Ligas europeias e sindicato de jogadores criticam "abuso" do calendário da Fifa

Por Julien Pretot

BRUXELAS (Reuters) - Um sindicato de jogadores, o grupo das ligas europeias e La Liga, responsável pelo Campeonato Espanhol, acusaram a Fifa de "abuso" nesta segunda-feira, ao apresentarem uma queixa conjunta aos reguladores antitruste da União Europeia contra o calendário de jogos internacionais da entidade.

As ligas de elite estão preocupadas com o impacto de um calendário de futebol em expansão sobre o bem-estar dos jogadores, com alguns deles sofrendo com fadiga, lesões e impacto mental, apesar de serem frequentemente compensados com salários enormes.

"A reclamação explica como a imposição de decisões da Fifa sobre o calendário internacional é um abuso de domínio e viola a lei da União Europeia", disseram em comunicado os autores da ação, assinada pela FIFpro Europe, pela European Leagues e por La Liga.

A European Leagues é uma associação que inclui a Premier League (Inglaterra), a Bundesliga (Alemanha), a Serie A (Itália) e a Ligue 1 (França), mas não a espanhola La Liga.

Um ponto de discórdia em particular é o Mundial de Clubes, reformulado para o próximo ano com um aumento de 7 para 32 clubes, com previsão de ser realizado nos EUA por quase um mês. Além de acrescentar jogos, isso poderia atrasar turnês de pré-temporada dos clubes com o objetivo de expandir as bases globais de torcedores.

"Está chegando a um ponto crítico. O feedback que recebemos dos jogadores é que há futebol demais sendo jogado e há uma expansão constante", disse o presidente-executivo da Premier League, Richard Masters, na declaração dos autores da ação.

O presidente de La Liga, Javier Tebas, acusou a Fifa de "agir apenas em seu próprio interesse, sem considerar os danos a todo o ecossistema do futebol".

"É DEMAIS"

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O capitão da seleção francesa, Kylian Mbappé, em um vídeo exibido na entrevista coletiva das três entidades, disse: "Quando é demais, é demais".

A Fifa, no entanto, argumenta que o calendário internacional foi aprovado por representantes de todos os continentes, inclusive da Europa, após consulta às ligas e à FIFpro, sindicato internacional que reúne os jogadores.

Além de um Mundial de Clubes muito maior, a próxima Copa do Mundo será ampliada de 32 para 48 países.

A Uefa, órgão regulador europeu, também aumentou sua programação, principalmente com o novo formato da Liga dos Campeões, mas não foi alvo da reclamação aos órgãos reguladores.

Mathieu Moreuil, diretor de relações internacionais de futebol e assuntos da UE da Premier League, disse que isso se deve ao fato de a Fifa ser responsável pelo calendário internacional, enquanto as relações com a Uefa são diferentes graças ao diálogo.

(Reportagem de Julien Pretot)

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((Tradução Redação São Paulo))

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