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Brasileiros minimizam desempenho no vertical e exaltam 'lições' da Mega Rampa

Felipe Munhoz<br/> Em São Paulo

22/09/2009 07h01

O desempenho dos brasileiros no skate vertical até agora em 2009 está aquém do que o "segundo maior mercado da modalidade no mundo", como dizem com orgulho, costumou a apresentar nos últimos anos. O país que conta com um pentacampeão mundial - Sandro Dias - e com Bob Burnquist, que soma 17 medalhas nos X Games, ainda não conseguiu festejar um 1º lugar sequer neste ano. Em contrapartida, influenciado por Burnquist, receberá a 2ª edição da Mega Rampa em São Paulo e ganha cada vez mais adeptos na modalidade.

SEM 1º LUGAR NO VERTICAL EM 2009
Site oficial do Sandro Dias/Divulgação
Sandro Dias comemorou na última sexta o seu segundo 3º lugar no Circuito Dew Tour
MELHORES COLOCAÇÕES NO VERTICAL
China Invitational Dew Tour
5º Bob Burnquist
X Games da Ásia
5º Marcelo Bastos
TIMtribu World Cup de Roma
2º Marcelo Kosake
Maloof Money Cup '09
3º Bob Burnquist
Dew Tour Boston
4º Sandro Dias
X Games '09
6º Bob Burnquist
Dew Tour Portland
3º Sandro Dias
Dew Tour Salt Lake City
3º Sandro Dias
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Apesar disso, os skatistas acreditam que o desempenho discreto do Brasil na temporada do vertical não pode ser relacionado a uma mudança de foco, mas tem a ver com os poucos campeonatos que existem no Brasil e com a sorte. Para eles, a Mega Rampa traz muitos aprendizados e ganhos em algumas manobras do vertical, mas não ameaça a modalidade tradicional do skate, principalmente, pelo acesso raro a esta mega estrutura.

"A coisa que eu mais quero fazer na vida é andar mais uma vez na Mega Rampa. É a sensação mais gostosa que eu vivi no skate na minha vida. Mas não tem como largar o vertical, você precisa da base do vertical para andar na Mega Rampa", afirmou o skatista paranaense Marcelo Kosake.

Para o atleta, esta nova modalidade pode acabar influenciando para mudanças nas manobras e na construção da pista de vertical. "Os próprios half-pipes vão aumentar a altura e os atletas que andam mais na Mega Rampa já conseguiram aumentar o nível dos aéreos. Eu comecei a andar este ano e vejo que ela te dá mais domínio do corpo no ar. A princípio fiquei meio sem dormir depois de andar. Eu deixaria de andar em half-pipe para andar na Mega Rampa, mas não tem como isso acontecer", destacou Kosake, que conquistou um 2º lugar neste ano no TIMtribu World Cup, em Roma.

Bob Burnquist é um dos percussores da Mega Rampa no mundo, ao lado do norte-americano Danny Way, e trouxe a modalidade ao Brasil. Único no mundo a ter uma mega pista no quintal de sua casa, o skatista é um dos poucos que afirma que neste ano deixou o vertical um pouco de lado.

"Estou andando mais na mega para filmar manobras novas todos os dias e pegar mais habilidade. O vertical tem a sua relevância, é muito técnico, você tem que focar muito no treinamento e eu ando de uma maneira geral. O vertical tem muito mais do que duas paredes, há muito o que fazer ali, ainda pode evoluir bastante. Cada evento agora está focando em uma coisa: têm uns que o vertical é o principal, tem outros que é o street. Algumas pessoas se acostumam com o mesmo e não gostam de mudança", alfinetou Burnquist.

VERTICAL FORA DOS X GAMES
Segundo Edson Scander, diretor esportivo da Confederação Brasileira de Skate, o vertical já esteve perto de ficar de fora dos X Games.

"Há uns dois anos atrás tinham dito que o vertical tinha acabado. Por causa da evolução do bowl [formato de piscina] e da Mega Rampa, não ia ter vertical nos X Games do ano passado. Mas os skatistas bateram o pé e a organização voltou atrás", lembrou.

Scander destaca que o vertical já esteve em baixa no passado. "No final da década de 80, o skate veio forte e o street acabou tendo muitos adeptos e fez com que o vertical perdesse força, ficou só adormecido e depois voltou com todo no primeiro X Games, que ainda era chamado de Extreme Games", afirmou.
FANNING GANHA 6ª ETAPA

Nos X Games deste ano, Edgard "Vovô" foi a grande surpresa do Brasil na mega modalidade. Elogiado por Bob Burnquist e confirmado para a 2ª edição brasileira no Sambódromo do Anhembi, o atleta acredita que o desempenho dos brasileiros também tem a ver com a carência de campeonatos.

"Não dá para cobrar muito porque não está tendo evento no Brasil. Nós temos o Rio Vert Jam e agora a Mega Rampa. Temos atletas de nível muito bom no skate, só que a gente não tem este empurrão. Aqui a gente corre um evento por ano. Alguns patrocinadores ajudam a ir para fora, mas não são todos que conseguem. Os que se dão bem lá fora são os que moram lá, onde o circuito é grande", argumentou.

Para Kosake, a sorte também tem que ser levada em conta nos campeonatos. "Tem alguns dias que você não acorda bem, que as coisas não dão certo. Acho que isso é normal. É como no futebol, às vezes, o cara erra o pênalti e dá tudo errado", explicou o paranaense.


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