, são de cerâmica. A verdade é que eu gosto de parecer diferente porque eu faço as coisas de forma diferente. Achei que combinavam com a minha personalidade e, por isso, decidi usá-las.
Valencia, ao site colombiano "redmas"
"As pessoas me dão apelidos diferentes, como 'vampiro', 'drácula', sempre me comparam para esse lado, mas o objetivo era que me vissem mais como um 'homem lobo'", completou.
Maurício conquistou duas medalhas em Paris-2024. Ele foi prata no lançamento de dardo e ouro no arremesso de peso, ambos na classe F34 — e já tinha sido ouro no lançamento de dardo e bronze no arremesso de peso no Rio, e prata no dardo em Tóquio.
O colombiano é ativo nas redes sociais e compartilha um pouco da rotina de treinos e de viagens para torneios, e mostra que o estilo diferenciado também está nos acessórios ou cortes de cabelo.
Ele também compartilha algumas mensagens. "Por isso a deficiência é tão bonita, é a oportunidade para quem não teria oportunidade". A frase foi usada por ele como legenda de um vídeo sobre um cachorro ex-campeão de agilidade que ficou paraplégico após ser atropelado, e mostrou traços de recuperação ao assistir a um torneio.
Maurício nasceu em dezembro de 87, e foi vítima de uma hipoxia, quando as células não recebem oxigênio suficiente, e isso provocou sequelas nos membros inferiores. Ele começou no paradesporto na cidade colombiana de Cali, após o técnico Freiman Arias o ver levantando pesos e o convencer a migrar para o atletismo.