Chovia muito na areia da praia de Copacabana quando a bola deslizou no punho do jogador italiano, o árbitro apitou o fim do jogo, e o nosso mundo, meu e do meu parceiro Bruno Schmidt, virou de ponta-cabeça.
Quando eu percebi que a batalha tinha acabado, eu me entreguei completamente e me deixei levar pela indescritível sensação de ser campeão olímpico pela primeira vez. Se o arbítro tivesse mandado voltar aquele ponto, se ele tivesse invertido a marcação e o jogo permanecesse em aberto, eu não teria nenhuma condição de seguir jogando. Eu estava acabado. Mas o erro do italiano foi confirmado, 21 a 17 pra gente: a medalha da Rio-2016 era nossa.
Eu corri de braços abertos contra a chuva e o vento frio da madrugada e me joguei no meio dos trinta amigos e parentes que saíram do Espírito Santo só para me ver chegar ao ponto mais alto do pódio olímpico. Eu abracei, eu fui abraçado, eu beijei minha namorada, que se tornaria a minha esposa, e perdi a noção do tempo, e a realidade pareceu uma cena de ficção.
Mas eu não pude abraçar uma pessoa. Uma pessoa que foi uma das maiores responsáveis por me permitir chegar ali.