Não cuidaram de mim

Aline Silva, vice-campeã mundial de luta olímpica: "Hoje, sei que sofri abusos sem entender o que era aquilo"

Aline Silva Em depoimento ao UOL, em São Paulo Marcus Steinmeyer/UOL

Meu primo Gabriel não era de brigar. Um dia, descobri que tinha uma menina batendo nele. Fui tirar satisfação. Eu sempre fui briguenta, e acho que tinham medo de mim.

Chegou um ponto, no início da minha adolescência, em que as pessoas eram proibidas de andar comigo no bairro. Minha melhor amiga assobiava em frente de casa pra me chamar. A gente só se encontrava na pracinha para que os pais dela não soubessem.

Eu bebia, eu fumava, eu experimentei drogas. Hoje, sei que sofri abusos sem entender o que era aquilo.

Eu não tenho vergonha do meu passado, porque acredito que ele me transformou no que sou hoje. Sou vice-campeã mundial de luta olímpica no júnior e no adulto, campeã mundial militar. Tenho 103 medalhas em torneios no mundo inteiro. Mas isso não importa.

Na luta olímpica, o importante é o agora. Um dia você é vice-campeã mundial e no outro dia você pode não ser mais ninguém. Eu aprendi isso da pior maneira possível.

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Para contar a minha história, é preciso começar do começo. Minha mãe me criou sozinha, porque meu pai e ela não ficaram juntos por muito tempo. Quando ele deixou a gente, eu não tinha nem um ano de idade. Foi embora para formar outra família.

Naquela época, a gente foi morar num apartamento e não tinha muito o que comer, porque não tinha dinheiro. Foi aí que minha mãe me deixou com a vovó. Assim só ela passava dificuldade. Não sei exatamente quanto tempo isso durou, mas me lembro que pedia com frequência um travesseiro da minha mãe pra poder dormir sentindo o cheiro dela.

Depois de um tempo, fomos morar no quintal da família. Primos, tias e avós, todos moravam no mesmo terreno, na zona sul de São Paulo, perto do Jabaquara. Tudo ficou melhor. Minha mãe trabalhava, eu brincava com meus primos, e minha avó cuidava da gente. Cansei de apanhar de bengala. Mas também recebia muitos mimos. Até hoje dá água na boca lembrar do arroz doce que ela fazia. Mas quando eu tinha uns 8 anos, meu avô e minha prima faleceram, minha avó entrou em depressão e nunca mais foi a mesma.

Vovó passava o dia sentada no sofá assistindo televisão, e se a gente não desse comida pra ela, ela não comia. Eu e meus primos passávamos o dia com ela, enquanto nossas mães trabalhavam. Com isso, acabei passando mais tempo sozinha e eu, que já era um pouco rebelde, fui ficando mais. Não tinha ninguém me vigiando. Não gostava de ser mandada e passava a maior parte do tempo na rua. Hoje, tentando entender a Aline daquela época, eu acho que só queria ser percebida.

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Minha mãe trabalhava como louca e quase não nos víamos. Eu estudava de manhã, minha mãe trabalhava até de madrugada. Quando eu chegava da aula, ela já tinha saído. Quando ela voltava, eu já estava dormindo.

Eu sempre fui muito alta. Minha primeira menstruação aconteceu aos 9 anos e, aos 11, eu já tinha 1,71 m de altura. Hoje, aos 33 anos, tenho 1,76 m. Quando você é alta, é muito mais fácil se fazer de velha e se aproximar de pessoas mais velhas. Eu tinha cara de criança, mas e daí? Tinha 10 anos, e meus amigos tinham 18.

Comecei a beber muito e aprendi a fumar cigarro. Como minha mãe fumava, eu pegava vários cigarros escondido. Com 11 anos, eu experimentei maconha.

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Minha mãe pedia para que eu varresse a casa todos os dias. Como ela só chegava às 2 da manhã, eu voltava um pouco antes pra ela não desconfiar, arrumava tudo e deitava como se nada tivesse acontecido. Até o dia em que tudo saiu do controle, e eu não voltei.

Só tenho flashes daquela noite, me lembro que estávamos todos bebendo como de costume. E o de costume já era bastante. Uma das últimas lembranças é de um dos meninos que eu considerava como primo, porque era da família da madrinha da minha mãe, falando: "Tira a mão dela. Não faz isso. Não mexe". Apaguei. Acordei no hospital. Eu e outras meninas desconfiamos que alguém colocou alguma coisa na nossa bebida.

O que minha família conta é que minha mãe chegou do trabalho e eu não estava. Ficou todo mundo preocupado. Minha mãe andou por todas as bocas do bairro me procurando. O marido da minha prima me achou a uma quadra de casa. E só me encontrou porque dois meninos que estavam com a gente falaram que viram a Aline bebendo na rua, mas que não estavam junto. Eles estavam junto. Eles estavam junto e me largaram no meio da rua desacordada. Não era calçada: era no meio da rua.

No hospital, falaram que eu poderia ter morrido. Estava em coma. Uma coisa que me marca muito é que o médico perguntou: "Onde é que a senhora estava pra sua filha de 11 anos estar nessa situação?" Em nenhum momento perguntaram do meu pai. A culpa era toda dela.

Passei uma semana como se ainda estivesse bêbada. Fiquei tão traumatizada que não queria pensar nos detalhes. Todo mundo me julgava. Meus tios e tias vinham me dar sermão e eu ouvi os comentários:

"A Aline não tem jeito, está perdida. Se com 11 anos já está assim, daqui a pouco aparece grávida ou pior. A Lídia não está sabendo criar a filha."

A Lídia é minha mãe. E a culpa é sempre da mulher.

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No dia em que entrei em coma, meu pai até ajudou a me procurar. Mas isso não vale como presença na minha vida. Eu lembro muito bem das vezes em que ele ia me ver. Foram poucas.

Ele sempre prometia que iria me buscar. Nem sempre aparecia. Quando ia, a primeira coisa que eu via era a cabeça dele em cima do muro quando chegava. E lembro dos dias em que fiquei esperando pra ver aquela cabeça, mas ela nunca aparecia. Ele dizia: "Eu não consegui ir porque eu queria te levar um presente e estou sem dinheiro. Não queria ir assim, sem presente".

Eu não queria presente. Tudo o que eu queria era o carinho. Mas ninguém pode obrigar uma pessoa a ser pai.

Quando minha mãe começou a exigir que ele pagasse pensão, eu bati o pé. Não queria dinheiro. Acho que tinha medo que não me visitasse por causa do dinheiro. Não queria que ele me desse algo só porque foi obrigado pela Justiça.

Ele nunca pagou pensão. Materialmente, uma vez o meu pai me deu um computador quebrado. Nunca consegui usar. Ele também me deu um relógio quebrado. Não lembro de mais nada. Das desculpas, eu lembro.

Com 15 anos, eu ia bastante atrás dele. Dava ao meu pai mais chances de me magoar. Ele falava coisas sem pensar que marcaram minha vida inteira. Dizia que não queria que eu continuasse seca e fria como eu era. Não queria que eu ficasse como minha mãe. Meu pai fez algumas outras coisas que eu não sei se um dia vou conseguir perdoar. E não estou pronta pra falar sobre isso.

Hoje, não faço mais esforço. É um buraco que vai sempre existir na minha vida e não será preenchido. Quando eu precisei, ele não estava lá. Não consigo enxergá-lo como pai, não consigo ter afeto. É impossível criar uma relação depois de 30 e poucos anos.

Depois do coma alcoólico, minha mãe foi até a minha escola e descobriu que eu não estava indo às aulas. Era uma escola pública, o ensino não era forte e, como eu sempre gostei muito de ler por influência da minha mãe, pegava as coisas rápido. Tirava ótimas notas, vários 9, 8.

Minha mãe procurou saídas pra mudar as companhias. Fui parar numa escola particular. Não era a mais cara, mas era a que a minha mãe podia pagar. O mais legal é que tinha esporte e atividades extracurriculares. Minha mãe me inscreveu no jazz e na informática, mas eu queria, mesmo, era o judô. De qualquer jeito. Minha mãe não me apoiou. Era coisa de menino e ela queria algo que me acalmasse.

Eu não sei quando a transformação aconteceu, mas o esporte tem grande parcela nisso. Fui querendo ser boa no judô, sonhando e me encontrei. Mudei meu comportamento, as amizades e os hábitos. Não lembro em que momento eu larguei o cigarro. Quando fui para o esporte, já não queria mais saber de fumar.

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O esporte me transformou, me fez uma pessoa melhor. Mas também tive que lidar com outra coisa: assédio.

Por ser grande e ter o corpo formado muito jovem, eu acabei iniciando minha vida sexual muito cedo. Antes dos meus 18 anos, me relacionava com homens bem mais velhos. Qualquer atenção vale pra quem se sente sozinha. Hoje, tenho consciência de que aquilo era pedofilia.

Esses relacionamentos com homens mais velhos não chegavam a ser namoro. Alguns tinham namoradas e vinham conversar, xavecavam e levavam pra sair. Sem compromisso.

Eu vejo muita gente falando que "essas novinhas são terríveis, sabem muito bem o que estão fazendo". Digo por experiência própria: elas não sabem. Talvez um dia elas se deem conta.

Certos abusos eu só fui me dar conta com 20 e poucos anos. Só tive consciência anos e anos depois, ao ver na televisão uma matéria sobre abuso sexual. Esse assunto deveria receber mais atenção da mídia.

Entender os porquês de algumas situações, é difícil. Tinha 11 anos e me sentia desconfortável com pessoas em quem eu confiava. Não sabia a razão do desconforto. Você confia tanto nessa pessoa e não sabe por que se sente tão mal. Depois de muitos anos, descobri que isso acontecia não porque eu era fria, mas porque aquilo não estava certo.

Uma vez, um técnico meu me agarrou dentro do carro. Tentou me beijar. Eu não quis e fiquei decepcionada.

Toda relação com técnico é muito próxima. Eu, que não tinha pai, transformei ele em figura paterna. Sentia inveja dos filhos dele, queria ser como eles. Queria um pai como o deles.

Quando se sofre o abuso de pessoas de confiança, não é só sobre sexualidade. É confiança, é amor. É sobre um afeto que você quer, mas acha que não merece. Eu tinha 14 anos e sentia que as pessoas não conseguiam me enxergar com amor, só viam sexualidade.

Até hoje não me sinto segura pra falar dos abusos. Não é porque sou covarde, mas eu sei como a sociedade funciona: "Por que não falou antes?". Primeiro, naquela época eu nem sabia que aquilo era abuso e segundo, não é fácil falar de um crime em que você vai ser julgada como culpada. Vai ter que provar e, ainda assim, as pessoas vão julgar. Não tenho essa coragem de apontar o dedo.

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Pensei em parar com o esporte algumas vezes. Uma das vezes, falei pra minha mãe que eu ia parar. Ela que, no início, não queria que eu praticasse um esporte considerado masculino, agora não queria me deixar largar. Meu comportamento melhorou com a luta. Minha mãe não queria que eu perdesse tudo que eu vinha aprendendo com o esporte.

Mas eu sou rebelde, fiz um piercing no umbigo escondido pra não poder treinar: "Agora vai ter que ficar cicatrizando". Eu era muito assim.

Não me arrependo de tudo o que vivi e pelo que passei. Se tivesse alguém para mostrar o caminho, eu faria diferente. Agora, tenho que pegar o que aconteceu e fazer algo de bom.

Se você leu até aqui, deve estar com a impressão que tudo é desgraça. Não é. Muita gente me passou coisas boas. Um deles foi o Joanilson Rodrigues, meu primeiro técnico de luta olímpica. O quanto eu amo esse cara não dá pra explicar. Ele nunca passou do limite. Nunca olhou e não fez brincadeiras que pudessem significar duas coisas.

Eu o conheci quando fui treinar judô no Centro Olímpico. O Joanilson sempre me incentivou a mudar pra luta olímpica. Quem é que praticava isso? Mas um dia ele me convenceu a participar de um campeonato brasileiro. Falou que a regra era parecida, que era judô sem quimono. Eu fui campeã e mudei o jeito de pensar.

Em 2003, me mandaram para o Campeonato Mundial em Nova York. Eu nunca tinha imaginado viajar para fora do Brasil como atleta. E eu lá, lutando no Madison Square Garden. Das lutas eu não lembro muito, porque apanhei horrores. Mas fiquei deslumbrada. Voltei para o Brasil e nunca mais fiz judô. A luta olímpica pode não ser conhecida no Brasil, mas lá fora é grande.

Em 2006, fui a primeira medalhista mundial júnior do Brasil. Pensei que minha carreira deslancharia. Mas um dia, comecei a sentir dores na coluna. Sentia uma fisgada e não conseguia andar direito. Era uma protusão na coluna, um princípio de hérnia e na época eu não tinha muita ajuda. Tentei RPG, hidroterapia. Nenhuma terapia me resolvia, treinava a base de remédios.

Não sabia mais caminhar sem dor. Fui do céu ao inferno. No ano seguinte à medalha do mundial, eu perdi a seletiva pros Jogos Panamericanos do Rio pra Rosangela Conceição, que é uma grande atleta. Num ano, eu era a melhor. No outro, não era ninguém. Não tinha mais onde treinar, não tinha mais nada.

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Até que surgiu um convite pra eu treinar em Curitiba e eu só fui, porque me ofereceram também bolsa de estudos. Conhecimento ninguém me tira. Cheguei já estudando, mas o projeto não deu muito certo. Pedi pra sair por uma série de coisas, incluindo assédios que aconteceram dentro do projeto.

Eu ganhava R$ 800 e sem o contrato não tinha mais nada. Morava numa casa alugada. A geladeira e o fogão, que tinham me emprestado, foram levados embora quando rompi com o projeto. Não tinha mais dinheiro pra pagar aluguel, para a cama que eu tinha parcelado e nem pra comer.

Quando eu me dei conta, estava trabalhando de segurança numa balada de quinta a sábado. Passava a noite inteira em pé pra ganhar R$ 40. R$ 5 iam para a condução. Eu ia direto pra faculdade, depois treinava um pouco de jiu-jitsu. Essa era a minha rotina. Para conseguir mais dinheiro pra pagar aluguel e as contas, vendia sanduíche e alfajor na faculdade. Aos domingos, quando tinha corrida de rua na cidade, eu ia entregar água. Uma amiga minha me deu um micro-ondas e era só assim que conseguia cozinhar. Eu só comia pão. Fiquei com anemia.

Minha mãe não sabia de nada. Eu falava que estava tudo bem. Tinha medo que ela tentasse me mandar dinheiro, porque eu sabia que tinha que lidar com as minhas escolhas. Não queria voltar para São Paulo por causa da faculdade. Só queria ir embora depois de concluir os estudos. Eu cheguei a ser campeã mundial de jiu-jitsu na faixa azul no meu peso e no absoluto.

E a luta olímpica? Cheguei a participar da seletiva para a Olimpíada de Pequim, mas perdi. Pra mim, o sonho olímpico tinha morrido. Acreditava que não voltaria a ser mais a atleta medalhista mundial. Estava amargurada e chateada com o esporte.

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As coisas foram mudando. Em 2009, o Sesi estava com um projeto de luta olímpica e lembraram de mim. A minha prioridade ainda era estudar, eu pedi a bolsa de estudos, eles conseguiram, então eu fui. Mas troquei de curso: de educação física para estética. Em 2011 me formei em estética e depois completei educação física.

Neste período no Sesi, nos estudos, foi tudo bem. Mas na luta olímpica enfrentei dificuldade no treinamento. Não aguentava treinar forte, estava muito magra e com o percentual de gordura altíssimo. Apanhava de todo mundo. Queria aquilo e não estava dando conta. Ficava estressada e brigava com todo mundo. Eu era a louca. Num teste do COB (Comitê Olímpico do Brasil) no Rio, descobriram que eu estava com hipertireoidismo.

Quando comecei a tomar o remédio, voltei ao normal. De 70kg, fui pra 78kg. Estava bem, mas o peso máximo da categoria feminina era 72kg. Eu tinha que desidratar para chegar ao peso. Nessas horas, você faz o que tiver que fazer. Porque no dia da pesagem, se você tiver 50 gramas acima, você não luta.

Então, pra dar o peso certo, a semana da competição é a mais intensa de treinos. Na véspera da pesagem, se você ainda estiver acima, essas últimas 48 horas ficam surreais. Você sente o cheiro da água, coloca a água na boca, bochecha e cospe, porque você não pode engolir. Treina encapada, coloca saco plástico (aqueles de lixo) pra transpirar mais, não come e não bebe nada. Só para quando der o peso. Às vezes, durante o processo, eu sinto que vou desmaiar, não aguento andar sozinha, não aguento o meu corpo.

Pra homens, a maior categoria era até 130 kg. Toda vez que eu questionava o motivo para isso, ouvia que era feio mulher gorda lutando. É uma das provas de machismo no meu esporte. Eu não estou ali pra ser bonita, eu estou ali pra ser forte.

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Quando as coisas mudaram e a categoria mais pesada passou a ser 76 kg, fez a toda diferença. Eu perdia só 4 kg, não desidratava. Minha compulsão alimentar era menor. Meu peso começou a ficar mais baixo e eu acabei ficando mais forte.

O melhor ano da minha carreira foi 2014. Fui prata no Campeonato Mundial adulto. Quando subi ao pódio, lembrei de todas as vezes em que não desisti, mesmo tendo todos os motivos do mundo para isso. A gente tem que fazer a nossa parte. Lá se vão 14 anos da primeira conquista. Até hoje, eu sou a única brasileira com medalhas em mundiais.

E o sonho olímpico renasceu das cinzas. Na Olimpíada de 2016, a medalha não veio, mas valeu a pena cada segundo. Tanto que enfrentei mais um ciclo olímpico de muita superação. Tive trombose, rompi vários ligamentos do joelho, passei um ano e meio sem competir, meu casamento chegou ao fim, mas isso é história pra outro momento. Porque estou garantida em mais uma Olimpíada, a de Tóquio.

Quem me conhece hoje não imagina como eu fui terrível. Estou mais madura, experiente e quero ajudar a mudar a vida de outros. Cuidar de meninas, como eu queria, que tivessem cuidado de mim. Por isso, criei em 2018 o projeto "Mempodera". Trabalhamos com meninas a partir de 6 anos que fazem luta olímpica, inglês e aulas sobre questões da vida (abuso, preconceito, politica, economia). É obrigatório fazer os três. As aulas sobre questões da vida são para as mais velhas, de 11 a 15 anos.

No começo, as pessoas não conseguiam enxergar a mesma coisa que eu, não queriam que as meninas fizessem luta. "Não dá pra fazer só inglês?" "Vai ter menino fazendo com ela?" "Eu sei que pode ter maldade". Depois, vieram os elogios. Os pais viram que as meninas mudaram de comportamento e se transformaram em um time. A luta olímpica tem mudado a vida dessas meninas assim como mudou a minha.

Eu sou quem sou por causa do esporte. E vai muito além de ganhar. Eu tenho muito orgulho do que eu me tornei. E do que tenho feito. O projeto faz diferença. #Mempodera. Siga nas redes @mempodera.

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Minha História

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, originalmente marados para agosto de 2020, foram adiados para o ano que vem. Com todo o mundo impedido de sair de casa, os atletas tiveram de parar, pensar e traçar planos para recomeçar. Para marcar essa etapa, o projeto Minha História, do UOL Esporte, em que grandes nomes do esporte nacional contam, em suas palavras, o que viveram para chegar ao topo, vai levar até você relatos dos grandes nomes do esporte brasileiro que devem brilhar no Japão.

A primeira edição teve o campeão olímpico do salto com vara de 2016 Thiago Braz, que fez um relato sincero sobre relacionamentos, como o que está reconstruindo com seus pais, e amizades, como as com o saltador Augusto Dutra, o treinador Elson Miranda e o fisioterapeuta Damiano Viscusi, que morreu em 2017.

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Ricardo Borges/UOL

Silvana

Campeã mundial de surfe lembra como a infância em uma barraca de praia a levou para sua primeira Olimpíada.

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Tinha 19 anos quando mandei essa mensagem para o celular do Michel Conceição... "Eu acho que sou gay."

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Marcus Steinmeyer/UOL

Ingrid

"Você é a Ingrid?". Eu já imagino a pessoa lendo aquelas matérias falando de mim: maratona de sexo selvagem, orgia, polêmica.

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Marcus Steinmeyer/UOL

Angélica

Meu corpo começou a criar tolerância ao laxante. Uma época precisava tomar duas cartelas para fazer efeito.

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