Ygor Coelho relembra origem "de filme", mas admite frustração

PARIS - Ygor Coelho, grande nome do badminton brasileiro, veio para a capital francesa para competir em sua terceira edição de Jogos Olímpicos. Um dia após ser eliminado na primeira fase do torneio, o atleta conversou com a reportagem do Olimpíada Todo Dia e refletiu sobre a evolução do esporte, seu legado e os caminhos para que os objetivos dentro de quadra sejam alcançados.

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"Eu me sinto um pouco frustrado por não ter realizado meu objetivo de passar da fase de grupos. Em Tóquio, eu consegui ganhar uma partida e aí perdi para um japonês. Hoje, em Paris, eu perdi para um japonês, de novo, e um coreano", disse o atleta, que se cobra de melhores resultados mas não deixa o bom humor de lado para rir das derrotas brasileiras para o Japão em Paris. Após deixar claro que queria mais e tinha maiores objetivos traçados, ele também pondera sobre a realização de um sonho.

"Mas eu senti todo o momento olímpico. Parece que eu joguei em casa, tinha muito brasileiro torcendo por mim. Nas redes sociais não pararam de chegar mensagens positivas, eu agradeço todas as pessoas, eu me sinto acolhido. Eu sinto que o badminton tá crescendo, a Juliana agora foi a primeira mulher brasileira a ganhar uma partida, o que é histórico em um esporte que não tem tradição. Acho que mais e mais eu mostro para as pessoas que não importa de onde você vem, se você batalhar, trabalhar duro, você consegue sim realizar seu sonho. O meu era representar o Brasil nas Olimpíadas, e eu estou muito feliz de ter chegado até aqui e de inspirar os jovens", contou Ygor Coelho.

Da piscina vazia às quadras do mundo

A história da origem de Ygor é daquelas que poderiam ser roteiro de filme. E nada melhor do que deixar o próprio personagem principal contar como conheceu o esporte que mudou sua vida.

"Meu pai resolveu criar um projeto social na comunidade da Chacrinha (Rio de Janeiro). Ele veio da FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), onde tinham órfãos e menores infratores. Cresceu lá, dos 7 aos 18 anos, mas foi muito ajudado e conseguiu passar para o quadro funcional da fundação, foi para o Colégio Pedro II e lá conheceu um professor com duas raquetes e uma peteca. Ele já estava construindo um projeto de natação, mas aí resolveu colocar badminton dentro da piscina e no quintal que a gente tinha. Foi assim que eu comecei."

"Os equipamentos eram muito caros, a gente não podia comprar muito, fazia durar com super bonder, remendo. A gente jogava descalço, no chão de rua mesmo. Em 2005, meu pai formou uma atleta com problema de audição que conseguiu ser campeã brasileira, e com isso veio a Fundação Decathlon, que reformou todo nosso piso. Eu fui um dos beneficiados, um dos primeiros atletas a treinar lá, e se hoje eu estou aqui, é graças a todo esforço que meu pai fez lá atrás, de ter remendado a raquete, de ter tirado do bolso dele para dar condições para aquelas crianças jogarem."

Los Angeles: Missão Quarta Olimpíada

Mesmo tendo três Jogos Olímpicos no currículo, Ygor Coelho tem apenas 27 anos e quer mais. Com muita calma e consciência das dificuldades, ele refletiu sobre onde pode melhorar e o que deve fazer para representar o Brasil em Los Angeles e, quem sabe, alçar voos ainda maiores.

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"Eu tenho que trabalhar meu físico e minha mente. Eu aprendi bastante com os atletas asiáticos aqui. Eles são totalmente preparados para esse momento. Eu vou ver ano por ano. O sonho maior é ir para Los Angeles, mas temos que ir ano por ano, projeto por projeto, para ver se conseguimos chegar em grandes patamares."

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