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Campeão brasileiro luta para desmitificar perigo do jet ski: 'Sofro isso'

Bruno Jacob, campeão da Copa das Confederações de jet ski, cria os veículos com os quais compete - Divulgação
Bruno Jacob, campeão da Copa das Confederações de jet ski, cria os veículos com os quais compete Imagem: Divulgação

Júlia Caldeira

Do UOL, em São Paulo

15/09/2013 06h00

Bruno Jacob é apaixonado por jet ski. Desde os 14 anos ele aprendeu a pilotar e realizar manobras e, aos 16, participou de sua primeira competição, o campeonato baiano. Hoje, aos 25 anos e formado em engenharia, ele comemora o título de Campeão da Copa das Confederações da modalidade, mas enfrenta preconceitos.

Segundo o atleta que escolheu o jet ski como estilo de vida, as pessoas veem o esporte com maus olhos, já que o veículo virou sinônimo de perigo nas praias do litoral brasileiro.

“É um esporte que, infelizmente, tem um veículo a motor, o que é uma arma como o carro. Todo esporte a motor é perigoso e todo veiculo motorizado pode ser uma arma. Mas se você for comparar com moto e carro é o mais seguro que tem. Eu nunca me machuquei, nunca quebrei nada”, garantiu em entrevista ao UOL Esporte.

Usado na maioria das vezes como veículo de passeio, o jet ski é pouco relacionado ao esporte.

Exemplo disto é o Brasil estar em segundo lugar na venda jet skis no mundo, mas ter Jacob como único representante do país no Mundial da modalidade. O baiano, que se tornou campeão da Copa das Confederações no mês passado, lamenta não ganhar tanta atenção quanto os acidentes.

Por isso, anseia por pilotos mais conscientes, que façam o curso prático exigido para guiar um jet ski e respeitem os banhistas e surfistas. “Um (piloto) desrespeita e acaba queimando a imagem de todos. Eu sofro isso, mesmo seguindo as regras”, conta, apontando  uma das dificuldades para popularizar o esporte no país.

Mesmo assim, a dedicação de Jacob para tornar seu esporte mais conhecido no Brasil é de tempo integral.  Até seu trabalho de conclusão de curso na faculdade foi dedicado a isso. Jacob criou modelos de jet ski mais leves e 40% mais baratos, que possuem partes feitas com sucata e garrafas pet. A partir deste projeto, ele lançou a própria marca de jet skis, que usa em competições e divulga em exibições pelo nordeste e em competições internacionais.

Foi assim que garantiu o título da Copa das Confederações. Procurado pela organização para fazer uma exibição antes do torneio, o brasileiro foi chamado para competir, e acabou ficando em primeiro lugar.

O título foi o ponto alto do ano, que ele espera encerrar entre os três melhores do mundo. Para isso, terá que superar os contratempos no torneio mundial, que teve etapas canceladas pela crise na Europa e no qual ainda não passou do 9º lugar, posição que conquistou nas etapas da França e EUA. A última e decisiva etapa será disputada no Brasil, na cidade de Laguna, em Santa Catarina, entre os dias 25 e 27 de outubro. E ele já garante: “o bicho vai pegar”.

Mas a competição do mês que vem não é a única preocupação do baiano e nem os treinos sua única ocupação. As exibições pelo país dividem o coração e o tempo do atleta, que diz gostar tanto de ser aplaudido em uma apresentação quanto celebrado em uma vitória.

“É diferente, eu não digo que eu prefiro um ou outro. As competições são legais porque a gente roda o mundo. Mas nas apresentações a gente cativa o público. As manobras das exibições são plásticas, bonitas e chamam a atenção. São sentimentos diferentes”, explica.

Dividido, ele se vê prejudicado por não poder praticar fora do Brasil e ter que enfrentar condições adversas em outros países, mas não deixa de lado as apresentações. Mesmo que não comemore um título no mês que vem, ele celebra os resultados de sua colaboração para divulgar o esporte.

"Faço muitas apresentações pelos interiores do nordeste, em alguns locais onde nem existia um (jet ski), e hoje tem cinquenta. A gente vai em uns lugares bem pobres que o pessoal gostaria de praticar no laguinho e hoje pratica”, comemora.