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OPINIÃO

Bronze em Pequim diz que o Brasil poderia ter tido mais medalhas no atletismo

Do UOL, em São Paulo

06/08/2021 15h03

O atletismo brasileiro teve a conquista de duas medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com o bronze de Alison dos Santos nos 400m com barreiras e o de Thiago Braz no salto com vara, restando ainda a maratona no domingo, com a participação de três atletas do país, o que pode vir a aumentar a conta de pódios alcançados. Mas para Sandro Viana, medalhista do revezamento 4x100m em Pequim, o número de medalhas poderia ter sido maior.

Em sua participação no UOL News Olimpíadas, o velocista que vai aos Jogos Paralímpicos como atleta-guia, diz que em 2019 o Brasil poderia ter mais medalhas e considera que faltou um cuidado maior em relação aos principais candidatos às medalhas, citando o caso de Darlan Romani, que ficou em quarto lugar no arremesso do peso, depois de ter chegado a treinar em um terreno baldio, já que as estruturas estavam fechadas durante parte da pandemia.

"Se fosse em 2019, estaríamos espantados com as chances do atletismo em Olimpíadas. Nós tínhamos chance de sete medalhas. Só para lembrar, o recorde de medalhas do Brasil é da Olimpíada de Pequim, em 2008, com três medalhas, sendo uma de ouro e duas de bronze. Nós tínhamos chance de sete medalhas, nós tínhamos chance de medalhas que nós já sabíamos do Alison, do que ele vinha fazendo, tínhamos chances de medalha com o Darlan [Romani], com o Thiago [Braz], com a Erica Sena, chance com os três revezamentos, sendo dois revezamentos 4x100m e um revezamento misto, então nós tínhamos chances de medalhas", afirma Viana.

"Em 2021, a situação mudou bastante e é preciso entender que se você tem um potencial desse nas mãos, que você nunca teve antes, você tem que ter controle sobre ele e faltou controle para administrar essa oportunidade, oportunidades são raras, nós temos aí atletas batendo na trave, que poderiam estar no pódio, e o atletismo iria conquistar pelo menos o dobro, no mínimo, na pior das hipóteses, cinco medalhas. Sai da Olimpíada com duas medalhas e já é uma situação que nos deixa pelo menos favorável", completa.

O atleta diz que faltou uma administração melhor na preocupação com os potenciais candidatos ao pódio e faz um alerta de que o tempo para os Jogos Olímpicos de Paris é mais curto e as dificuldades devem ser maiores no ciclo que terá apenas três anos.

"Na minha opinião foi falta de administração. Se você tem um recurso, você não transporta, você não detém um produto de alto valor de uma maneira displicente, você não transporta um grande valor de uma maneira comum. Por exemplo, você transporta um alto valor em um carro forte, você não transporta em um carrinho de mão, só para fazer uma analogia. Então, de 2019 para 2021 faltou sim muita administração sobre cada atleta, fazer um controle pessoal, um acompanhamento pessoal diário", afirma Viana.

"É inadmissível o Darlan Romani treinando em um terreno baldio, sendo ele entre os quatro melhores atletas do mundo no arremesso de peso, sendo que nós nunca tivemos outro atleta que chegasse perto disso. São essas questões, pequenos detalhes que impedem de você simplesmente sair do quarto lugar para o terceiro lugar, sair de uma chance de ser desclassificado para ser pódio. São detalhes que não podem acontecer, então é preciso pensar. Agora, se nós tivemos muitas dificuldades agora, nós continuamos com muita dificuldade, porque nós só temos três anos e numa Olimpíada, em um ciclo olímpico com quatro anos já é difícil, com três anos vai ser mais difícil ainda", conclui.