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Marinha dos EUA 'invade' mundo dos X Games por apoio à Guerra ao Terror

Marinha dos EUA faz demonstração e pede apoio da população nos X Games - Rodrigo Farah/UOL Esporte
Marinha dos EUA faz demonstração e pede apoio da população nos X Games Imagem: Rodrigo Farah/UOL Esporte

Rodrigo Farah

Em Los Angeles (EUA)

01/08/2010 07h04

MARINERS DOS EUA NOS X GAMES EM LA

  • Blindado da Marinha dos Estados Unidos marca presença durante os X Games em Los Angeles

  • Marinha dos EUA promove gincanas com jovens durante a disputa dos X Games na Califórnia

  • Marinha está buscando apoio dentre a população

Skates, motocicletas, tatuagens e muita farra no meio de jovens em busca de emoção. Os X Games são a Meca dos viciados em adrenalina, reunindo o que há de melhor nos esportes radicais. Mas agora tente imaginar este cenário californiano invadido por tanques de guerra e toda a seriedade de um regimento militar. É assim que a Marinha dos Estados Unidos tenta chamar a atenção diante de milhares de fãs fanáticos por aventura.

Bastam alguns passos além entrada do complexo dos X Games, em Los Angeles, para avistar o setor dos militares. Em meio a sessões de autógrafos de atletas e exibição de marcas populares entre o público cativo do evento, a Marinha norte-americana se instala com imponência e a maior área entre todos os estandes dentro da competição.

O objetivo é simples: melhorar a imagem das forças armadas na Guerra contra o Terrorismo e cativar os jovens do país.

E olha que os atrativos não são poucos. Uma das patrocinadoras oficiais do evento, a Marinha utiliza simuladores virtuais de batalhas, promove competições com brincadeiras militares e exibe armamentos e vídeos mostrando como é a vida dentro da organização.

Tudo isso em clima descontraído, com direito a um verdadeiro “showman” brincando com o público.

No discurso, os militares negam qualquer tipo de incentivo ao recrutamento dos jovens ou algo parecido. “É apenas um trabalho de relações públicas. Trouxemos alguns recrutas para entreter o público e também mostrar o trabalho que fazemos na Guerra contra o Terrorismo. Não passa disso”, afirmou o mestre em mergulho militar Ken Willmota, líder do grupo da Marinha nos X Games.

Mas o que acontece na realidade é bem diferente. Isso porque são distribuídos uma série de pôsteres e outros informativos incentivando diretamente o recrutamento.

“Alguns sonham em ser líderes. Outros trabalham para isso”, diz um dos panfletos contendo espaço para os interessados se inscreverem em uma pré-seleção militar.

“Isso é muito legal. Sempre gostei das forças armadas, mas nunca tinha visto essas coisas tão de perto. Quem sabe no futuro não me junto a eles. Apoio tudo o que o exército está fazendo no Iraque”, afirmou o motivado Mike O’Neal, de apenas 13 anos, antes de ouvir a resposta do pai. “Vamos deixar isso mais para frente, né filho?”.

SAIBA MAIS SOBRE O CASO

A guerra ao terror ganhou críticos. No início do mês, um relatório divulgado pelo Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA divulgou que foi gasto mais de US$ 1 trilhão no projeto desde o 11 de setembro. É o maior valor do país em uma operação militar desde a Segunda Guerra Mundial.

As coisas ficaram piores quando o site Wikileaks publicou mais de 91 mil páginas de relatórios feitos por equipes de combate americanas no Afeganistão. Os textos divulgam a formação de milícias e execuções sem julgamentos, entre outras coisas. A Casa Branca implorou para que o site pare de veicular os documentos.

Apesar do grande esforço e investimento, o estande da Marinha esteve longe de ficar entre os mais populares dos X Games. Segundo Willmota, os militares receberam a visita de apenas algumas centenas de fãs por dia, número bem inferior se comparado aos de outros expositores do complexo esportivo em Los Angeles.

Na verdade, a baixa procura fica fácil de ser explicada se for analisada a crescente antipatia do povo norte-americano em torno da Guerra ao Terror.

De acordo com o instituto de pesquisa Rasmussen Reports, mais de 50% da população do país exige o retorno das tropas no Oriente Médio em um ano ou menos. No início da década, o número estava próximo dos 20%.

Resta agora às forças armadas dos Estados Unidos continuar inovando a relação com o povo para tentar reverter novamente a opinião pública.

“Já realizamos esse tipo de divulgação em outros eventos esportivos, como em jogos de futebol e basquete. É importante manter esse elo com os americanos mais jovens”, completou Ken Willmota.