Brasileiro cria jet ski de competição 40% mais barato usando sucata e garrafas pet
No Brasil, jet ski é sinônimo de luxo e riqueza. Mas um engenheiro baiano está tentando mudar essa imagem – e, como resultado, tornar o esporte um pouco mais acessível. Usando materiais recicláveis, incluindo sucata e garrafas pet, Bruno Jacob, atualmente o nono colocado no circuito mundial de jet ski freeride, construiu a sua própria moto aquática, gastando 40% menos do se tivesse comprado em uma loja no país.
O equipamento desenvolvido por Jacob, pronto para ser usado em competições, custa R$ 20 mil. No mercado brasileiro, um jet ski similar custa R$ 34 mil e ainda precisa de adaptações para ser usado por atletas. E o mais impressionante: toda essa economia é feita apenas com a produção do casco, já que o motor é comprado diretamente das fábricas especializadas.
“Eu pratico jet ski desde os 14 anos. Na faculdade, quando chegou a hora de decidir qual seria o projeto de conclusão de custo, resolvi usar minha paixão pelo esporte e criar um projeto de jet ski mais barato. Eu queria popularizar o esporte. E como faria isso? Diminuindo muito os custos. E isso é exatamente a função dos engenheiros de produção: otimizar os custos”, explica Jacob.
Basicamente, o casco do jet ski é formato por dois materiais: fibra de vidro e alumínio. A fibra de vidro, para ser moldada no formato desejado, passa por um processo de laminação em que cada camada de fibra de vidro recebe uma camada resina, para dar resistência. “E essa resina é feita a partir de garrafas pet”, explica Jacob.
Além disso, os canos de escapamento e para cabeamento são feitos com alumínio e inox que são obtidos de ferro velho. “Se não usássemos esse material de sucata não seria possível chegar ao custo. E o valor baixo sempre foi o objetivo do projeto”. O engenheiro calcula que o casco usa 95% de materiais reciclados. “Esses 5% correspondem a reforços de fibra de carbono e kevlar que são necessários para dar resistências em áreas importantes do casco”.
Ao final do processo, o casco fica até 70% mais barato do que o similar industrializado. “Além disso, o nosso índice de desperdício é de apenas 3%”, ressalta Jacob. O projeto fez tanto sucesso que será apresentado em uma feira internacional e a inovação no processo de laminação (usando técnicas da área aeronáutica) está sendo patenteado (na foto abaixo).
E quem acha que, por usar material reciclado, o jet ski baiano é inferior os concorrentes, a resposta é dada pelo próprio Bruno Jacob, na água. Ele utiliza o equipamento nas etapas do circuito mundial e, até agora, sempre com êxito.
A vantagem principal é que o design foi completamente adaptado às necessidades de competição. “Fiz um produto para minhas características. Eu achava que os fabricantes pecavam em alguns detalhes e encareciam demais o produto”.
Essas diferenças, aliás, fazem com que o piloto baiano vire atração durante os torneios. “Chega a ser chato. Você está no grid de competição, tenta se concentrar e sempre tem muita gente em cima. É bom que sempre viajo com técnico e mecânico e mando todo mundo para eles. Meu mecânico está até aprendendo inglês com isso”.
De quebra, os jets baianos ainda têm facilidades de transporte: o casco é universal e aceita motores de diferentes fabricantes. Com isso, o piloto pode usar propulsores locais, sem a necessidade de transportar o equipamento inteiro. Essa facilidade também torna a comercialização mais fácil. “As pessoas sempre olham, perguntam sobre o casco. É muito normal vendê-los durante as viagens”, explica o piloto.
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