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Após 'aprender' BMX nos EUA, Canina volta vitorioso ao Brasil por estudos

Felipe Munhoz<br/> Em São Paulo

07/08/2009 12h36

O brasileiro Diogo Canina, 26 anos, trocou a temível fase dos cursinhos vestibulares por uma aventura internacional sobre duas rodas. O garoto desistiu dos estudos em Amparo, no interior de São Paulo, para tentar a sorte no BMX, nos Estados Unidos. Agora, cinco anos depois, ele está voltando ao país, com duas medalhas de prata dos X Games na bagagem, para se dedicar à faculdade de economia em Campinas (SP).

CANINA TEM 2 PRATAS NOS X GAMES
Jeff Gross/Getty Images/AFP
Nos X Games deste ano Canina liderou quase toda a final, mas acabou em 2º
RESULTADO DO BMX NOS X GAMES 2009
1- Scotty Cranmer
2- Diogo Canina
3- Gary Young
4- Ryan Guettler
5- Corey Bohan
6- Daniel Dhers
CANINA CONQUISTA OUTRA PRATA

"Quando eu estava com 20 anos e já estava no segundo ano de cursinho preparatório para vestibular, eu sentei com a minha mãe e disse para ela que eu não estava mais me esforçando, pois naquele momento minha vontade era viajar e andar de bike. Pedi pra ela me tirar do curso e gastar a mesma grana em um curso de inglês. Fiz isso já na semana seguinte e, depois de um ano, eu estava viajando com minha bike sem saber o que iria acontecer", lembrou Canina.

Segundo o atleta, que atualmente mora em Greenville, na Carolina do Norte, a mudança foi fundamental para o seu crescimento no esporte. No Brasil, o BMX ainda não ganhou o mesmo espaço do que outros esportes radicais já têm, como o skate e o surfe. Estudante de economia, Canina destaca que o BMX ainda é um esporte caro para os brasileiros.

"O BMX é um esporte que tem a sua própria indústria e ela é autossustentável, muitos, mas muitos atletas vivem do esporte. Pense em quantas coisas são necessárias para a prática desse esporte. Pneus, aros, correntes, guidões, bancos, etc. Isso sem contar o mais forte, que é a parte fashion do esporte, roupas, tênis...Porém, no Brasil, isso não acontece. A nossa economia dificulta demais a prática desse esporte e o desenvolvimento dessa indústria", afirmou Canina.

Canina já é um dos principais atletas da modalidade nos Estados Unidos. Na última edição dos X Games, ele liderou quase toda a final do BMX Freestyle Park. No entanto, foi superado por Scotty Cranmer. Na ocasião, Gary Young ficou com a medalha de bronze. Esta foi a segunda medalha de prata do brasileiro nos X Games.

BMX TEM PROBLEMAS NO BRASIL
Jeff Gross/Getty Images/AFP
O brasileiro deixou o vestibular para trás e foi andar de BMX nos Estados Unidos
Arquivo Pessoal
Diogo Canina (de branco) acredita que a visibilidade do BMX pode melhorar no BR
De acordo com o BMXer, existem dois motivos que atrapalham o desenvolvimento da modalidade no país. "Primeiro porque uma bicicleta de BMX para começo custa em torno de R$ 1.000, o que é caro para nosso Brasil de hoje. E segundo porque toda a indústria é estrangeira, eles vendem pouco aqui, por isso investem pouco em atletas daqui", destacou Diogo Canina.
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"O BMX, com certeza, está vivendo dias bons no Brasil e está crescendo. Acredito que essas duas medalhas nos X Games que eu trouxe para o Brasil possam estar ajudando, mas não sei dizer o quanto. O Brasil é um país tropical, onde se pode praticar esporte todos os dias do ano. Qualquer melhora na nossa economia, como estamos vivenciando, ajudará o BMX mais do que qualquer outra coisa, assim como para outros esportes também", opinou o brasileiro.

Para Canina, o BMX está mudando e a nova tendência é descartar os freios, como ele fez na edição deste ano dos X Games. "Tirei o freio da minha bike no final da temporada do ano passado e recebi diversas críticas dos meus amigos que correm campeonatos. Sempre me diziam que eu não andava mais como antes. No entanto, bike sem freio é o que os praticantes do esporte esperam de nós hoje em dia", explicou.

"Quando se tira o freio da Bike, tudo se torna diferente e você precisa ser mais preciso em tudo que vai fazer. Tudo o que você estava acostumado a fazer precisa quase que reaprender. Entre os atletas, pouquíssimos estão andando sem freio, porém é um caminho inevitável para mim", acrescentou.

O brasileiro ainda não sabe se vai terminar a faculdade no Brasil ou se vai transferir para os Estados Unidos. Para 2010, o atleta tem apenas uma certeza. "Quero ver se consigo sair finalmente deste segundo lugar [nos X Games]", finalizou.


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