O músico Varg Vikernes é uma pessoa que odeia. Ex-vocalista da conhecida banda de black metal Burzum, o norueguês nutre ódio a tudo que é diferente de si. Ele odeia o que não seja europeu e odeia ainda mais a miscigenação, a mistura dos povos.
Quando, em agosto do ano passado, ele foi ao Twitter elencar os países que mais odeia e acrescentou à lista o Brasil, chamando os brasileiros de "Untermensch" (palavra usada pelos nazistas para designar os "povos inferiores"), o gerente de projetos paulista André Honorato resolveu contra-atacar. E encheu o perfil de Varg de fotos do ex-jogador Vampeta pelado.
Ele não foi o único. Naquele dia, os brasileiros mandaram tantas fotos do ensaio de Vampeta na "G Magazine" que Varg, inundado por uma nudez não solicitada, precisou fechar seu perfil. Foi mais uma edição do protesto virtual batizado de "vampetaço".
O vampetaço é uma espécie de cancelamento. Sempre que alguma figura pública faz ou diz algo que desagrade a massa, ela pode ser vítima do vampetaço. O Twitter, com sua tolerância à nudez, é a rede social preferencial dos manifestantes.
Já aconteceu com participantes do Big Brother Brasil e com um deputado bolsonarista. Trata-se da ressignificação de um ensaio de 1999, no qual o então volante do Corinthians exibiu sua masculinidade de uma maneira que nunca havia acontecido antes.
O UOL Esporte relembra os bastidores daquele ensaio e mostra como, 22 anos depois, aquelas fotos estão sendo usadas como uma forma de protesto nas redes sociais. E discute o que o fenômeno do vampetaço pode nos ensinar sobre o racismo e o antirracismo no Brasil.