Após pedir esmola, campeão de kitesurf diz que água fria é o maior desafio
Todos os dias, Eudázio da Silva saía da escola, em Caucaia, no Ceará, e ia à praia de Cumbuco cantar e batucar para ganhar algum dinheiro e poder comprar alguns jogos de videogame. Não era exatamente música, como ele mesmo descreve, era mais “um barulho” que lhe rendia uns trocados. Tal rotina fez com que ele conhecesse o kitesurf, esporte que hoje pratica profissionalmente, mas que lhe traz um novo e inusitado desafio: enfrentar a água fria.
Aos 20 anos, o jovem cearense é tricampeão brasileiro de kitesurf e um dos principais representantes do esporte no país, mas ainda busca sucesso internacional. Neste ano, disputou seu terceiro mundial da modalidade e acabou em quinto lugar. Em entrevista ao UOL Esporte, ele contou que sua dificuldade fora do Brasil é enfrentada por todos os atletas do país, já que não estão acostumados às águas mais frias, principalmente da Europa.
“No Mundial temos mais dificuldade por causa dos ventos fortes, aqui é mais equilibrado. Nosso nível ainda não dá medalhas também pela falta de adaptação às águas frias. Eu costumo ir treinar na Grécia e no Egito para me adaptar, mas não em lugares tão frios quanto em alguns do Mundial, como a França”, explica.
Este desafio é ainda maior para Eudázio, que aprendeu e sempre praticou o esporte nas águas mornas da praia de Cumbuco, no Ceará.
A carreira começou por causa de um amigo que conheceu na praia cearense. Eudázio o via praticar de longe, gostou e começou a aprender. No começo, os caros equipamentos eram emprestados do amigo, mas, com o tempo, pegou prática, passou a ensinar o esporte e ganhou o próprio kite.
Como aprendeu rápido, logo mudou o motivo das visitas à praia e tornou-se professor de kitesurf.
“Eu ajudava em algumas escolas por aqui (Caucaia), ensinava o pessoal, e eles começaram a me dar os equipamentos”, lembra.
Sua habilidade chamou a atenção de um investidor, que hoje se tornou um amigo. Ele viu futuro em Eudázio e um dia perguntou: “Você quer crescer?”. Com a resposta positiva, o cearense participou de sua primeira competição internacional, no Marrocos, em 2011. Desde então, ele enfrenta o desafio das condições adversas de outros países para ficar entre os três melhores do mundo.
Enquanto a medalha não vem, os planos de Eudázio são de investimento no esporte e divulgação da modalidade, além de voltar a estudar. Ele abandonou a escola no primeiro ano do ensino médio, mas sabe que precisa se formar, então já colocou o estudo na lista de promessas para o ano que vem. Isso tudo sem deixar a cidade de Caucaia.
“Aqui é o melhor lugar do mundo, tem ventos perfeitos. Eu pretendo montar uma escola para crescer e divulgar o esporte em Cumbuco. Pretendo ficar aqui. O dinheiro que eu ganho agora é para investir, não mais para videogames”.
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