Petrúcio se emociona com idolatria e vê Thomaz no pódio

PARIS - Não são muitos os atletas que têm o privilégio de trabalhar lado a lado com seus ídolos, mas a delegação paralímpica do Brasil é um ponto fora da curva. No atletismo, Petrúcio Ferreira é uma referência incontestável para o mundo todo, e seus companheiros de equipe fazem questão de exaltar a admiração que têm.

Na manhã desta sexta-feira, o tricampeão dos 100m rasos lutou, mas não conseguiu uma vaga na final dos 400m rasos, prova em que conquistou prata nos Jogos do Rio de Janeiro e bronze em Tóquio. Entretanto, na mesma bateria semifinal, Thomaz Moraes, prata em 2021, avançou com o quarto melhor tempo geral. Após a prova, a dupla conversou com o Olimpíada Todo Dia, e enquanto o garoto celebrava um lugar na decisão, o veterano fazia seu papel de também dar confiança à nova geração.

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"Estou me sentindo bem, eu fiz uma boa semifinal, a primeira vez que eu corro na raia 9. Aí eu conversei com o meu treinador pra gente sair forte e o trabalho muito bem feita. E vamos pra cima dessa final, tô confiante que dá pra melhorar esse tempo. Tenho que buscar esse 47s para buscar a medalha. Tenho dois adversários muito fortes na prova, mas tô bem confiante pra essa final", analisou Thomaz, que logo foi interrompido.

Petrúcio cavou a brecha e questionou o colega: "Tem dois adversários bem fortes? Não, tem três. E você?", disse o tricampeão paralímpico, já colocando o compatriota para cima.

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Sobre sua participação, Petrúcio também fez uma breve análise e lamentou o resultado nessa prova com a qual ele ainda sonha com o título: "Não deu pra repetir a dobradinha, nem voltar pra final pra poder tentar. Eu tenho uma prata, com gostinho de ouro, com gostinho de ouro lá na Rio 2016. Tóquio tem um bronze, também não tava tão bem fisicamente. Aqui não tô na final, mas trabalhar, quem sabe Los Angeles. Eu tenho esse desejo de um ouro no 400."

"Fisicamente, dentro da pista, a história é outra. Eu não consegui render, mas fico feliz que a gente tem o Brasil na final, com certeza. Não tenho dúvida, vai estar bem representado, brigando por medalha, já sinto vindo essa medalha. Independente da cor, é buscar a medalha pro Brasil", completou.

PETRÚCIO E A IDOLATRIA DOS COLEGAS

Conversando com os atletas do Time Brasil durante os Jogos Paralímpicos, é quase unânime o tratamento de Petrúcio como ídolo, referência. Isso é uma junção de seus resultados na pista com quem ele é fora dela. Questionado pela reportagem sobre essa relação com a nova geração, o atleta fez uma bonita análise.

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"Essa pergunta foi funda no meu coração. Cara, eu me emociono muito, até pra responder tudo isso, de saber que hoje eu sou uma referência, né? Um dia eu fui uma criança que tinha muitos sonhos e hoje consigo realizar esses sonho. Saber que hoje eu sou inspiração, o motivo outros jovens acreditarem no seu potencial, no seu trabalho... Eu tava já na seleção quando o Thomaz chegou aí. Esse cara tem uma história maravilhosa. Cada um tem a sua particularidade de história, de superação, de dedicação, das suas origens, das suas dificuldades que foram enfrentadas, assim como o Petrúcio. Então, o Petrúcio busca sempre trazer alegria, a felicidade, o sorriso para o nosso dia a dia."

Petrúcio ainda olhou para trás, relembrou sua jornada e aproveitou para avaliar como tudo valeu a pena.

"A competição, os Jogos Paralímpicos, o Campeonato Mundial, é a parte fácil, é a parte que você tem que aproveitar para se divertir, para conhecer, para interagir, porque a parte difícil a gente deixou, né? Que é os bastidores, os dias de treino, os dias de sofrimento, os dias que você se pega perguntando se tudo isso tá valendo a pena. Os sacrifícios de não poder fazer isso, de não poder fazer aquilo, não poder comer isso, não poder sair essa noite e visitar a família, mas quando a gente chega nessa competição, nessas grandes competições que buscam medalha, aí você vê que tudo isso valeu a pena, porque você tá sendo uma referência pra outros jovens também alcançar, chegar ao topo do mundo"

Thomaz também aproveitou para falar sobre como é conviver com um cara que é referência desde quando o finalista dos 400m começou: "Ele é um cara que a gente aprende muito, não só nos bastidores, mas antes de entrar na pista também, ele involuntariamente deixa as coisas mais leves. E é referência, olhando ele no dia a dia, a dedicação que ele tem no treino."

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