Após a eliminação da Copa do Mundo, diante da Bélgica, Tite passou a ter o trabalho questionado por parte de torcida e imprensa. Mais alguns tropeços em amistosos e alguns já cogitam a troca de treinador. Ainda mais com o sucesso de Jorge Jesus no Flamengo, apontado por muitos como um possível sucessor. Américo Faria não é um deles.
"Tem espaço pra todo mundo. Vamos supor: se o Jorge Jesus viesse pro Vasco, pro Botafogo, acho que ia ter alguma diferença. O Otto Glória falava que você não faz omelete sem ovos. É um treinador que tá se mostrando positivo, um treinador preparado, mas que teve elenco, teve jogadores pra fazer com que esse preparo, essa experiência, pudesse evoluir dentro de campo".
"Eu sou totalmente favorável a que se dê chance a cada um. Cada um vai mostrar o seu trabalho. Agora, vai mostrar o trabalho de acordo com aquilo que tem. Dizer que o Brasil não tem atletas à altura, não iria tão longe. Mas tem que ter atletas que estejam imbuídos de seleção brasileira, achando, antes de qualquer coisa, que a estrela é a seleção. A partir daí, aqueles que os recebem pra trabalhar vão poder executar um bom trabalho", completou.
Américo Faria não fala com todas as letras, mas sugere que a forma de Jesus trabalhar, com bastante cobrança, poderia encontrar certo tipo de resistência com alguns jogadores da seleção. "O treinador tem que ser, realmente, um bom gestor porque ele tem que conversar olho no olho com o atleta. Olho no olho pra ter convicção, ter certeza de que, realmente, ele tá com ele. Vamos ganhar juntos, vamos perder juntos. Se não acontecer isso, não tá legal", afirmou.
E é justamente nesse sentido que Américo Faria entende que Tite ainda tem bastante lenha para queimar com a seleção brasileira. "Tite foi um treinador, realmente, que se preparou pra ser treinador da seleção brasileira. Trabalho de seleção é diferente, completamente, do trabalho de treinador de clube. No clube, é muito mais fácil. Você tem o jogador todo o dia, ali, pra você fazer, pra dar uma sequência. Na seleção, pra você formar um time, tem que criar um consenso não só pra você, mas também pra ter um ambiente positivo. Aí, passam dois meses até outra convocação. Não é fácil".
A única mudança que o ex-coordenador faria seria colocar alguém acima de Tite que assumisse problemas de bastidores para que o treinador não acumulasse funções. Alguém que o blindasse. "Treinador precisa de ajuda para lidar com os problemas numa Copa do Mundo. Os componentes da comissão técnica têm que aliviar o treinador. Volto a te dizer, na seleção brasileira a cabeça do treinador é um trevo. O treinador é a figura mais solitária que tem numa Copa do Mundo. Não é fácil".