Meu primo Gabriel não era de brigar. Um dia, descobri que tinha uma menina batendo nele. Fui tirar satisfação. Eu sempre fui briguenta, e acho que tinham medo de mim.
Chegou um ponto, no início da minha adolescência, em que as pessoas eram proibidas de andar comigo no bairro. Minha melhor amiga assobiava em frente de casa pra me chamar. A gente só se encontrava na pracinha para que os pais dela não soubessem.
Eu bebia, eu fumava, eu experimentei drogas. Hoje, sei que sofri abusos sem entender o que era aquilo.
Eu não tenho vergonha do meu passado, porque acredito que ele me transformou no que sou hoje. Sou vice-campeã mundial de luta olímpica no júnior e no adulto, campeã mundial militar. Tenho 103 medalhas em torneios no mundo inteiro. Mas isso não importa.
Na luta olímpica, o importante é o agora. Um dia você é vice-campeã mundial e no outro dia você pode não ser mais ninguém. Eu aprendi isso da pior maneira possível.