| | 16/05/2005 - 09h30
Após frustração no Mundial, Brasil indica mudanças na seleção Ricardo Zanei
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro  | | | Romário (d), do Brasil, chute contra gol japonês, durante a disputa do 3º lugar |
Estava tudo armado para uma grande festa. Arena cheia, sol forte em Copacabana. Era o domingo perfeito para mais um título. Mas o Brasil perdeu na véspera para Portugal e teve que se contentar com o terceiro lugar no primeiro Mundial da Fifa de futebol de areia. A conquista, em tom melancólico, veio com a goleada por 11 a 2 sobre o Japão, de Rui Ramos. O tropeço fez com que o trabalho até então realizado entre agora em um período de análise, com a possibilidade de mudanças.
"O trabalho continua. Teremos uma reunião com os dirigentes da Confederação nesta semana e algumas medidas podem ser tomadas. O esporte evoluiu, não é como era há 10 anos. Cabe a nós trabalharmos mais", disse o técnico Índio, no cargo há quase dois anos.
Até a derrota para Portugal, ele era unanimidade no elenco e recebeu elogios rasgados até de Romário, que o comparou a Carlos Alberto Parreira. O tropeço no primeiro Mundial da Fifa fez com que conceitos entrassem em xeque. "Vamos rever, avaliar, trocar informações para dar continuidade ao trabalho na Liga Européia", comentou o treinador, citando a competição que começa em duas semanas, a qual o Brasil joga como convidado.
| FIFA CONFIRMA MUNDIAL-06 | O Rio de Janeiro foi palco do primeiro Mundial da Fifa de futebol de areia. A praia de Copacabana, local onde a modalidade nasceu, recebeu a competição, que pela primeira vez teve a chancela da entidade. A experiência foi considerada positiva e o órgão confirmou a realização da segunda edição em 2006.
Para os próximos torneios, a idéia da entidade é manter a competição anual, assim como acontece hoje, mas com um rodízio de sedes.
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O consenso entre os jogadores brasileiro é de que a evolução do esporte foi a grande responsável pelo equilíbrio em quadra. O Brasil, pioneiro na modalidade, dominava com ampla vantagem nos primórdios, mas a superioridade não se repete mais atualmente. "O Brasil é uma referência, mas Portugal, Espanha, França e Ucrânia estão crescendo, e não vai me surpreender se, em um futuro próximo, se o Japão fazer frente a esses times. Isso é importante para o esporte", disse Índio.
"Tem de saber perder também. O melhor é o que ganha e temos que tirar lições. É hora de botar na cabeça que eles estão evoluindo e temos que achar que poderemos perder também. O medo de perder faz com que a gente fique mais alerta e compenetrado", completou o veterano Júnior Negão, de 40 anos, capitão da seleção até a chegada de Romário.
O jogador do Vasco, convidado a disputar o Mundial, se tornou a grande estrela da competição. Aos 39 anos, ele foi elogiado por todos do elenco pela sua importância dentro e fora de quadra, principalmente graças à sua experiência.
Além de Romário e Júnior Negão, outros atletas da seleção superaram a casa de 30 anos, como Robertinho (35), Chumbinho (33), Neném (32), Benjamin (32), Juninho (31), Jorginho (30) e Pierre (30). Dos 12 convocados, o mais jovem é Bruno (25), seguido por Betinho (27) e Buru (28). A alta média de idade (31,8 anos) indica uma possível renovação.
 | Temos de conquistar um título o mais rapidamente possível para apagar o que aconteceu aqui. Foi uma lição para o futuro | | |  | Neném, da seleção brasileira
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"O processo é diário. Temos jovens como Sidney, Camilo e Orelha, entre outros, que estão sendo aproveitados, além de Bruno e Betinho, que jogaram o Mundial. Esses garotos já estão pegando experiência para criarmos um grupo de qualidade para jogar na seleção", analisou Índio.
Novos nomes, no entanto, não devem ser a tônica, pelo menos nas próximas convocações. Júnior Negão, por exemplo, admite que sua permanência no elenco depende da autocrítica. "Não tenho prazo de validade. Enquanto eu jogar bem e não estiver atrapalhando, eu continuo. Se eu jogar mal e atrapalhar, eu saio", comentou.
Mesma situação vive Romário, que deve se dedicar apenas ao futebol de areia depois da aposentadoria dos gramados, prometida para o final do ano. "Acho que dá para jogar mais dois anos ou três anos na praia. Se eu for convocado, continuo na seleção."
Após a reunião desta semana, ainda sem data e local confirmados, ficará conhecido qual o futuro da seleção brasileira. Mas, para Neném, vice-artilheiro do Mundial com nove gols, três a menos que o português Madjer, a receita é "simples". "Temos de conquistar um título o mais rapidamente possível para apagar o que aconteceu aqui. Foi uma lição para o futuro", definiu.
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