Judoca Maria Portela foi roubada? Entenda polêmica com brasileira nas Olimpíadas
Após duas noites consecutivas de insatisfações de torcedores brasileiros - que contestaram notas dadas à skatista Rayssa Leal e ao surfista Gabriel Medina nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021 - na quarta-feira o país amanheceu com mais uma reclamação, desta vez no judô.
Nas oitavas de final da categoria até 70kg, a gaúcha Maria Portela foi eliminada pela russa Madina Taimazova em uma luta muito contestada.
Entenda a polêmica
O objetivo do judô é derrubar o oponente com as costas ou o ombro no tatame ou imobilizá-lo por um período de tempo.
O judô possui duas pontuações diferentes: o ippon - um golpe perfeito em que o rival é jogado no chão de costas, encerrando a luta imediatamente - e o wazari - tipicamente em que o oponente cai de lado ou é imobilizado por um período. Dois golpes do tipo wazari formam um ippon, dando vitória ao judoca e encerrando a luta.
Duas pontuações utilizadas em Jogos passados (o yuko e o koka) foram abandonadas.
As lutas duram quatro minutos e, quando terminam empatadas, vão para uma prorrogação, em que qualquer golpe bem-sucedido dá a vitória a um dos judocas.
A luta de Maria Portela contra Taimazova foi dramática e teve quase 15 minutos de duração - a mais longa destas Olimpíadas até agora. Ainda no tempo regulamentar, Portela resistiu às investidas da russa e teve uma boa oportunidade faltando um minuto para o final da luta.
Mas nenhuma das judocas conseguiu encaixar nenhum golpe e o placar terminou zerado.
Na prorrogação, veio o momento de maior polêmica, com Portela derrubando Taimazova. Árbitros de vídeo analisaram o lance mas o juiz mexicano Everardo Garcia não confirmou o wazari, que daria à Portela a vitória na luta.
Na sequência, Portela foi eliminada por tomar excesso de punições.
Na prorrogação, ela recebeu a terceira punição leve, chamada de shido, por evitar combate. Três punições shido levam ao hansoku-make, a desclassificação dos judocas. No momento em que a gaúcha foi eliminada, a judoca russa também tinha duas punições - e poderia ter perdido a disputa da mesma forma.
Maria Portela chorou muito com a eliminação.
"Aos que acreditaram em mim, desculpa. Eu sei que eu tinha que ter brigado e eu acho que eu dei tudo ali em cima. Mas não deu mais uma vez", disse ela.
Em março, Portela havia derrotado Taimazova na final do Tbilisi Grand Slam 2021. Na ocasião, a russa perdeu a luta com três punições shido - a última por agarrar sua oponente abaixo do cinto.
O que disseram outros judocas?
Muitos judocas e ex-atletas brasileiros reagiram com a mesma indignação de diversos torcedores. Eles contestaram tanto o suposto wazari não marcado quanto a punição dada a Portela.
" Não darem o wazari pra Portela... pra que serve o VAR? Francamente. Lamentável", escreveu no Twitter o ex-judoca Flavio Canto, medalhista de bronze em Atenas 2004.
"Indignado... coração doendo aqui... choro contigo, Maria Portela", escreveu no Twitter o ex-judoca João Derly, bicampeão mundial de judô em 2005 e 2007.
"Nunca gostei de falar da arbitragem, mas meu Deus o que foi essa luta? Wazari não marcado e uma punição muito injusta!"
"Uma vida dedicada ao sonho olímpico, e o árbitro após 10 minutos de Golden Score definir a luta dessa forma. Deixa os atletas decidirem. Sem contar o Wazari que foi nítido antes. Força Maria Portela, você é nossa vencedora", escreveu o judoca Luciano Correa, que foi campeão mundial em 2007. "Não gosto de falar de arbitragem, mas o wazari da Portela foi nítido."
Alex Pombo, que é judoca do clube gaúcho Sogipa, também reagiu com indignação: "Esse árbitro já acabou com o meu sonho nos jogos Pan-Americanos de Toronto trocando o shido faltando segundos pra acabar a luta (...) agora nos jogos olímpicos fazer uma coisa dessa acabar com o sonho de um atleta."
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