Depois da greve dos pilotos, a temporada seguiu para o Brasil, onde Piquet venceu, mas foi desclassificado porque sua Brabham estava abaixo do peso. Isso não seria nenhuma novidade, já que havia muita diferença entre os motores e os times estavam recorrendo a qualquer brecha para recuperar terreno.
"A gente tentava todos os tipos de truques", admite Blash. "Era trapaça, honestamente. Nós tínhamos assentos especiais. Então na classificação o piloto usava um assento. Depois, na última volta, ele era trocado por outro tão pesado que precisava de dois mecânicos para carregá-lo. Com a carenagem era a mesma coisa. Precisava de uns quatro para trocar. Um cara da Martini, que patrocinava a gente, um dia perguntou porque mesmo quando estava ventando muito nossa carenagem não voava. Ele achava que a gente tinha um problema", se diverte o ex-diretor da Brabham.
Naquela época, Ecclestone estava se tornando mais forte politicamente entre as equipes. E isso dava certo poder para a Brabham. "Ele era tão mau quanto qualquer um de nós. Ele até dava algumas ideias para a gente".
Mas Blash sabe que a Brabham não estava sozinha. "Sabemos que a Williams e a Tyrrell faziam coisas parecidas. E todos estavam tentando. Talvez fossemos mais extremos".
Um dos truques mais famosos era usar um tanque só de um dos lados do carro. Para passar nas inspeções, esse tanque sempre estava cheio, e as equipes diziam que o líquido serviria para arrefecer os freios. "Imagine colocar 60 kg só de um lado do carro, isso tornaria o carro 'inguiável'. É claro que essa água escapava e escondia o carro abaixo do peso. No final da corrida, o regulamento permitia preencher esse tanque. Daí o peso voltava ao normal", explica Piola.