Alicia Klein: Polêmica com uniforme demonstra o quanto a CBF se sente superior
A seleção brasileira de futebol masculino conquistou a sua segunda medalha de ouro consecutiva nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas causou polêmica o fato de os jogadores não terem vestido o agasalho do fornecedor de material esportivo do Comitê Olímpico do Brasil no pódio, o que rendeu repúdio do COB e crítica do nadador Bruno Fratus, bronze nos 50m livre.
No programa UOL News Olimpíadas, Alicia Klein critica a CBF pela polêmica, vê a entidade se colocando acima das demais e dos outros esportes, além de reforçar a questão do que leva o futebol aos Jogos Olímpicos se, além de não contar com os principais jogadores devido ao regulamento, a seleção passa por cima de determinação do comitê nacional.
"É mais uma demonstração do quanto a CBF, porque aí os jogadores acabam seguindo instruções que muito provavelmente vieram da confederação, não foi uma decisão pessoal deles, de quanto a CBF se sente acima das outras outras confederações, acima dos outros esportes e acima dos outros atletas, porque diversos outros esportes e outros atletas individuais também têm outros patrocinadores com os quais eles competiram, então a pessoa no uniforme de competição pode usar o seu próprio, mas o de pódio precisa ser aquele do patrocinador do seu comitê olímpico nacional", afirma Alicia.
"No momento em que você se sente acima dos outros, gente, tem esportes e tem atletas que dependem dos seus patrocinadores de material esportivo para sobreviver, não é o caso da CBF e não é o caso dos jogadores de futebol que estavam lá. Então é muito mais difícil para outros atletas terem que esconder seus patrocinadores individuais e assumir o do COB no pódio, e todo mundo fez isso, do que é para os jogadores da seleção, que são dos poucos brasileiros que estão lá que são muito bem remunerados, que podem viver do futebol, a CBF é de longe, disparado, a confederação mais rica de todas entre os esportes que estão representados nos Jogos Olímpicos", completa.
A jornalista afirma que a situação acaba desrespeitando também os atletas de outras modalidades, que vestiram o uniforme do COB mesmo sendo alguns patrocinados por outras marcas.
"Acho um tremendo desrespeito, muito menos entre CBF e COB, eles que se entendam, mas em relação aos outros atletas, todos eles cumpriram o protocolo, porque é o que está combinado. Então, parecer que os atletas do futebol são diferentes, são acima, levanta novamente a questão do que o futebol está fazendo nos Jogos Olímpicos, porque já não são os melhores atletas da modalidade por definição, por regulamento, e aí vão lá e fazem essa patacoada de não respeitar o protocolo que todo mundo respeitou", conclui.
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