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Recordista do X Games, piloto brasileiro de BMX tem websérie bizarra

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

12/01/2014 06h00

“Regaceira, zica mesmo, um lixo”, os adjetivos populares que normalmente serviriam de xingamento para pessoas normais, para o piloto de BMX (bicicross freestyle vertical) Douglas Leite de Oliveira, o Doguete servem de elogio e incentivo para continuar em frente.

Tanto que esses “elogios”, se transformaram em abertura da sua websérie, a websérie Ou Yeah Dougras! A Vida de Doguete, criado pela produtora Bolovo (a mesma que produz o MTV Sports) cujo protagonista é o próprio Douglas, recordista de aerial (vôo mais alto com sua bike) da história do festival X Games - 6,73 metros, e grande ídolo dos bikers brasileiros da atualidade.

Baladas, bebedeiras, shows e muita ação com sua bicicleta de aro 20, e com incríveis drift bikes (triciclos adultos que derrapam nas ladeiras) fazem parte do “quase” roteiro divertido desses programentes veiculados na internet, e acompanhados por uma audiência fiel e participativa.

Com seu jeito bem descontraído e cheio de graça, Doguete tem milhares de fans e seguidores, e na edição brasileira do X Games em Foz do Iguaçu, no ano passado, além do recorde ganhou também o capacete do seu maior ídolo, o campeão americano Matt Hoffman.

Doguete já participou do Jump Festival, Mega Rampa, X Games e treina atualmente na pista municipal de São Bernardo do Campo, no Radial Bike Park e no Carapicuiba Dirt Jump.

Mas nem tudo foram flores na trajetória ascendente desse piloto natural do Jardim São Rafael, no extremo leste de São Paulo. Douglas já trabalhou e deu duro em bicicletarias, ferro velho e gráfica, antes de se mudar para São Bernardo do Campo. E foi graças as suas pedaladas (inicialmente como seu meio de transporte), que Doguete conseguiu aprender manobras de alto grau de risco com seus amigos e tem se transformando em um dos maiores nomes do BMX mundial.

Em uma entrevista exclusiva para o UOL Esporte, Doguete fala sobre seus voos, manobras radicais, quedas e sobre como é viver de BMX no Brasil.

UOL Esporte -  Você acha que o BMX no Brasil está deixado de lado?

Doguete – O BMX brasileiro é muito forte e esta conquistando seu espaço aos poucos. Mas ainda falta muito incentivo sim, e mais patrocinadores, mesmo com uma nova safra de pilotos que cresce a cada dia. Os pilotos profissionais hoje em dia não tem patrocínio, por isso trabalham para se autobancar e poder correr as provas.

UOL Esporte – Quem são os melhores pilotos do momento no Brasil e fora daqui, você tem ídolos?

Doguete – O Brasil sempre esteve em destaque internacional no BMX, como André Jesus, Leandro Overall, Paulinho Saçaki, Denis Canina, Diogo Canina, Caio Rabisco, Marcelo do Amaral, Gabriel Durace, Anderson Dand, Thiago Bernardo são alguns desses nomes do BMX Free Style. É claro que tenho muitos ídolos como o megacampeão Matt Hoffman, Jamie Bestwick, Chrys Doyle, Morgan Wade, Kevin Robinson, e também brasileiros como o Rafael Mazo, o Leandro Overal, o Andre Jesus, o Luis Indio, o Pardal, o Cunhado e o Vitor Borracha.

UOL Esporte – O que você acha que falta para o BMX nacional estar em nível de primeiro mundo?

Doguete – Falta uma estrutura em território brasileiro com um centro de treinamento específico para esportes de ação, igual o que existe na Pensylvania (nos Estados Unidos), o Woodward Camp, com outras cinco unidades espalhadas pelo mundo, mas todas distantes do Brasil. Esses locais se transformam em verdadeiras fábricas de medalhistas de ouro. O investidor que trouxer esse estrutura para o Brasil vai conseguir gerar os melhores do mundo, e além de medalhas vai rentabilizar o investimento.

UOL Esporte – Qual a manobra que você acha mais radical?

Doguete – Essa manobra não existe, hehe (sorri). Todas são “casca grossa” (difíceis de se realizar). Uma mais barra que a outra como o triple backflip, o double front flip Superman, o 1080 graus, o quadruplo tailwhip, o backflip triple tailwhip, o 720 barspin to no hands, são tantas que nem consigo imaginar qual seria a mais radical.

UOL Esporte – O BMX é conhecido por quedas frequentes. Voce já caiu muito? Se machucou? Houve algum acidente que o fizesse repensar se continuaria a andar?

Doguete – Eu já cai muito. Já trinquei a terceira vértebra lombar e comprimi a coluna. Já cai de cabeça, quebrei o braço, tive torções, luxações, concussões, mas nenhuma me fez pensar em parar, porque eu amo o que faço e quando a gente faz o que gosta de coração, não passa pela cabeça parar de fazer isso.