Cadeira de Jéssica Messali já estava danificada antes da prova

Paris - Jéssica Messali sabia que algum problema poderia acontecer no trecho final da prova do triatlo. Ela passou quase todo o evento entre as três primeiras colocadas, mas um problema mecânico na cadeira de rodas fez a atleta abandonar no último trecho da competição disputada nesta segunda-feira (2).

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"Minha equipe passou a madrugada inteira arrumando a cadeira e eles não contaram para mim que não estava a 100% porque justamente eles não queriam que eu já fosse atribulada para a corrida, mas eu sabia que pelo clima alguma coisa podia acontecer e a hora que eu subi na cadeira e dei as primeiras tocadas ela travou, foi desolador", lamentou.

Jéssica é a terceira colocada do ranking mundial do PTWC, categoria para cadeirantes. Ela cumpriu com os 750 metros de natação no Rio Sena na quinta colocação. Ela subiu para a terceira posição ao fechar os 20 quilômetros do ciclismo. Neste trecho, ela compete deitada e traciona o veículo com as mãos.

O problema apareceu na primeira volta da corrida, na qual a cadeira tem rodas grandes e os atletas ficam inclinados para frente. Tanto a parte do ciclismo, quanto da corrida passam por trechos com paralelepípedos, como na avenida Champs-Élysées, a mais famosa de Paris.

"Quebrou uma peça dentro do eixo da cadeira, então, não foi a roda. Mesmo que eu tivesse uma roda reserva, não ia entrar ali, quebrou o eixo. Em sete anos de triatlo isso nunca aconteceu e poderia ter acontecido em qualquer prova, mas aconteceu na prova mais importante da minha vida", detalhou Jéssica, bastante emocionada.

"Estou tentando entender, estou oscilando as emoções ainda porque eu preciso de uma resposta. O que eu tinha controle eu fiz", desabafou.

Esta é a segunda vez que a paulista de Jaboticabal participa de uma Paralimpíada. Em Tóquio-2020, ela ficou na quarta colocação após um ciclo de reviravoltas. Jéssica era presença certa no pódio das principais competições, mas sofreu um acidente em uma sauna a poucos dias dos Jogos. A triatleta teve queimaduras e precisou amputar sete dedos, além de fazer 11 cirurgias para a retirada de pele morta. Mesmo assim, ficou a uma posição do pódio.

O Brasil terá mais dois representantes no triatlo nesta segunda-feira. Letícia Freitas compete às 7h05 na prova PTVI, para deficientes visuais. Já Ronan Cordeiro entra em ação às 7h20, horário de Brasília, no PTS5, para triatletas com deficiência físico-motora e paralisia cerebral.

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Todas as 11 provas do paratriatlo foram realocadas para esta segunda-feira porque o Rio Sena estava com qualidade imprópria para banho. Os eventos estavam marcados, em um primeiro momento, para o domingo (1º).

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