Adeus ou até breve?

Marta se despede das Copas, mas tem chance de disputar as Olimpíadas em Paris

Luiza Sá Do UOL, em Melbourne George Hitchens/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Marta se despediu das Copas do Mundo na eliminação da seleção brasileira na fase de grupos. Maior de todos os tempos, ela deixa os Mundiais sem ter conquistado um título, mas como parte fundamental da melhor campanha da história em 2007.

Na saída do estádio de Melbourne, ela relembrou a frase após a queda do Brasil na Copa de 2019 quando disse "chore no começo para sorrir no fim" ao pedir mais investimento e atenção no futebol feminino. Na resposta, Marta disse que ainda vivia uma mistura de emoções, mas poderia, sim, sorrir no final.

Marta deixa a seleção com ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003 e 2007, prata nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 e Pequim em 2008, e o vice-campeonato mundial em 2007.

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Eu só queria agradecer a Marta por tudo o que ela fez pelo futebol feminino brasileiro e mundial. Ela é uma grande jogadora. Espero que ela continue com a seleção para as Olimpíadas no ano que vem"

Rafaelle, zagueira da seleção brasileira

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Faro de gol

A Marta de 17 anos, que estreou em 2003, é bem diferente da versão com 37, que faz a última Copa em 2023. Vinte anos depois, ela assumiu o protagonismo, lutou por melhores condições e deixa a seleção em uma um patamar acima no que diz respeito a desenvolvimento.

Ela virou "mágica" pela sua boa estreia em Mundiais, há 20 anos, nos Estados Unidos. Foram três gols logo no primeiro ano no time profissional, e também um aperitivo do que viria adiante. A seleção — que tinha a menor média de idade do torneio — chegou às quartas de final, quando acabou eliminada pela Suécia.

O show na principal competição do futebol veio em 2007, na China. A Rainha conseguiu pela primeira e última vez ser a artilheira de uma edição da Copa, com sete gols. Foi também neste ano a melhor participação do Brasil na história, terminando com o vice-campeonato.

Na sequência das Copas do Mundo, foram mais quatro gols de Marta na Alemanha (2011), um no Canadá (2015), e dois na França (2019). Lá, inclusive, superou o alemão Miroslav Klose e se isolou como artilheira máxima dos Mundiais.

Todos os gols de Marta em Copas do Mundo

  • 3 gols em 2003

    um contra a Coreia do Sul (3 -0), um contra a Noruega (4-1) e um contra a Suécia (1-2)

  • 7 gols em 2007

    dois gols contra a Nova Zelândia (5-0), dois contra a China (4 -0), um contra a Austrália nas oitavas (3-2), dois contra os Estados Unidos na semifinal (4-0)

  • 4 gols em 2011

    dois contra a Noruega (3-0), dois contra os Estados Unidos nas quartas de final (2-2)

  • 1 gol em 2015

    um gol contra a Coreia do Sul (2 -0)

  • 2 gols em 2019

    um gol contra a Austrália (2-3) e um gol contra a Itália (1-0)

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Acabou?

Marta ainda não bateu o martelo sobre encerrar a carreira pela seleção brasileira e tem chances de disputar as Olimpíadas de Paris, em 2024.

Ainda é cedo para cravar, especialmente porque a continuidade da técnica Pia Sundhage está ameaçada. A sueca projetou dificuldades para a camisa 10 seguir sendo convocada.

"Enquanto eu estiver à frente, vamos trabalhar para encontrar novas jogadoras, vai ficar cada vez mais difícil para a Marta continuar na seleção", disse.

O cenário mais provável neste momento seria ver Marta encerrar os mais de 20 anos de seleção tentando pela última vez o ouro olímpico. Em entrevista após o jogo, ela não fechou as portas para essa possibilidade, mas também evitou cravar seu desejo.

"Confio no trabalho feito, tenho total convicção se der continuidade vai dar certo. Temos que nos apegar às coisas positivas, os familiares, o apoio ao futebol feminino. Temos talento, uma equipe forte, e agora é levantar a cabeça. Elas têm chão pela frente e não pode jogar pedra no primeiro obstáculo que aparece", disse.

Galeria de Marta

  • Seis vezes eleita melhor jogadora do mundo (2006, 07, 08, 09, 10 e 18)

  • Vice-campeã da Copa do Mundo de 2011

  • Prata nas Olimpíadas de Pequim (2008) e Londres (2012)

  • Tricampeã da Copa América (2003, 2010, 2018)

  • Bicampeã Pan-americana (2003 e 2007)

  • Primeira mulher a integrar a calçada da fama do Maracanã

Outras prioridades

Aos 37 anos, Marta se encaminha para o final de carreira porque quer muito em breve ser mãe. Ela já começa a projetar quando quer realizar esse sonho e se programa para isso.

A maternidade ainda é um tabu dentro do esporte, o que influencia para que Marta só queira ir adiante quando encerrar a carreira. O vínculo com o Orlando Pride é válido até 2024, ano que serão realizados os Jogos Olímpicos em Paris.

Gigante dentro dos gramados, Marta sempre aproveitou a visibilidade que recebeu pela habilidade com a bola nos pés para dar voz às lutas que cercam há décadas o futebol feminino. Pediu atenção à modalidade, igualdade e respeito. Agora ela sai de cena em Copas, mas talvez possa ainda desfilar nos gramados franceses. Até porque Paris é logo ali!

A Marta não vai jogar mais uma Copa, obviamente, mas elas vão. A gente se dedicou a vida inteira para jogar esse jogo, para jogar esse tipo de competição. Infelizmente não veio. Se olhar o nosso time, tem muita menina talentosa, com potencial enorme"

Marta, camisa 10 da seleção feminina

Está um misto de muita coisa, posso até dizer, posso sorrir. Sou privilegiada por ter tido a oportunidade de jogar seis Copas, de estar aqui na seleção, de estar junto com essas meninas, de presenciar o quanto mudou, e espero que continue mudando pra melhor"

Marta, após a eliminação do Brasil na Copa

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