Skatista de Ronaldo não conhece o agente e diz que não faz comercial "certinho"

Com ídolos como Bob Burnquist e Sandro Dias caminhando para os 40 anos, o Brasil já olha para a nova geração para especular quem pode ser o grande nome do skate do país em um futuro próximo. E aqueles que estão inseridos neste universo sabem que o adolescente Pedro Barros provavelmente vai ocupar esse espaço logo mais.

Aos 18 anos, o jovem catarinense já é tricampeão mundial de skate park e carrega a chancela de figurar no seleto casting de atletas gerenciados pela empresa de Ronaldo Fenômeno. No entanto, ao contrário de colegas badalados de 9ine como Anderson Silva e Neymar, Pedro Barros ainda não conhece seu famoso empresário pessoalmente. Mesmo assim, elogia a agência pelo esforço dela entender seu desejo de não aparecer em propagandas encarnando uma personalidade que não é a sua.

Barros visitou a agência em São Paulo uma vez e não teve a sorte de conversar com o homem que hoje gerencia sua carreira, junto com equipe da 9ine. O papo com Ronaldo também não saiu nem por telefone.

"Sempre teve desencontro. A vez que eu fui na 9ine ele não estava. A vez que ele foi numa competição eu não estava. Então até hoje eu não encontrei ele pessoalmente para dar um oi. Mas eu espero durante este trabalho conhecer ele", declarou o skatista em entrevista ao UOL Esporte em Foz do Iguaçu, onde disputa os X-Games.

Mesmo com Ronaldo como chamariz, o novato catarinense teria recusado oportunidades publicitárias, tudo em em nome de seus princípios como criatura do skate. Por isso, neste quesito de exposição, segue bem atrás de colegas de agência como Neymar, Anderson Silva e mesmo da turma do pelotão intermediário, como o astro do futsal Falcão e o jogador de pôquer André Akkari. Mesmo assim Barros recentemente fechou, por intermédio da empresa do Fenômeno, parcerias com duas grandes marcas (Ford e GoPro).

"A 9ine é demais, a galera de lá é muito legal. Eles sempre estão me ajudando bastante na divulgação do meu nome. E eles conseguem entender meu lado também, como skatista. Eles não são uma agência normal, que quer me vender de qualquer forma possível. Eles entendem que eu tenho a minha imagem, o meu jeito de ser, a minha personalidade. Eles sempre me ajudam desta maneira, sem contrariar os meus princípios", diz o skatista.

Perguntado sobre a questão dos comerciais encarando uma eventual encenação de comportamento, Barros responde que não está interessado.

"Eu sempre vivi uma vida no meio do skate, eu cresci assim. Minha vida sempre foi movida a isso, e eu continuo a viver a mesma vida que eu tinha anos atrás. Eu não preciso mudar minha imagem para ser outra pessoa. Se fosse para me corromper, para mim não interessaria", afirma.

Em Foz para os X-Games, Barros demonstra a naturalidade de um aspirante a ídolo de um universo tão específico como o dos esportes radicais, sem filtros no contato com mídia e fãs. Tanto que concede a entrevista sem se preocupar com o julgamento por segurar um copo de cerveja, em atitude que poderia incitar polêmica se o talentoso atleta de 18 anos disputasse outra modalidade.

Filho de um surfista, Pedro tinha apenas um ano quando se deparou pela primeira vez com um skate. Na volta da praia, o pai encontrou seu bebê vidrado pelo objeto de quatro rodinhas. Hoje, com o suporte da família e de patrocinadores, o campeão mundial tem no quintal de casa em Florianópolis um bowl (pista de park, que lembra uma grande piscina vazia).

O garoto que nas horas livres toca Joy Division, Dead Kennedys, Ramones em uma banda com amigos aparece em competição nos X-Games no domingo. Pedro Barros é o grande favorito ao ouro no skate park dos X-Games, evento em que já acumula três ouros.

*o jornalista viaja a convite da organização dos X-Games Brasil