A jogada toda teve assinatura do Rei. Visão de jogo, posicionamento, arranque, drible e conclusão. Conjunto perfeito para aquele que seria um dos gols mais importantes do futebol brasileiro, o milésimo de seu maior jogador. O goleiro já tinha ficado para trás há alguns passos, Pelé estava cara a cara com o gol. O lance, porém, teve um desfecho improvável.
Com a mesma rapidez de Pelé, moldada sobretudo pela raça, o zagueiro Nildon adiou a festa do milésimo. Com o pé esquerdo, desviou a bola em cima da linha e, por segundos, fez o camisa 10 santista flertar com o desespero.
O Brasil não precisou esperar tanto para ver Pelé ir às redes pela milésima vez. Dali a apenas três dias, no Maracanã, ele converteu um pênalti na vitória por 2 a 1 sobre o Vasco. A festa interrompida na Fonte Nova, então, deslocou-se para o Rio de Janeiro. O roteiro de heróis e vilões tinha chegado, enfim, a um ponto final.
Até fazer a merecida festa no Maracanã, Pelé teve de encarar adversários que não quiseram entrar para a história pelas portas dos fundos. Um deles era Nildon, conhecido na Bahia como o "zagueiro mais ético" que passou pelo clube, justamente por ter feito seu ofício de forma exemplar. O lance fez o defensor lutar contra a injusta fama de vilão.
O UOL Esporte mergulha na história e reconta passo a passo como o jogador chamado de Birro-Doido parou o Rei do Futebol numa tarde quente de domingo, repleta de expectativa, sonhos e reviravoltas. Pelé morreu aos 82 anos, em 29 de dezembro de 2022, depois de marcar 1283 gols na carreira.