Zagueiro elegante, jogava de cabeça erguida. Quem o viu em campo conta que, quando soava o apito final, a camisa ainda estava dentro do calção e o uniforme nem tinha manchas de barro. A técnica, a inteligência, o fino trato com a bola, que lhe levaram à seleção brasileira bicampeã mundial, combinavam com sua personalidade: calmo, culto e educado, Zózimo Alves Calazans falava quatro línguas, cursou Pedagogia e se distinguia dos demais pela postura fora das quatro linhas.
Lembrado como um jogador e ser humano diferenciado, o defensor não é dos mais conhecidos entre os 14 atletas campeões em 1958 e 1962. Conquistas estas que ainda preservam o seu nome - embora muitas vezes esquecido - na história do futebol brasileiro e mundial.
Estudioso, pois se sentia profundamente preocupado com o futuro e as condições financeiras da família, teve os planos e a carreira como técnico abreviados pelo acidente de carro que o vitimou em uma tarde chuvosa de setembro de 1977. Deixou a mulher e dois filhos.
A fim de resgatar a memória do acanhado e brilhante zagueiro, nascido em Salvador (BA) em junho de 1932, que se mudou para o Rio de Janeiro ainda pequeno e conquistou o mundo duas vezes, o UOL conversou com pessoas próximas a Zózimo e colheu registros de jornais da época, como a entrevista em que Pelé o descreve como o marcador mais difícil que encontrou.