| 16/05/2005 - 09h30 Futebol de campo ainda seduz jogadores da areia Ricardo Zanei Enviado especial do UOL No Rio de Janeiro O futebol de praia é uma modalidade emergente no Brasil. País fundador e principal força do esporte (mesmo com o terceiro lugar no primeiro Mundial da Fifa), os brasileiros são os mais próximos entre todos os outros rivais a alcançar o profissionalismo. Mesmo assim, o futebol de campo, responsável por cifras milionárias, ainda seduz os atletas da areia.
Interessados em um atacante alto (1,87 m, 87 kg), de boa habilidade e eficiente no jogo aéreo, podem procurar Bruno, camisa 6 da seleção brasileira que disputou o Mundial em Copacabana. "Se pintar uma boa proposta de algum time do Rio de Janeiro ou do exterior, eu toparia. Seria mais um desafio na minha carreira", disse o jogador, de 25 anos, o mais novo no elenco brasileiro.
Até o técnico Índio, depois de ser elogiado por Romário, que o comparou a Carlos Alberto Parreira, deixou aberta a possibilidade de trabalhar nos gramados. "Quero primeiro trabalhar com a seleção brasileira. Futebol de campo é outra coisa mas, de repente, se surgir uma oportunidade, pode ser que eu pense. Sou oriundo do futsal e profissional de educação física, formado, pós-graduado, e meu pai foi jogador profissional, Zezinho, que jogou no Flamengo, Botafogo-RJ e São Paulo nos anos 50 e 60."
Muitos jogadores da areia já tentaram a sorte nos gramados, como Neném, que passou por Fluminense (RJ), Marcílio Dias (SC), Figueirense (SC), CFZ (RJ) e jogou até na França, no Lille. O sucesso, no entanto, não é garantido.
Caminho inverso Já o inverso, o caminho campo-areia, é histórico e responsável pelo advento da modalidade. Júnior, Edinho, Paulo César, Cláudio Adão, todos precursores da modalidade nas praias do Rio de Janeiro, foram ex-jogadores de sucesso nos gramados.
Capitão da seleção brasileira antes da chegada de Romário e mais velho do elenco, com 40 anos, Júnior Negão também jogou no campo, por clubes como América-MG e Deportivo Itália (Venezuela). "Quando voltei para o Rio de Janeiro, em 1993, surgiu o futebol de areia. Comecei a jogar e estou aí até hoje."
O jogador mais veterano da seleção ainda não pensa em aposentadoria. "Não tenho prazo de validade. Enquanto eu jogar bem e não estiver atrapalhando, eu continuo. Se eu jogar mal e atrapalhar, eu saio", comentou Júnior Negão.
Romário é um outro exemplo do caminho campo-areia. Outros ex-jogadores profissionais também seguiram esses passos, como o francês Cantona, o argentino Acosta, o português Hernani e o espanhol Amarelle. "Não dá para negar que é mais fácil, por que o campo é menor. Isso não acontece só no futebol, acontece também no vôlei, com caras como Kiraly, Tande e Nalbert, que trocaram a quadra pela areia", comentou Júnior Negão.
|